Julho 2011
A Videoteca Bodyspace foi a Barcelos
· POR André Gomes · 28 Jul 2011 · 21:59 ·
Foi um fim-de-semana cansativo, trabalhoso, mas bonito. A Videoteca Bodyspace invadiu a cidade de Barcelos e o Milhões de Festa e foi bonito levar o Filho da Mãe às ruínas, inventar uma espécie de praia urbana com os Glockenwise numa das praças ajardinadas mais bonitas da cidade, ver as Pega Monstro lutar contra o sol em defesa do direito ao lo-fi, conduzir os Tigrala do recinto do festival até ao Rio num trajecto feito continuamente de música (viva os amplificadores Fender a pilhas) e passar com os Dear Telephone para a outra margem para os ver desconstruir a sua pop elegante em cima de umas rochas com acesso a uma paisagem privilegiada. O resultado de tudo isto será mostrado muito em breve no site da Videoteca Bodyspace. Para o ano quem sabe se não voltaremos a invadir as ruas de Barcelos mais ou menos pela mesma altura.


Tigrala © André Gomes



Dear Telephone © André Gomes



Glockenwise © Angela Costa



Pega Monstro © André Gomes

Amy Winehouse (1983–2011)
Crónica de Uma Vida Cancelada
· POR Hugo Rocha Pereira · 28 Jul 2011 · 10:33 ·


Não posso dizer que tenha ficado muito surpreendido quando, no passado Sábado, recebi uma mensagem a dizer que Amy Winehouse falecera. E boa parte das pessoas também não deve ter reagido com grande espanto à morte da cantora britânica. Consta mesmo que o seu pai, Mitchell, já redigira o discurso para o funeral há cerca de quatro anos.

Digressões canceladas (incluindo a que a traria ao Festival Sudoeste, no início do próximo mês), consequência de adições não resolvidas, e sem lançar nenhum álbum há quase cinco anos, a vida de Amy tornara-se um folhetim para encher revistas de mexericos. Desacatos conjugais e algumas detenções, entre várias tentativas de cura e recaídas, intercaladas por concertos intermitentes, muitos deles espectáculos tragicómicos, em que aparecia de voz e figura consumidas, como que um fantasma da imagem e voz que a deram a conhecer ao público. A decadência vinha-se acentuando com as luzes da ribalta, focos talvez demasiado fortes para alguém que soube fazer das fraquezas forças no álbum-catarse Back to Black (o maior legado que deixa), mas que nunca conseguiu lidar com a pressão da fama nem ultrapassar os vícios que a viriam a destruir – embora tenha passado por várias clínicas da especialidade, a letra de “Rehab” («i said no, no, no») falou sempre mais alto.

A indústria musical e os media, sempre sedentos de construir mitos, têm apontado ao exclusivo clube de Hendrix, Morrison, Joplin ou Cobain. É bem sabido que a morte prematura ajuda às vendas, mas se Winehouse não foi uma fraude (era autêntica, tinha alma e talento), paradoxalmente a sua figura apenas se tornará mítica por artes mágicas de marketing. É certo que viveu no fio da navalha, como as velhas glórias do rock, mas falta-lhe algo para se juntar à elite: inovação. As suas canções têm méritos, mas a curta discografia não fez avançar a História da Música; antes recuperou para as gerações actuais referências e imaginários de épocas passadas, do soul e jazz à pop dos anos 60.

Ainda assim, e parafraseando Neil Young, «it´s better to burn out than to fade away / Amy is gone but she´s not forgotten». Paz à sua alma.
Sérgio Godinho tem novo disco e convidados inesperados
· POR André Gomes · 27 Jul 2011 · 17:31 ·
O novo disco de Sérgio Godinho chama-se Mútuo Consentimento, sai a 12 de Setembro e chega cinco anos depois de Ligação Directa. São ao todo 11 novas canções gravadas em Março e Abril deste ano que trazem alguns convidados inesperados: Bernardo Sassetti, Noiserv, Francisca Cortesão (aka Minta), o percussionista António Serginho (Foge Foge Bandido) e a Roda de Choro de Lisboa. Isto para além de Hélder Gonçalves, membro dos Clã, com quem tem vindo a colaborar regularmente. A produção e direcção musical esteve a cargo do “assessor” Nuno Rafael. A agenda de concertos de apresentação do novo disco será apresentada em breve.

Recordar:

BODYSPACE AU LAIT de Julho com Nuno Prata, dia 31 de Julho, sítio do costume, 19 horas, entrada livre
· POR André Gomes · 27 Jul 2011 · 01:15 ·


Com Todos os Dias Fossem Estes/Outros (editado em 2006) e mais recentemente Deve Haver, Nuno Prata provou não só que havia vida para além dos Ornatos Violeta como ainda se provou a si mesmo como um dos mais entusiasmantes e talentosos novos escritores de canções da actualidade. Fê-lo com o swing da sua guitarra e com o ritmo que imprime nas suas palavras em canções que concretizam em todas as ocasiões um riquíssimo imaginário que é permite e promove um espaço interminável para o sonho. Num domingo que promete muitas surpresas, ainda que não haja notícias de um novo disco a ser editado, Nuno Prata apresentará algumas novas canções que tem vindo a escrever ao ritmo próprio da sua criação e da maturação que quer para o seu repertório. Uma oportunidade para vê-lo fazer um balanço do que está entregue ao passado e o que lhe reserva o futuro próximo. Já cheira a férias: que melhor forma de entrar oficialmente nelas do que esta?
A melhor banda do mundo vai ao CCB
· POR Nuno Catarino · 25 Jul 2011 · 10:37 ·
É sempre uma questão discutível e sobre a qual dificilmente se chegará a um consenso universal, mas os Animal Collective serão provavelmente a banda pop/whatever mais importante e influente da década '00. Da experimentação tribal encontraram a luz da pop perfeita e nos nossos tops Bodyspace os "AnCo" ganharam a votação de melhor disco do ano por três vezes ao longo de uma década: Sung Tongs em 2004, Feels em 2005, Merriweather Post Pavilion em 2009 (escolher qual o melhor dos discos da banda seria outra discussão infinita). Esta banda, que será provavelmente a melhor do mundo, vai tocar no CCB já esta segunda-feira, dia 25, no grande auditório. E isso, naturalmente, é imperdível. Na primeira parte tocam os portugueses Aquaparque e a festa começa às 21h00.

Sofrito: “Documento de suporte”
· POR Rafael Santos · 21 Jul 2011 · 00:44 ·

Não é só o Ministro das Finanças que pede aos jornalistas para procurarem nos documentos auxiliares ou “de suporte” a complementaridade para a informação vinculada no documento principal. Inspirado pelo lado académico do senhor doutor, professor (ou lá o que seja) Vítor Gaspar, o Bodyspace apresenta este vídeo como adenda onde os testemunhos do colectivo Sofrito servem de complemento à crítica. Assim se instigam os leitores desta casa que se interessaram pelos propósitos por detrás de tão singular antologia de remotos clássicos (e dos eventos únicos que inspiraram a sua colecção), a indagarem em nome da insaciável vontade de querer saber mais sobre o planeta (musical) onde vivem.



Já agora escute-se qualquer coisa, por exemplo esta pérola de 1978, produzida na “enorme”, paradisíaca (no Google assim parece) e distante ilha de Trinidade: Mighty Shadow “Dat Soca Boat”

Milhões de Videoteca em Barcelos
· POR André Gomes · 18 Jul 2011 · 21:35 ·


A Videoteca Bodyspace é um convite para que bandas e artistas possam sair do seu habitat natural e invadam o espaço público, locais inusitados e inesperados, para que se inspirem no que existe para além dos palcos, das salas de ensaios, do quarto, do conforto que escolheram para a criação. No próximo fim-de-semama, em colaboração com o festival Milhões de Festa, o Bodyspace, a mais antiga webzine de música em Portugal, propõe-se a encher a cidade de Barcelos de música, as suas praças, os seus locais históricos, as suas ruas, numa lógica de ocupação de espaços urbanos que vem a ser prática em algumas das mais dinâmicas cidades europeias.

Num percurso a escolher por entre os locais mais emblemáticos da cidade de Barcelos, o Bodyspace dispõe-se também a registar esses momentos, esses happenings, esses seis mini-concertos, e publicá-los posteriormente em seis episódios da Videoteca Bodyspace. De braço dado com o Milhões de Festa, a Videoteca Bodyspace propõe-se sobretudo a ser uma espécie de extensão do festival para fora do seu recinto e encher Barcelos de música de uma forma criativa e inesperada.

Estes é o mapa dos happening já confirmados (e a confirmar):

22 Jul

16h – A confirmar
Coreto do Campo 5 de Outubro

18h – Filho da Mãe
Ruinas


23 Jul

16h – A confirmar
Jardim das Barrocas

18h – Pega Monstro
Largo do Apoio

24 Jul

16h - Tigrala
Margem do Rio (Azenha)

18h – A confirmar
Palco do Festival do Rio
Eu vou a um Festival
· POR Paulo Cecílio · 18 Jul 2011 · 21:34 ·


É agora. Não há volta a dar-lhe. Faltam uns dias. Uns meros dias. Umas quantas horas, uns muitos minutos, e assim sucessivamente. E custa. A ansiedade custa. Não só: dói. Há um ano, quando fomos sem quaisquer expectativas para Barcelos à espera de ver bons concertos - e apenas isso - dos Fall e dos Electric Wizard, não poderíamos pensar que os concertos até eram o menos. E poder-se-à argumentar que isso acontece em todos os festivais, que o ambiente é que interessa e essas merdas todas; mas o que nos outros é mera jogada de marketing e frases ditas da boca para fora por putos imberbes, aqui é real. Isto não é um festival de verão parvo. Isto é o Milhões de Festa. E vai voltar na sexta. Se o cartaz interessa? Claro: Electrelane, Liars, Zu, Vivian Girls, Radio Moscow, Antipop Consortium, Bob Log III, etc., etc.. Mas o que queremos mesmo ter é aquilo que tivemos no ano passado: uma experiência tão life-changing que sentimos que o nosso propósito na vida é estar ali ano após ano e a família e o trabalho e os bens materiais que se lixem. Estranha situação esta, em que um ateu se vê ansioso por partir em peregrinação. Está quase. Está quase. Mateus, capítulo seis, versículo nove: Fua nosso que estais no céu...
My Hausu is in order
· POR Paulo Cecílio · 18 Jul 2011 · 21:31 ·


São um quarteto de Portland, mas podiam muito bem sê-lo de Manchester. Os Hausu resgatam ideias à jangle pop dos anos 80 e 90 e fazem canções onde a melodia e as guitarras são quem mais ordena; e preparam-se também para lançar um 7'' na Lebensstrasse, que é o motivo pelo qual estamos a falar deles. Isso e porque achamos que o merecem. Nessa coisinha chamada vinil vão estar "She's a Babe" e "Weaving Spiders", temas que podem espreitar igualmente no Bandcamp dos moços. Vá lá, é só um clique.
Músicas para todo o Mundo
· POR Hugo Rocha Pereira · 17 Jul 2011 · 14:08 ·


Na próxima sexta-feira começa mais uma edição do Festival Músicas do Mundo, em Sines. Entre os dias 22 e 30 de Julho, o Castelo e a Avenida Vasco da Gama vão ser palco de dezenas de concertos – além de outras iniciativas – que mostram por que esta localidade alentejana é uma referência para os amantes de world music. Música tradicional dos quatro cantos do globo, afrobeat, jazz, projectos de fusão e vanguarda, num festival que se distingue da generalidade de eventos do género que inundam Portugal durante o Verão. A variedade e qualidade é tanta que o melhor é deixar o link para o cartaz do FMM. Ainda assim, avançamos com alguns destaques:

22 de Julho: o fadista António Zambujo abre o festival, dia em que o senegalês Cheikh Lô e os norte-americanos Secret Chiefs 3 (formados por membros de Mr. Bungle) também sobem ao Castelo;

23 de Julho: neste dia Portugal está representado pelo guitarrista António Chainho, que apresenta Lisgoa na terra onde nasceu Vasco da Gama. A não perder, também, Congotronics vs. Rockers: "dez músicos originários dos grupos da série Congotronics dialogam em palco com dez músicos da cena rock alternativa";

24 de Julho: a brasileira Luísa Maita e o ganês Ebo Taylor (acompanhado pela Afrobeat Academy) prometem fechar o primeiro fim-de-semana de concertos com ritmos quentes;

27 de Julho: do experimentalismo dos portugueses Mikado Lab à fusão criada por Blitz the Ambassador (hip hop com afrobeat e jazz), passando pela multi-instrumentista galega Mercedes Peón, numa rota que inclui ainda três outras paragens musicais;

28 de Julho: no Castelo, a soul da sul-africana Nomfusi antecede o encontro entre a slide guitar de Vishwa Mohan Bhatt e o grupo cigano The Divana Ensemble; a noite termina com jazz na Av. Vasco da Gama – Tuba Project, com a participação de Bob Stewart;

29 de Julho: a fusão de rock e música árabe dos Dissidenten e dois projectos portugueses bem distintos. A big band L.U.M.E. passeia-se entre o jazz, o rock e a música erudita; já os açorianos O Experimentar Na M’Incomoda dedicam-se a reinventar a música tradicional do arquipélago encantado;

30 de Julho: no encerramento do FMM vão estar os imperdíveis Sly & Robbie, acompanhados por Junior Reid. Mas, além da dupla rítmica mais importante da história da música jamaicana, há outro nome ilustre – Mário Lúcio, fundador dos Simentera e actual Ministro da Cultura de Cabo Verde. A festa desagua na Avenida, com os Kumpania Algazarra.
Há uma nova editora a nascer
· POR Paulo Cecílio · 13 Jul 2011 · 21:59 ·


É um claro sinal da vitalidade que a música portuguesa atravessa desde há uns anos para cá: a Chifre foi concebida na Primavera de 2010, mas dará o seu primeiro sinal de vida no dia 22 de Julho, com festa marcada para o Musicbox, em Lisboa. Para além dos músicos que para já a compõem - Diego Armés, David Pires, Capitão Fausto e A Armada - irão igualmente estar presentes quatro DJs em jeito de battle, dois do lado da editora, dois do lado da Radar, que desde logo coloca o seu selo de qualidade neste novo projecto. A entrada custa 8€ e está à venda através do site da Blueticket. A parte que mais nos interessa, claro, é a dos discos, não fôssemos nós fanáticos; mas a Chifre edita igualmente livros, filmes e outros modos de fazer arte; como os próprios dizem, «coisas boas feitas por portugueses e apaixonados por Portugal». Quem estiver curioso ou não estiver em retiro religioso nessa sexta, que não falte.
Deixai passar o Carro de Fogo
· POR Nuno Catarino · 12 Jul 2011 · 00:32 ·

© DR

Aquele magnífico Turbina Anthem, do duo Sei Miguel e Pedro Gomes, ainda anda a rodar obsessivamente nos nossos leitores, mas o trompetista e compositor já se encontra concentrado num outro projecto. O Carro de Fogo de Sei Miguel é um ensemble de média/grande dimensão onde a electricidade tem um papel preponderante, onde a massa electrificada entra em confronto com a dimensão acústica, onde o trompete de Sei tem sempre espaço. A acompanhar o líder Sei Miguel (trompete, escrita e direcção) encontram-se Pedro Gomes (guitarra), Rafael Toral (oscilador), André Gonçalves (sintetizador), John Klima (baixo), César Burago (percussão) e Luís Desirat (bateria). O grupo já passou pelo Serralves Em Festa e vai ter a sua estreia lisboeta na próxima quarta-feira, dia 13, no MusicBox. A entrada fica em 6 euros, uma pechincha para descobrirmos a que poderá soar o inferno.
A Fonte de Aretusa vai jorrar na ZDB
· POR Nuno Catarino · 12 Jul 2011 · 00:29 ·
David Maranha © Felisbela Fonseca

Tem por título A Fonte de Aretusa e é a primeira gravação do duo de David Maranha e Gabriel Ferrandini. Acabado de editar na novíssima label Mazagran, de Riccardo Dillon Wanke, este disco regista a actuação que o inusitado duo de órgão e bateria realizou na ZDB, em Novembro do ano passado. Agora o duo regressa ao local do crime, tendo o disco novo como justificação, mas num contexto subtilmente diferente: desta vez Maranha e Ferrandini contam com a colaboração adicional do contrabaixo eléctrico de Margarida Garcia. O trio encontra-se a preparar o sucessor do disco de estreia, que será editado pela lituana NoBusiness Records, a casa que já este ano editou Turbina Anthem do duo Sei Miguel/Pedro Gomes e Empire do RED Trio com John Butcher. Maranha, Ferrandini e Garcia actuam na Galeria ZDB na próxima quinta-feira, dia 14, e a entrada vale seis euros. No dia do concerto será também exibido o documentário The Ballad of Genesis and Lady Jaye, filme de Marie Losier que venceu o grande prémio do IndieLisboa 2011.
Ben Chasny (Six Organs of Admittance) "excitado" com reedições de Carlos Paredes pela Drag City
· POR Pedro Rios · 12 Jul 2011 · 00:23 ·


Em 2005, falando acerca de Carlos Paredes, que tinha acabado de descobrir, Ben Chasny (Six Organs of Admittance) dizia-nos: "Acho que devia ser conhecido no mundo inteiro. Toda a gente que fala de Fahey devia começar a falar de Paredes também". A descoberta foi tão marcante que Chasny dedicou a Paredes a faixa "Lisboa" e o espantoso disco "School of the Flower" (2005).

Fast forward para 2011 e eis a notícia: a Drag City vai reeditar, em Novembro, "Guitarra Portuguesa" e "Movimento Perpétuo" de Carlos Paredes.

A paixão de Chasny pelo génio português foi fundamental para pôr Dan Koretzi, um dos directores da Drag City, atento. Ao Bodyspace, Chasny é modesto e diz que teve um "papel bastante mínimo" em todo o processo.

"Há uns anos, a Drag City contratou Fred Somsen, um lisboeta, e ele está a trabalhar imenso há anos para garantir os direitos desses discos. Eu limitei-me a dizer à Drag City, há alguns anos, que, se eles estivessem à procura de um guitarrista incrível, não podiam arranjar melhor do que paredes", conta.

"Estou muito excitado que mais pessoas no mundo possam admirar a sua obra. É claro que devo o meu conhecimento em Paredes aos meus amigos em Lisboa", acrescenta Chasny, que continua maravilhado com o "equilíbrio perfeito" que existe na música do português: "Paredes tinha uma combinação invulgar de paixão e calma. As suas melodias vão directas ao coração, mas nunca recorrem a falso sentimentalismo. Há poder ali, mas também um toque realmente humano".
Descansa em paz, Jorge
· POR Nuno Catarino · 10 Jul 2011 · 04:25 ·
© Nuno Martins

Morreu Jorge Lima Barreto. Musicólogo, músico, performer, activista, provocador, pioneiro da vanguarda, Barreto promoveu as músicas avançadas em Portugal desde 1967. Na qualidade de músico fundou em 1972 a Anar Band, projecto partilhado com Rui Reininho, e a partir de 1982 desenvolveu um percurso ímpar com o projecto Telectu, ao lado de Vítor Rua. Os Telectu transformaram-se na grande referência da música experimental portuguesa, ao trabalhar a improvisação e ao combinar princípios do jazz, experimentação e electrónica. Barreto desenvolveu ainda trabalhos a solo e em colaboração com músicos como Saheb Sarbib (Encounters, 1977) e Carlos Zíngaro (Kits de 1992 e Kits 2 de 2008). Mais recentemente Jorge Lima Barreto encontrava-se a trabalhar no projecto Zul Zelub, em parceria com Jonas Runa (tive o prazer de escrever a folha de sala para o seu concerto na Culturgest, no final do ano passado). Em paralelo com a actividade musical, Barreto desenvolveu uma intensa actividade não-performativa, especificamente no campo da musicologia. Fundou com Carlos Zíngaro a Associação de Música Conceptual (1973) e editou uma vastíssima bibliografia abordando uma lata diversidade de campos musicais: Revolução do Jazz (1972), Jazz-Off (1973), Rock Trip (1974), Rock & Droga (1982), Música Minimal Repetitiva (1990), JazzArte (1994), Música e Mass Media (1996), Musa Lusa (1997), b-boy (1998) e Zapp (2000), entre outros. Teve um percurso único, desbravou caminhos, foi precursor daquilo que hoje se poderá considerar a música de vanguarda em Portugal. No último email que trocámos, no início deste ano, despediu-se com "um fortíssimo abraço". Agora é minha vez de lhe retribuir: obrigado por teres acordado Portugal, obrigado pela obra imensa, obrigado pelas frequentes palavras de incentivo. Um fortíssimo abraço, Jorge.
Quinteto The Tuba Project estreia-se em Portugal
· POR Nuno Catarino · 08 Jul 2011 · 18:31 ·
É um originalíssimo grupo que combina no seu som diversas correntes do jazz e vai estrear-se em Portugal. O quinteto The Tuba Project foi fundado em Nova Iorque há uma década atrás, pelo pianista romeno Lucian Ban e o saxofonista americano Alex Harding, e tem como estrela da companhia o virtuoso tubista Bob Stewart. O grupo apresenta-se no nosso país em dois concertos; no Festival Músicas do Mundo de Sines a 28 de Julho e no Museu do Oriente, a dia 29 de Julho. Estes concertos surgem da iniciativa do Instituto Cultural Romeno, no âmbito da quarta Temporada Musical Romena em Portugal, que tem apresentado vultos da cultura romena em território luso. Aqui fica uma amostra deste projecto, com a tuba de Bob Stewart em especial evidência.

Six Organs of Admittance de regresso a Lisboa
· POR Nuno Catarino · 08 Jul 2011 · 18:30 ·
O Teatro Maria Matos acaba de revelar a programação musical para a próxima temporada. O principal destaque será o regresso a Portugal do projecto Six Organs of Admittance - Ben Chasny a solo no dia 10 de Setembro. O outro grande destaque internacional do programa é o regresso dos A Hawk And A Hacksaw, projecto de Jeremy Barnes e Heather Trost. O duo irá musicar o filme As Sombras dos Antepassados Esquecidos, longa-metragem de 1965 de Sergei Paradjanov (data em Dezembro, a definir). O cartaz musical conta também com projectos nacionais: Joana Sá apresentará o seu disco Through this Looking-Glass, a 30 Setembro, apresentando ainda dois concertos para crianças nos dias 1 e 2 de Outubro; André Gonçalves, artista sonoro e multimédia, irá revelar duas peças em que o digital e a acústica se fundem, em data por definir (fiquem atentos ao site do MM). Aqui fica a belíssima homenagem de Ben Chasny à cidade onde irá regressar no início de Setembro.

O mundo de JP Simões e Afonso Pais vai morar no São Luiz
· POR Nuno Catarino · 07 Jul 2011 · 09:28 ·


É já esta sexta-feira, dia 8 de Julho, que o Teatro São Luiz em Lisboa acolhe a apresentação de Onde Mora o Mundo. Este é o muito esperado disco que resulta da parceria entre o songwriter JP Simões e o guitarrista Afonso Pais, músico com um valioso percurso no jazz. O duo vai apresentar ao vivo um conjunto de canções sobre amores infelizes, dúvidas existenciais, prestações do IKEA, humor desesperado e, claro, resquícios de esperança, envoltas num sofisticado embrulho instrumental (o disco conta com a participação de convidados ilustres vindos do universos jazz como Carlos Barretto, Alexandre Frazão, Tomás Pimentel ou o saaxofonista Perico Sambeat). Para quem tenha dúvidas, o título do disco simboliza, nas palavras de JP, «a relação de desejo da pessoa com o mundo: “onde está o amor?”, “onde está a felicidade?”, “onde mora o mundo?”». Não sabemos se irão encontrar as respostas, mas isso será o que menos interessa.
Noites de verão no Chiado
· POR Paulo Cecílio · 05 Jul 2011 · 21:27 ·


Foi tão bom no ano passado que este ano se irá repetir a dose: a Filho Único, a convite do Museu do Chiado, irá novamente organizar um ciclo de concertos neste espaço, todos eles com entrada gratuita, todos eles com nomes que se deve ver e ouvir pelo menos uma vez na vida, e todos eles ao final da tarde, a meio caminho entre a saída do trabalho (para a maior parte) ou a vinda da praia (para os sortudos) e a hora do jantar. Inicia-se já esta quinta-feira, com concerto de Norberto Lobo, ainda a apresentar as canções de Fala Mansa e no rescaldo do fabuloso momento que teve enquanto convidado dos PAUS na festa da ZdB há semana e meia - e, claro, igualmente no concerto em nome próprio. E aqui fica o programa completo: a 14 de Julho, o jazz de Rafael Toral com o Space Collective (Manuel Mota na guitarra eléctrica, Ricardo Dillon Wanke no piano eléctrico, Ruben Costa em sintetizador modular e Afonso Simões na bateria); a 21 de Julho, um dia antes de se apresentarem no Milhões de Festa, o rock dos turcos Hayvanlar Alemi; a 4 de Agosto, o estranho duo portuense de nome Calhau!; a 11 de Agosto, regresso ao jazz com os cada vez mais falados RED Trio; e finalmente, a 18, Sei Miguel e quarteto (Fala Mariam no trombone alto, Pedro Gomes na guitarra eléctrica e César Burago na percussão), a fechar com chave de ouro mais um ciclo no museu. Parafraseando uma pessoa bastante sábia, "se é grátis e vocês ficam em casa, não é a crise, é a má vontade".
Há dois mixes de Verão que tu estás a ignorar e não devias
· POR Rodrigo Nogueira · 05 Jul 2011 · 11:49 ·


Lembras-te do Verão de 2010? Não? Bem sei que foi há imenso tempo, mas faz um esforço, meu, e puxa pela cabeça, por favor. Sei perfeitamente que ainda guardas memórias daqueles tempos algures no fundo do teu coração. E parte da culpa de ainda teres resquícios dessa era longínqua dentro de ti é o facto de o DJ Jazzy Jeff ter ajudado a dar-lhes uma banda sonora perfeita. Não, não estou só a falar de "Summertime", a malha intemporal dele e do Fresh Prince que anima Verões desde 1991, uma altura em que o Will Smith ainda nem sequer sonhava com ter um six-pack no estômago, ser uma das maiores estrelas de cinema do mundo e matar extraterrestres, muito menos com ter uma filha de 11 anos com malhas incríveis e um filho que faz remakes do Karate Kid com o Jackie Chan. Estou a falar, claro, de Summertime, mixtape monstra do Jeff e do Mick Boogie que faz qualquer um querer fazer barbecues ao ar livre para sempre. Tudo ao som de gente maravilhosa como Kool & The Gang, Ice Cube, Jay-Z, Bobby McFerrin (a cantar Cream, um doce), LL Cool J, Dionne Warwick, Nu-Shooz, 2pac, Notorious B.I.G., Stevie Wonder e uma catrefada de outros nomes. Na sexta-feira saiu uma sequela que é tudo aquilo que tu esperavas e ainda mais. É mais foleira, é certo, mas quando "mais foleira" significa "tem Jagged Edge, R. Kelly, Steve Winwood e Spandau Ballet", isso é um elogio e não um insulto. Além deles, tem remisturas porreiras, incluindo uma nova versão de "Summertime", e gente como Gap Band, Redman & Method Man, De La Soul, Grand Puba, Jocelyn Brown, Pharcyde e Stan Getz, entre um porradão de outros nomes. Como todas as melhores mixtapes, tem malhas brutais que, mesmo que ainda não conheças, vais ficar a penitenciar-te durante anos e anos por te terem passado ao lado. Sim, é assim tão especial.



Mas não é só de barbecues em Philly que o Verão é feito. O Flying Lotus lançou ontem a parte dois de Lovers Melt, uma espécie de mixtape de meia hora que tinha aparecido em Maio no podcast da Stones Throw. É um épico de 330 megabytes, dura duas horas e meia e vem sem tracklist. Vou a meio e posso garantir que há malhas melosas no início, para fazeres amor ou cenas do género, com coisas como "Golden Lady" do Stevie Wonder e "What You Won't Do For Love" do Bobby Caldwell, rock psicadélico e cenas fora ("Sing Swan Song" dos Can), malhas brasileiras e, lá para o meio, muito disco ("Ring My Bell" da Anita Ward? Check). Vai lá para fora ouvir. Já. É uma ordem, mas é pelo teu próprio bem. Quando é que alguma vez te mentimos?
Tyler, the Creator lança mixtape para o verão
· POR Paulo Cecílio · 05 Jul 2011 · 00:58 ·


...e não é preciso dizer muito mais. O cabecilha dos Odd Future aproveitou os últimos tempos de invalidez (para quem *ainda* não sabe, partiu uma perna) para adoptar um novo heterónimo - DJ Stank Daddy - e lançar uma mixtape cheia de temas calmos e melódicos para disfrutar neste e deste verão. Por entre malhas de hip-hop, r&b e o ocasional rock ainda se ouve a voz do próprio a mostrar o seu amor pelos temas que escolheu, temas do qual é inclusive autor (não fosse "Analog" das melhores coisas que 2011 nos deu). Podem sacá-la directamente aqui.
O descanso dos guerreiros
· POR André Gomes · 04 Jul 2011 · 18:47 ·


Foram vinte dias consecutivos a viajar pela Europa em tour (bem-sucedida, pelo menos a julgar pelos comentários no Facebook), mas os Gala Drop ainda têm mais um espectáculo para dar: desta feita, o último da digressão, na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa. O mote continua a ser Overcoat Heat, o EP que no ano passado criou ondas ao mesmo tempo que dava vontade de ir apanhar ondas - e agora que chegou o verão, podemos finalmente realizar esse desejo. Mais logo, pelas 22h, e com bilhetes a 8€, há que dançar. Ninguém terá desculpa possível.
O presente do R&B
· POR Bruno Silva · 01 Jul 2011 · 19:17 ·


Já que se escreveu recentemente sobre "R&B" e aquilo que não será, de todo, o seu futuro (ver mais abaixo), aproveita-se para antecipar aquele que é um dos discos do género que mais entusiasmo tem gerado. "Naked" é a última de uma enxurrada de malhas que têm leakado periodicamente e que fazem prever óptimas coisas para King of Hearts (que ousa deixar de fora do alinhamento final malhas tão boas como a "Stay" ou "Private Dancer"). Ao contrário do que era referido um pouco por todo o lado, "Naked" não se trata de uma produção do Dr. Dre (nem a soava que a tal), mas sim do Polow da Don, que assina a maior parte do álbum. Se King of Hearts atingir as expectativas em seu redor poderá constituir o comeback do Polow, depois do caminho para a irrelevância que vinha a desbravar desde 2007. E um grande disco para o Lloyd, obviamente. A confirmar a 5 de Julho (se não aparecer pela rede, entretanto) :

Da mediania ao asco
· POR Bruno Silva · 01 Jul 2011 · 19:10 ·


Se, para tanta tinta escorrida (ou teclar deslumbrado/furioso) House of Balloons se tratava, assente que está a poeira, de um disco bem-comportado e meramente mediano, a verdade é que os piores receios sobre aquilo que o projecto canadiano poderia vir a fazer foram superados quando se chega a esta atrocidade que é "The Birds (Pt. 1)". Enquanto anteriormente a névoa que sustentava as produções conseguia conferir algum mood, que acabava por distrair do facto de não existir ali nenhuma canção, essa inanidade tornou-se agora clara. "The Birds (Pt. 1)" almeja o épico, como se fosse tal possível amontoando as maiores veleidades, para redundar num objecto balofo, construído em torno de uma tarola em marcha (que parece ser a solução para tudo, hoje em dia) como sustento para uma prestação vocal sofrível no seu jeito afectado de simular emoção, amealhando trejeitos pelo caminho sem uma única melodia minimamente interessante. Se não existisse "Get on the Floor" da J-Lo, seria a pior coisa que teria ouvido este ano. Não me fodam, o futuro do R&B?

A festa do Shangaan Electro
· POR Bruno Silva · 01 Jul 2011 · 19:07 ·


Como que a contrariar a ideia de um Domingo de ressaca bem fodida deitado no sofá, no próximo dia três o anfiteatro dos jardins da Gulbenkian será palco para um final de tarde que se prevê de celebração. Sobre o fervor dançável da Shangaan Electro já tínhamos sido peremptórios quando afirmámos que se tratava de um corpo de obra importantíssimo, cujo entusiasmo se revela sem parcimónia", mas este será o primeiro contacto in loco com este mini-fenómeno que saltou da província do Limpopo para o Youtube ao ritmo da suas danças frenéticas e profundamente divertidas. A dar a cara pela essencial compilação Shangaan Electro : New Wave Dance Music From South Africa da Honest Jon`s estarão Nozinja, os Tshetsha Boys e ainda DJ Spoko (nome fundamental na construção da identidade da música de dança sul-africana via kwaito. E co-responsável por este hino). Oportunidade de deixar o corpo ao abandono de uma das músicas mais urgentes a surgir no seio da África mais impoluta. A festa terá início às 19 horas e vale 10 euros (com entrada gratuita para crianças até aos oito anos). Como se pode ver abaixo, o chamamento é comunal :

Óptimo, vivo e recomenda-se
· POR Paulo Cecílio · 01 Jul 2011 · 19:05 ·


A seis dias do arranque do Optimus Alive, o festival que não obstante a sua ainda curta longevidade já alcançou uma notável projecção internacional, tendo recebido elogios de dentro do mundo da música e não só (como o atesta o destaque que a Easy Jet lhe fez numa sua publicação), urge analisar o cartaz para que não fique nada por lembrar; até porque o seu início é também o do verão musical no país e de um Julho impróprio para crises. Assim sendo, o Bodyspace aqui e agora humildemente ajudará os ainda indecisos (existirão?) a escolher por entre a muita e variada oferta do cartaz deste ano.

6 de Julho

Temia-se esgotado muito por culpa da popularidade que os Coldplay granjeiam no país, mas durante a última semana foram colocados mais 2000 bilhetes à venda para quem não quer perder por nada o regresso de Chris Martin y sus muchachos a Portugal. Na calha está um disco ainda sem nome - sabe-se apenas que sairá lá para Outono, se acabar tudo bem - mas onde estará presente o novo single que já por aí roda, "Every Teardrop Is A Waterfall". Não só apresentarão canções novas, como também clássicos como "Yellow" e "Clocks", ou as pessoalmente favoritas "Talk" e "Violet Hill"; sobem ao palco principal às 22h, logo após a (ainda) belíssima Debbie Harry e a sua banda de sempre revisitar o passado e mostrar porque é que os homens sempre preferiram as loiras. Os Blondie também regressam com disco novo, este já lançado: Panic Of Girls. Mas, como será de esperar, nesta noite os fãs quererão é que lhes digam que têm um cabelo magnífico. Início às 20h30. No palco secundário as atenções estarão viradas para dois novos nomes que têm causado furor neste 2011; James Blake (20h) e Anna Calvi (21h10). O primeiro é dono de um dos melhores discos de até agora, onde canções soul são feitas por quem passou alguns anos a treinar no dubstep, a segunda já recebeu elogios de dois dos grandes - Brian Eno e Nick Cave - e já lhe chamaram inclusive a nova PJ Harvey. Ainda: o rock dos These New Puritans (22h20) e a pop de Patrick Wolf (23h40), que volta ao país para apresentar o novíssimo Lupercalia. Finalmente, a primeira de quatro showcases: a Amor Fúria sobre ao palco do Optimus Clubbing com vários dos nomes que constituem o seu repertório, entre eles os gloriosos Smix Smox Smux, Feromona ou Os Golpes com Rui Pregal da Cunha - e claro que será para cantar "Vá Lá Senhora".

7 de Julho

O dia com mais peso: tanto por culpa dos Foo Fighters (00h25), cujo regresso era aguardado com impaciência há anos e anos, como de Iggy Pop e dos seus Stooges (22h45), que praticamente na terceira idade continua a mostrar a muita criançada o que é o rock n´roll a sério. Não fosse ele quem diz ser: a street walking cheetah with a heart full of napalm... mas peso não haverá só no principal. Os Crocodiles, de quem já falámos, levarão ternura pop e urgência rock ao Palco Super Bock (17h), muito antes de uma das grandes estrelas do cartaz deste ano aí subir; falamos de Bobby Gillespie e dos Primal Scream (21h15), naquela que será a apresentação ao vivo e na íntegra do enorme Screamadelica, reeditado vinte anos depois de ter posto toda a gente a dançar, desde malta do acid à do bom e velho rock. "Slip Inside This House", "Higher Than The Sun", "Come Together"... todas as grandes malhas que o compõem irão estar presentes. A Enchufada, dos cada vez menos portugueses e cada vez mais mundiais Buraka Som Sistema, far-se-á representar pelos próprios e por outros nomes de igual interesse dançável: Diamond Bass, Goose e o dinossauro Diplo para fazer abanar os corpos de quem se deslocar à tenda e os alicerces da mesma.

8 de Julho

Se no principal os Chemical Brothers (1h15) arrancarão o big beat e "Galvanize" das garras do tempo, no secundário o já mencionado Nick Cave estreará os seus Grinderman em palcos nacionais (22h15); com dois discos já na bagagem, o grupo dá uma menor ênfase à poesia - tão presente nos Bad Seeds - e maior ao rock n´roll e àquilo que compõe uma malha a sério: atestem-no, por exemplo, "Honey Bee", "No Pussy Blues" ou "I Don´t Need You (To Set Me Free)", todas do registo de estreia em 2007. Para ver, igualmente: os Friendly Fires (18h), que trazem consigo o recente Pala - e não são bem para ver quanto são para dançar -, os incríveis Fleet Foxes (20h30), que também andavam a ser requisitados por cá desde que Ragged Wood se mostrou um disco belo, belíssimo (e desde já admitimos a nossa grande vontade em ver se "He Doesn´t Know Why" é tão épica ao vivo quanto no CD), com o novo Helplessness Blues não lhe ficando mesmo nada atrás, e os Thievery Corporation (00h15), duo norte-americano de inspiração dub que lançou durante a semana o seu sexto registo; falamos de Culture Of Fear, onde "Stargazer" se assume desde já como um dos hinos do verão. Do outro lado, a showcase da Dim Mak, e o destaque que, infelizmente para Uffie e para o patrão Steve Aoki, teremos de dar todo aos Atari Teenage Riot, vivos, regressados após uma má experiência no Hard Club em 2010, e com um disco que já não se julgava possível estar-lhes no sangue, o cáustico e anarquista (sempre!) Is This Hyperreal?. A revolução dá-se pelas 22h50.

9 de Julho

O festival encerra com mais um revisitar de memórias: os Jane´s Addiction sobem ao palco principal pelas 23h30 para mostrar porque é que ali no início dos anos 90 eram das melhores bandas do mundo. Antes disso os Kaiser Chiefs (20h30), tão adorados por cá, apresentam o mais recente The Future Is Medieval para além de temas como o indispensável "I Predict A Riot". O secundário fecha com as guitarras dos Linda Martini (18h55), Foals (20h05) e os regressados TV On The Radio (21h20), após a morte do seu baixista de sempre, Gerard Smith. Já para não falar do rapper britânico Dizzie Rascal, pelas 22h45, antes dos excelentes e nacionais Orelha Negra (00h15) continuarem a cavalgar a onda do seu disco de estreia, que este ano teve direito a tratamento de luxo sob a forma de mixtape - como o atesta "M.I.R.I.A.M." cruzada com um dos melhores raps já ouvidos da boca do inigualável Valete («a sério, se não achas que isto é uma das melhores malhas do ano não percebes UM BOI de música»). A última showcase é igualmente para dançar: Boys Noize volta a um sítio onde já foi feliz em 2008, desta feita com a sua editora, trazendo DJs como Erol Alkan ou Gold Panda e grupos como os Spank Rock. Tudo isto para terminar em beleza um festival que se quer que sobreviva por muitos mais anos e que obtenha muitos mais shoutouts por parte do mundo lá fora. Que arranquem então as hostilidades.
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