Março 2010
Tropa Macaca e CAVEIRA reavivam o espírito da Caravana do Estrilho em noite especial no Stones (em Lisboa)
· POR Miguel Arsénio · 31 Mar 2010 · 18:08 ·


Foi em Março de 2006 que os Fish & Sheep (duo entretanto desfeito), Tropa Macaca e CAVEIRA conduziram pelo país a auto-explicativa Caravana do Estrilho, que, desde aí, acumulou algum mito e aura (ainda verificável no CD-r lançado por essa altura). Os raros registos fotográficos da digressão demonstram as bandas a tocar entre barris de imperial e o débito de horas de sono estampado nos rostos caídos sobre os ombros uns dos outros durante as longas viagens entre as cidades do norte. Tudo dentro do mais autêntico espírito rock de quem toca por duas sandes, um pacote de cajus e uma bebida à escolha.

A noite de 1 de Abril recuperará a vibração desse momento-chave da música mais livre feita por cá na última década, quando os Tropa Macaca e os CAVEIRA semearem a tensão no Stones, sala predilecta da Juve Leo e discoteca de eleição nos tempos de glória dos Bee Gees. Para quem não sabe, o Stones fica situado na zona da Lapa, em Lisboa. O after-hours ficará a cargo de DJ Tnt Subhead, mistério do porte dos Brujeria, que deve bombar certamente no Stones. Além disso, importa também saber que os Tropa Macaca (pecado rítmico no Éden) devem andar perto de esgotar a edição limitada do impressionante Sensação do Princípio, que muito merecidamente conheceu o selo da Siltbreeze (casa de culto que ainda opera realmente em termos de absoluta independência). No que diz respeito a novidades no acampamento CAVEIRA, existem já rumores de novo disco a sair este ano, se os braços de Joaquim Albergaria suportarem o cansaço da rigorosa temporada de Subbuteo.
Tone of a Pitch apresenta o seu primeiro festival
· POR Nuno Catarino · 29 Mar 2010 · 21:08 ·
A editora jazz portuguesa Tone of a Pitch apresenta pela primeira vez um festival, reunido projectos e músicos que fazem parte da sua "família". Durante dois dias o espaço Faktory, na Lx Factory (Lisboa), acolhe os artistas da TOAP: Bruno Santos, Nuno Costa e Nelson Cascais no dia 2 de Abril, sexta; André Fernandes, Demian Cabaud e Jeff Davis no dia 3, sábado. O bodyspace acompanhou os primeiros passos desta editora que, além dos participantes do festival, alberga projectos como a Orquestra Jazz de Matosinhos, o Septeto Hot Clube ou o Mikado Lab. Em jeito de antecipação, aqui fica uma gravação do grupo de Nelson Cascais, datada de 2008, com o pianista João Paulo no Fender Rhodes.

Ventos de mudança
· POR Bruno Silva · 29 Mar 2010 · 18:10 ·
Após um aparente desnorte em torno do noise mais sisudo e de bem-vindas reedições de clássicos como Endless Summer ou I'm Happy and I'm Singing...1, 2, 3, a austríaca eMego parece querer recuperar o seu papel de editora charneira que teve no início desta década. O lifting passa pelo desvio à austeridade europeia vigente, apontando baterias ao que de mais entusiasmante tem vindo a lume no subterfúgio norte-americano. Passagem inevitável pelas inflexões pós-new age/kösmiche que têm feito o grosso mais interessante da electrónica mais ou menos experimental da actualidade. O primeiro passo deu-se com a edição de Does It Look Like I'm Here? dos Emeralds. Trio de Ohio responsável por belíssimos trabalhos como What Happened ou Emeralds e que tem agora a sua estreia europeia, numa altura em que têm sido crescentes os (merecidos) focos de atenção. Para breve, a edição de um álbum de Daniel Lopatin, mais conhecido como Oneohtrix Point Never, como nos confidenciou em entrevista (a publicar brevemente) e que se prepara para aterrar em Lisboa no próximo dia 24 de Abril na inevitável Galeria da Zé dos Bois. Em baixo podem ver o mais do que adequado video para "Geode" dos Emeralds.

Lidell inaugura Compass em vídeo
· POR Rafael Santos · 26 Mar 2010 · 11:40 ·
Com a edição apontada para 17 de Maio, Jamie Lidell vai soltando lentamente as primeiras notas do novo Compass. O primeiro avanço proposto chama-se "The Ring", um tema em tonalidades blues que conta com a participação de Chilly Gonzales e Dan Rossen (Grizzly Bear). O vídeo, da responsabilidade de Lindsey Rome, já se encontra disponível no You Tube para os curiosos que anseiam pelo sucessor de Jim. Fica, então, mais uma proposta sonora Bodyspace para este fim-de-semana: Jamie Lidell "The Ring"

Sim, sim, andamos uns mãos-largas; temos uma canção em exclusivo do disco de estreia de Cavalheiro só para vocês
· POR André Gomes · 26 Mar 2010 · 11:00 ·


Tiago Ferreira, ex-Veados Com Fome, há muito tempo que admitiu gostar de canções na encarnação Cavalheiro. Os dois temas que há muito tempo pairam no seu myspace, “Reino” e “De Nós nada restará” confirmam-nos isso mesmo. E deixavam vontade de mais. Agora, até porque há um disco de estreia para sair em Abril próximo (se tudo correr bem, diz-nos Cavalheiro), O Bodyspace chega-se à frente com uma das canções do novo disco, de seu nome Primeiro. A canção em questão chama-se “Bom Jesus” e Tiago Ferreira tem uma explicação para isto tudo: “uma vez imaginei que o Bom Jesus do Monte se levantava e descia em passos triunfantes sobre a cidade de Braga, espalhando luz nas nossas vidas e escorraçando o medo dos nossos temerosos corações”, conta. E depois explica mais um bocado: “não sei porque tal fantasia me assaltou, na verdade nem sequer sou um homem de fé, muito menos desde que o Porto vendeu o Lucho Gonzales, mas mirar o cimo dos montes e fantasiar o que podia acontecer ajuda a passar o tempo”.

Ei-la, em todo o seu esplendor:

[bodyspace.net mp3]

Vamos ter a África a entrar-nos pelo Meco adentro…
· POR Simão Martins · 26 Mar 2010 · 10:34 ·
…quando os Vampire Weekend atracarem no 16º Super Bock Super Rock.

Aquela que é uma das bandas mais desejadas e bem-sucedidas do momento virá a Portugal no dia 17 de Julho, depois de passagens triunfantes pela Casa da Música, no Porto, e no Optimus Alive!, em Lisboa, ambas em 2008. Após essa digressão de apresentação do seu disco homónimo, os norte-americanos trazem agora na bagagem não só Contra, um dos grandes momentos pop de 2010, mas mais experiência, mais vida – é incontornável o projecto electropop de Rostam Batmanglij, Discovery, e o que isso trouxe aos Vampire Weekend. De facto, trouxe energia, vivacidade, mais sons electrónicos mas, por outro lado, mais atitude. E, acreditamos, iremos assistir a mais um grande espectáculo de um performer – falamos de Ezra Koenig – empenhado em não deixar que o legado de David Byrne se vá desvanecendo. Vá, vamos lá ver os americanos ao Meco, “me and my cousins, you and your cousins…”

A Amplificasom endoideceu e dá-nos duas seguidas de qualidade elevada
· POR André Gomes · 26 Mar 2010 · 02:13 ·
Como se não chegasse termos os Shellac na Fundação Serralves no dia 25 de Maio (e ZDB no dia anterior), ficamos agora a saber que os Mission of Burma vão, imagine-se, fazer a primeira parte do concerto da banda de Steve Albini. Sim, os mesmos pós-punkers que lançaram Vs. em 1982 para mal dos nossos tinnitus. Quem o diz é a própria Amplificasom, ficando por saber se também os Mission of Burma descem a Lisboa para um segundo (ou primeiro) concerto.

O que temos para vocês desta vez é o vídeo para "1, 2, 3, Partyy",a faixa de abertura de The Sound The Speed The Light, lançado em 2009 pela Matador:

Netlabel Abutre lança compilação New Gaze of Portuguese Rock
· POR André Gomes · 26 Mar 2010 · 01:30 ·
A Abutre Netlabel prepara-se para lançar uma compilação chamada New Gaze of Portuguese Rock que contará com temas de projectos nacionais que, segundo a mesma, se destacam pela "criatividade e personalidade nas correntes mais experimentais e densas do rock contemporâneo como o post rock, stoner, sludge e derivados". A editora dá já como certas as presenças de alguns projectos ligados à netlabel como (aura), 1 is the Lonely Number e Ghost Orchid (com temas já editados) e Irmãos Brothers, Haniak, Megalodon e Musgo, que assim se estreiam, em exclusivo, na compilação.

A fechar o line-up aparecem Black Bombaim, Laia, Löbo, Mamute, Manuel Gião, Dawmrider, Unzen Pilot, Amarionette, Monomoy, Acid Lizard, Moan, Marbles, Acid Jesus, Maize e Aspen. Mais novidades em breve. Tudo bons motivos para dar uma oportunidade a esta compilação. Mostramos de seguida o clip para "Complication", dos Black Bombaim, tema retirado do EP homónimo lançado a Março de 2009:

Vão ouvir falar muito de Dreams nos próximos tempos; e vão poder dizer que ouviram aqui uma canção em rigoroso exclusivo
· POR André Gomes · 25 Mar 2010 · 13:40 ·


O Pedro Rios desencantou Dreams numa tresloucada busca pelo myspace e agora nós temos mais algumas noticias sobre o projecto do João, o João que vive no Porto e tem no Ernesto (Washed Out) uma referência importante. Sabemos agora que Dreams irá lançar no um EP na SVN SNS mas entretanto prepara-se para lançar um outro, em antecipação e pelos seus próprios meios, no dia 1 de Abril; um EP que contém 4 canções. A primeira delas está disponível no nosso leitor em rigorosíssimo exclusivo; digam que vão daqui.

Fomos falar com o João sonhador e ele disse-nos algumas coisas sobre esta edição: "este EP não vai ter editora, e vai ser disponibilizado para download gratuito. Isto surge como antecipação ao EP a ser editado pela SVN SNS. Ele surge essencialmente porque tinha algum material que à partida já não iria utilizar e que funcionava bem como um todo. Aproveitei esse facto e trabalhei-o de modo a funcionar como um primeiro EP". Diz-nos mais, agora sobre a gravação, que foi "surpreendentemente rápida": "não estava à espera, sinceramente. Demorei sensivelmente uma semana a fazer estas quatro faixas. As letras foram surgindo à medida que os instrumentais foram sendo construídos. Não há nada de extraordinário por trás do EP, são quatro faixas simples que pretendem revelar um pouco do que poderá ser o segundo, embora tenha características muito próprias".

Quanto às expectativas João (temos mesmo de lhe perguntar o último nome), disse-nos o seguinte: "prefiro jogar pelo seguro e não estar muito entusiasmado. Espero que as pessoas gostem (eu gostei de o fazer), fi-lo porque muitos pediram por mais e quero brindá-los por isso, portanto espero que esteja à altura das expectativas das pessoa", disse, rindo. E depois terá ido sonhar com mais canções pop como esta, intitulada "Step 1 (Preparation...Good old days/Some nostalgia)":

[bodyspace.net mp3]

Rodrigo Amado em dose dupla: ZDB e Braço de Prata
· POR Nuno Catarino · 25 Mar 2010 · 13:01 ·
O saxofonista Rodrigo Amado actua no dia 2 de Abril, sexta-feira, na Galeria Zé Dos Bois. Para este concerto especial, Amado estará acompanhado por um improvável quarteto: o inclassificável guitarrista Manuel Mota, o versátil contrabaixista Hernâni Faustino e o imparável baterista Gabriel Ferrandini. No dia seguinte, sábado, Amado e Ferrandini voltam a tocar juntos, desta vez acompanhados também por Miguel Mira (violoncelo), para mais uma apresentação ao vivo do bombástico "Motion Trio" - é na Fábrica do Braço de Prata, em Lisboa. Em jeito de aperitivo, aqui fica uma recordação vídeo de outra actuação em quarteto na ZDB - Amado/Mota/Faustino + Peter Bastiaan.

A multiplicidade da repetição na ZDB
· POR Bruno Silva · 23 Mar 2010 · 18:01 ·
Sobre os desígnios do drone (entendam-no como quiserem) em linguagens distintas, a próxima quarta-feira (dia 24) prevê-se marcante para todos aqueles que rumarem pelas 22 horas ao Aquário da Galeria Zé dos Bois. Entre aquela reverência que já se tornou hábito mais do que merecido e a estreia física de um fervilhar essencial em tempos recentes. De um lado, mais uma confirmação (como se tal fosse necessário) da enormidade de David Maranha, com Antartica (Roaratorio Records) na calha e apresentando um quinteto de luxo, onde ao próprio se juntam os fulcrais Manuel Mota, Ricardo Wanke, Afonso Simões e Bernardo Devlin. Do outro, a estreia em palcos nacionais dos norte-americanos Peaking Lights, em data única. Autores do muito celebrado álbum Imaginary Falcons e figuras essenciais do que de mais entusiasmante tem vindo a lume do outro lado do Atlântico. Pontes imaginárias entre a vibração da kösmiche, ecos dub e espaço shoegazer com destino parcimonioso à canção. A entrada são 8 euros.



Festa do Jazz regressa ao São Luiz
· POR Nuno Catarino · 22 Mar 2010 · 18:22 ·


No fim-de-semana de 16, 17 e 18 de Abril o Teatro Municipal São Luiz acolhe a oitava edição da Festa do Jazz. Esta festa irá seguir as mesmas premissas das edições anteriores, promovendo durante três dias um grande encontro para o jazz português. Além dos espectáculos, que serão distribuídos por cinco espaços diferentes, haverá lugar para o tradicional para o concurso de escolas e ainda "masterclasses" com Jorge Rossy e Bill McHenry. Do programa de concertos destacam-se as actuações do Bernardo Sassetti Trio (que apresenta o fresquíssimo Motion), do grupo “Matéria Prima” de Carlos Bica (com o convidado Matthias Schriefl), o quarteto Tetterapadequ e o Septeto do Hot Clube. O programa de festas completo pode ser consultado aqui.
Snoop Dogg e R. Kelly juntam-se mais uma vez para criar mel auditivo
· POR Rodrigo Nogueira · 22 Mar 2010 · 00:59 ·
A identificação é algo maravilhoso. Não pode haver nada mais bonito do que quando as canções falam do teu dia-a-dia e daquilo que sentes todos os dias desde o momento em que acordas de manhã e encaras o dia que aí vem até ao momento em que adormeces a pensar sobre o que é que aprendeste no dia que acabou de passar. É como o Twilight: conheces outro filme que fale tão bem dos teus sentimentos e daquilo por que estás a passar? Eu não. Essa identificação extrema acontece-me com tudo o que o Snoop Dogg faz. A obra dele é, para mim, como um espelho. Reflecte a minha existência e a minha história e tudo aquilo que eu fiz na vida.

Repara: há aquele dia em que fui julgado por homicídio ("Murder was the Case"); todos os dias em que tenho de largar a droga porque a polícia vem aí ("Drop it Like it's Hot"); ou aquela vez em que saí da prisão e o meu primo mais novo estava a comer a minha hoe ("Bitches ain't Shit", o clássico do Dr. Dre). Se alguém me quiser conhecer, basta ouvir as canções do Snoop e aí terá a minha biografia – não tenhas medo, vou escrever uma autobiografia na mesma e vai ser um best-seller, um gajo tem de comer, não? –, sem tirar nem pôr. Há mais uma cantiga para adicionar a esse cânone.

O dicionário – o online da Priberam, achas que eu ainda tenho livros? – define "mel" como "suco doce que as abelhas depositam no favo". Também o define como "doçura, suavidade". Proponho uma adição a esta entrada: "a combinação entre Snoop Dogg e R. Kelly". É mais ou menos esta a operação matemática: "Snoop+Kells=mel". Foi assim com "That's That" (samplar a banda sonora da cena do "The royal penis is clean, your highness" do Coming to America – melhor filme de sempre? – é de génio) e é assim agora, com "Move Them Ropes". É sobre quando estás na discoteca e queres que o segurança deixe entrar na área VIP que estás a dominar totalmente todas as hoes a que tens direito. Não odeias quando não te deixam fazer isso naturalmente e tens mesmo de dizer "Move them ropes and let the bitches in"?

É isso mesmo, porra, só faltava transformar isto em canção. É o teu direito natural, vem na constituição, é preciso honrá-lo. E o resultado é mel. Ou não fossem estes dois mestres da linha ténue entre o cantar e o rappar (aqui os papéis estão bem definidos: o Snoop rima, o Kells canta, mas nem sempre é assim). Pessoas reais, problemas reais. Tal como eu e tu, baby, tal como eu e tu.
Espanhóis aterram na próxima segunda-feira na cidade do Porto
· POR André Gomes · 20 Mar 2010 · 19:51 ·
É num local querido para todos nós. O bar O Meu Mercedes é Maior Que o teu recebe na próxima segunda-feira três propostas do indie espanhol. A organização descreve-os como "um grupo de amigos cheios de vontade de tocar". Os Big City são de Zaragoza, fizeram as primeiras partes dos Wilco e pelos vistos soam a Beach Boys e Big Star. Cantam em inglês, e parece que são a grande surpresa do ano em terras de nuestros hermanos. Os Nine Stories vêm de Madrid e adoravam tocar para um filme do Wes Anderson. Acústicos, com piscadelas aos Shins e Nick Drake. Diz o Mouco e nós acreditamos. Por fim, o já entrevistado pelo Bodyspace Pepo M., The Secret Society, que tem debaixo do braço discos com canções de valor acrescentado. Esta chama-se "Lights On Don't Mean I'm Home", do álbum I Am Becoming What I Hate The Most (Acuarela, 2008):

Mini-report: Freitas/Lála/Lopes, trio em direcção à maturidade
· POR Nuno Catarino · 20 Mar 2010 · 18:13 ·


A Galeria Arthobler, galeria de arte que partilha espaço com a livraria Ler Devagar na LX Factory, tem acolhido uma série de interessantes concertos programados pela Granular. Promovendo formações entre o trio e o quarteto, estes concertos reúnem músicos que abordam a improvisação. Na noite de sexta-feira, dia 19 de Março, juntaram-se Ricardo Freitas (guitarra baixo acústica), Gonçalo Lopes (clarinete e clarinete baixo) e Eduardo Lála (trombone). Freitas e Lopes são habituais parceiros em diversos projectos – do world-jazz-criativo do projecto Interlúnio ao trio improv-maduro Krilof Trio – e essa relação esteve visível na forma como os instrumentos se entrelaçavam com facilidade. O trombone de Lála – músico conhecido pela sua versatilidade, indo do jazz tradicional ao funk, passando pelo magnífico e inclassificável Lisbon Underground Music Ensemble – não é virgem na improvisação livre e sabe encontrar o seu espaço, pelo que não demorou a ir de encontro à toada geral do grupo (diga-se que é colega de Lopes e Freitas nos Interlúnio). Sem que nenhum dos músicos roubasse atenções, a música do grupo assentou numa estratégia de comunicação democrática. Ouviram-se bons fraseados, ouviu-se “groove”, ouvi-se interacção dialogante, ouviram-se picos de energia. Ouviu-se uma música plena de ideias, muito fluída e orgânica, que até se serviu de técnicas extensivas. Sempre com bom gosto e sobriedade.
A pop de quarto também vive em Portugal: eis Dreams
· POR Pedro Rios · 18 Mar 2010 · 19:11 ·


Há dias, dizia, meio a exagerar, meio a sério, ao meu editor, André Gomes, a propósito de um artista que descobri saltando de Myspace em Myspace: "Ouvi 20 segundos. Mas foram bons 20 segundos".

Só recupero esta frase porque ilustra uma parte do que é ouvir música em 2010. A malta tem tendência a destacar o lado negativo desta forma algo esquizofrénica de ouvir música (atenção, só faço isto de vez em quando; permaneço fiel aos álbuns). Mas há um lado positivo.

Num desses saltos, encontrei um Myspace: Dreams. Gostei do nome, gostei do Tumblr associado e gostei da música, em particular de "Swimming in pink waters", que remete imediatamente para as águas quentes de Washed Out (há reverb em todo o lado, a mesma qualidade subaquática) - merece bem mais do que 20 segundos.

Gostei, sobretudo, de ver "Portugal" no perfil. "Quem é este tipo?", questionei-me. Enviei umas perguntas a Dreams. As respostas surgiram pouco depois:

Apresenta-te.

Chamo-me João, tenho 21 anos e sou de Viseu, mas estou a estudar e a viver no Porto.

Quando e por que é que surge Dreams?

Em Dezembro de 2009, devido ao facto de querer produzir um estilo de música mais independente, despreocupado, ligado por construções melódicas que proporcionassem nostalgia e sonho. Tive outros dois projectos desde 2008 muito ligados à electrónica e ao synth pop. Dreams surgiu, em boa parte, por querer desligar-me um pouco desses estilos e surgir com algo novo e diferente.

Depois de ouvir algumas bandas como Washed Out, Wavves, Toro y Moi, Small Black, Pictureplane, etc. e vasculhar no baú por temas mais nostálgicos, de Joy Division, Sonic Youth ou The Jesus and Mary Chain, o estímulo começou a surgir e o indie lo-fi começou a transparecer em Dreams.

É a tua primeira experiência musical?

Tive outras. A primeira foi um projecto a solo com o nome de Anagramme e o outro, também a solo, com o nome First Love. Nunca tive nenhum projecto com mais pessoas, tenho pena.

Em alguns temas que tens no Myspace, sente-se muito a influência de artistas como Washed Out, da nova pop independente que remexe nos anos 80. Em "In Dreams", ouço ecos dos New Order, mais lentos e cheios de reverb. Como te situas face a estes universos pop?

Quanto a Washed Out, é natural que se sintam influências, porque ele é provavelmente a minha influência número 1. No que toca a New Order, nunca tinha pensado nisso, mas é bastante válido porque grande parte do que eu comecei a ouvir na adolescência anda por esses campos e inconscientemente vou lá buscar elementos.
Os Hot Chip têm novo vídeo para "I Feel Better" herdeiro da estranheza dos filmes de David Lynch e Peter Jackson
· POR André Gomes · 17 Mar 2010 · 22:40 ·
A primeira vez que ouvimos "I Feel Better" achamos que podia ser uma paródia: mas depois a canção que nos parecia ser a pior de One Life Stand deu a volta por cima e tornou-se na melhor. Uma daquelas canções que provocam estragos sérios no botão repeat dos leitores de CD dos vossos carros. Do lixo virou lixo e agora é uma das melhores canções do ano. E agora há um vídeo para acompanhar no qual confirmamos parcialmente uma certa ironia que percebemos como mensagem inicial. Ou então isto é uma grande confusão. Sabemos que há uma Boyz Band, raios lasers e cabeças que voam. O resto está aberto a interpretações. O que é certo é que no vídeo que mostramos em baixo, acaba tudo numa desgraça. Vejam com os vossos próprios olhos.

O Rodrigo Nogueira, que está aqui não lado na redacção (mentira, no chat do g-mail), deixa o recado: "Peter Serafinowicz, o realizador, é um cómico inglês importantíssimo, um gajo cheio de piada que, apesar de ter talento para imitações, sabe que estas não têm piada por elas próprias (há portugueses que teriam tanto a aprender com ele). Além disso, merece um lugar no céu por ter sido o gajo que fez de namorado actual da ex do Simon Pegg no Spaced ("actual" é uma palavra estranha, já que aquilo tem mais de 10 anos). E se nunca viste o Spaced, bem, pequenote, perdi toda a fé que depositava em ti (e era imensa). Regulariza aí a situação, pá, por favor, a sério, vá lá, não custa nada."

Vem aí novo disco de Sun Araw
· POR Pedro Rios · 17 Mar 2010 · 21:58 ·


Chama-se On Patrol e será o próximo disco do muito activo Cameron Stallones (mas que grande nome, parece inventado), o rapaz Sun Araw, o autor do monumento "Horse Steppin'" e que chegou a fazer parte dos Pocahaunted (entra no mui tropicaliente Make it real, acabado de sair).

On Patrol será editado em Abril num duplo LP e em CD pela Not Not Fun. Os títulos das canções são bem porreiros. Tomem lá três: "Conga Mind", "Beat Cop" e "Holodeck Blues". William Giacchi, dos Super Minerals, entra em dois dos nove temas.

A primeira amostra, "Dimension Alley", que reproduzimos abaixo (o vídeo é de Stephanie Davidson), mostra um Sun Araw em modo mais relaxado, próximo do universo preguiçoso de Ducktails. Já ouvimos bem melhor vindo do Stallones, mas serve como aperitivo.

Little Claw e Gabriel Abrantes arranham-se no Music Box
· POR Miguel Arsénio · 17 Mar 2010 · 18:26 ·


O próximo dia recebe, no Music Box de Lisboa , os norte-americanos Little Claw e o nosso Gabriel Abrantes. A data marca o arranque da primeira digressão europeia dos Little Claw, e destacará certamente o último Human Taste (edição da sempre recomendável Ecstatic Peace) sem deixar também de parte algumas passagens pelas constantes edições limitadas. Os têm vindo a angariar espanto e aclamação à custa de um rock híbrido (desorientado no temperamento e no tempo, mas sem palmeirinhas) fortificado pela dureza do berço Detroit. Na primeira parte, o multifacetado Gabriel Abrantes dará algum descanso às canções sobre “Oprah Winfrey e cocó” para musicar ao vivo o seu mais recente filme Big Hug, obra pós-apocalíptica rodada em Trás-os-Montes, na companhia de um jovem músico de sopros do Conservatório (que participou também na banda-sonora).

Choremos, irmãos! Ou não...
· POR Simão Martins · 17 Mar 2010 · 12:49 ·
Em todo o caso, o momento é de alguma tristeza. James Murphy, líder, mentor, génio (e tudo o que de bom lhe quiserem chamar) da DFA, anunciou que os LCD Soundsystem, donos e senhores do fenómeno indie dance da última década, iam acabar. Em Maio virá o último disco, ainda sem título, terceiro de um projecto que se lançou em 2005 para ajudar a renovar alguns passinhos de dança.

A coisa tem a sua importância. Não só pela música em si, a excelência na produção e nos detalhes sonoros, mas pelas portas que abriu a outros projectos com cabeça, tronco e membros, sob a simples alçada da DFA. Se analisarmos este exemplo com algum pormenor, vemos que a caminhada não foi penosa nem demasiado longa até fazer com que o simples facto de uma banda ser lançada pela DFA nos enchesse de ar os pulmões. Deixa-nos ansiosos, sabemos que é realmente bom. Assim se criam preconceitos, graças à rotulação de uma marca que James Murphy e Tim Goldsworthy deram a conhecer ao mundo, a partir de Nova Iorque. Ficar-lhes-emos, relaxem, eternamente gratos por isso.

É igualmente por isso que o mundo não vai desabar em 2012 nem colapsar com o fim dos LCD Soundsystem. Se Murphy bater a bota, aí sim, vestiremos de branco - à semelhança do que fez com todos os seus companheiros na gravação deste (ainda) desintitulado disco. Em todo o caso, e após três toques ligeiros na madeira - que podia bem ser o mote para mais um dos malhões de Murphy, mas não passa de pura superstição - o homem está aí. A obra, que construiu ao longo destes anos com vários músicos de excelência, ficará a fazer-nos companhia para todo o sempre. Na pista de dança ou no quarto.

O momento é de alegria, afinal de contas. Novas experiências virão e aí só podemos saudar o fim dos LCD Soundsystem - dor nesta frase. Se os anos que passaram nos ajudaram a encontrar alguma certeza em James Murphy, homem meticuloso e de bom gosto, é que ele sabe o que faz. E é por isso que isto não vai custar assim tanto.

Pare, escute e olhe, J-Wow chegou
· POR Rafael Santos · 16 Mar 2010 · 12:22 ·


Poucos o conhecerão por João Barbosa. Muito menos pelo novo alter-ego J-Wow. Mas Lil' John é tudo menos um nome desconhecido no actual panorama da nova música urbana produzida em terras lusitanas. Um dos vértices do triângulo Buraka Som Sistema, João Barbosa tem sido nome habitual nos últimos anos na área da produção, tendo estado envolvido em múltiplos projectos ligados ao universo da música de dança desde a Red Bull Music Academy aos 1Uik Project até aos mundialmente reconhecidos BSS.

Aproveitando a fase de merecido repouso dos Buraka, João lança-se agora a solo, concebendo J-Wow como um novo projecto paralelo às actividades do colectivo nascido na Buraca e um escape individual onde poderá desenvolver as suas próprias ideias. O primeiro resultado já se encontra disponível. Editado ontem, dia 15 de Março, pela Deadly People Records, Klang é a apresentação formal de J-Wow ao mundo, tendo já ficado prometido para Abril a edição de mais um tema desta vez pela editora de Diplo, a Mad Decent.

Pare, escute e olhe, pois está aqui para apreciação colectiva a estimulante estreia de J-Wow: Klang.

Novo single/vídeo de Tiago Guillul
· POR Rodrigo Nogueira · 15 Mar 2010 · 11:58 ·
Rejubilai (usamos esta palavra mil vezes, mas agora faz mesmo sentido, tendo em conta o contexto religioso), ó fãs de Tiago Guillul, porque há novo vídeo. É um jogo de futebol, mas não é um jogo normal (não vamos fazer spoilers). Vale sobretudo pela adição de Joaquim Albergaria (PAUS/ex-Vicious Five) ao mundo FlorCaveira: o seu falsete hard-rock fica óptimo no contexto e a barba que mostra em plena forma neste vídeo é basicamente daquelas barbas que nos fazem dizer "ainda bem que vivo em 2010 e não em 1910 nem em 2000", ou seja, é um prazer ser contemporâneo de monumentos como aquela barba, sem dúvida uma das melhores coisas que Lisboa tem para oferecer.

Rated R poderia ter existido só para isto
· POR Bruno Silva · 12 Mar 2010 · 15:29 ·
Tendo em conta toda o imaginário pós-industrial de Rated R (como se os Nine Inch Nails alguma vez pudessem ser uma influência viável), um rip-off idiota da estética M.I.A. acaba por nem parecer tão mau quanto a ideia faria prever. Tudo isso porque "Rude Boy" se trata, efectivamente, de uma grande canção. É mais do que óbvio que toda a questão em torno da maturidade artística da Rihanna em Rated R se tratou de uma manobra de marketing plena de tiros ao lado, mas "Rude Boy" poderá ser mesmo o primeiro acesso de entusiasmo de alguém que nunca conseguiu superar a elegância naif de Music Of The Sun.

É também prova indelével que a voz da Rihanna soa muito melhor num contexto dancehall, do que entregue a um dramatismo forçado ou a instrumentais devedores do dubstep. A delicadeza de "If It's Lovin' That You Want" é hoje uma cena do passado, e algo como "Come on rude boy, can you get it up? Come on rude boy, is you big enough?" é de uma ordinarice radio-friendly que merece ser louvada. No fundo, é a idade a não deixar grande espaço para memórias de romances de Verão ao pôr do sol e mais interessada numa foda eficiente. Ainda mais quando o instrumental consegue adaptar todo esse calor caribenho de tensão sexual a uma toada sintética sem ceder à choradeira que tem feito o grosso do dancehall actual ou a uma faceta sleazy bovina, numa canção R'n'B de pleno direito. Não restam grandes dúvidas de que "Rude Boy" se trata do primeiro grande single do ano, e que muito dificilmente haverão mais 10 canções R'n'B durante os próximos meses que a superem. Ou então, será um ano glorioso para o género.

Só osso e sem gordura. Shellac em Lisboa e no Porto
· POR Pedro Rios · 12 Mar 2010 · 11:19 ·
Bruta, forte, sem espaço para respirar, mistura de tédio e mal de vivre (em que Steve Albini é especialista, desde os Big Black aos Rapeman), a música dos Shellac - rock mínimo, sem adornos, só osso - ocupa um lugar especial no mapa indie rock. Isto já se sabia: o que não se sabia, até ontem, é que os Shellac vêm a Portugal. Anotem na agenda: 24 de Maio na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa; no dia seguinte, em Serralves, no Porto.

Excellent Italian Greyhound, lançado em 2007, é o último disco do grupo. Eis "Steady as she goes", desse álbum:

Miguel Gomes fala sobre a reactivação de Complicado
· POR Miguel Arsénio · 10 Mar 2010 · 17:58 ·


É certo que não têm sido muitas as novidades de Complicado num passado recente, mas Haunted, lançado em 2005 pela Bor Land, ainda toca frequentemente num dos muitos escritórios do Bodyspace espalhados pelo país. Concebido por Miguel Gomes (o mentor de Complicado) e Rodrigo Cardoso, num apartamento da baixa portuense, Haunted, lançado pela Bor Land em 2005, é um verdadeiro e precioso sleeper da música nacional dos últimos anos. Ao dividir-se por compartimentos (num estilo próximo dos melhor Lou Barlow / Sebadoh), Haunted deixava também alguns espaços por preencher e enorme curiosidade por um segundo disco. A espera parece prestes a chegar ao fim, de acordo com as seguintes palavras partilhadas por Miguel Gomes esta tarde, numa conversa centrada na reactivação de Complicado.

“Depois do disco Haunted e da consequente apresentação ao vivo, mudei-me para Lisboa, onde passado algum tempo comecei a escrever e gravar o que seria o segundo disco. Não avancei muito, mas ficaram algumas ideias para um dia retomar...

Uma das pessoas que chegou a trabalhar nesses temas comigo foi o Miguel, dos Rose Blanket, e a certa altura as coisas naturalmente inverteram-se e acabei por trabalhar nos temas dele para o disco Our Early Ballons. Depois houve os concertos de apresentação e agora as gravações do novo disco...

Desde há alguns meses que voltei a reactivar a ideia de trabalhar em novas canções e pegar nas ideias que já tinha para gravar o tal segundo disco. É-me um pouco difícil descrever-te as canções de forma a que tenhas uma ideia de como o disco vai soar. Na verdade, nem eu sei muito bem... Tal como o Haunted, será certamente um disco com muita diversidade em termos de dinâmicas e ambiências. Terá a constância das guitarras como fio condutor e também como principal base das canções.

Tendo em conta as canções nas quais estou já a trabalhar e devido à sua diversidade, é justo dizer que as escolhidas determinarão o rumo do disco em termos de sonoridades. Mas arriscaria dizer neste momento, que têm um som muito orgânico com baterias muito presentes, guitarras muito pouco processadas e que, apesar da sua "crueza", espero que este disco seja no todo um pouco mais… hi-fi.”
MGMT disponibilizam novo single "Flash Delirium" para download gratuito
· POR André Gomes · 09 Mar 2010 · 19:50 ·
No dia 12 de Abril chega às lojas o aguardado segundo álbum dos MGMT, intitulado Congratulations. Será o sucessor de Oracular Spectacular, o álbum de estreia dos MGMT de 2008 que nos deu um par de bons singles e óptimas indicações para o futuro. Agora é tempo de concretizar tudo isso ou falhar miseravelmente a tentar.

O disco faz-se de nove episódios com títulos bastante curiosos e, dizem, com um "fuxo de coerência sónica e temática": "It's Working", "Song for Dan Treacy", "Someone's Missing", "Flash Delirium", "I Found a Whistle", "Siberian Breaks", "Brian Eno", "Lady Dada's Nightmare" e "Congratulations".

O disco foi produzido pelos próprios MGMT e por Sonic Boom (Spacemen 3, E.A.R., Spectrum), gravado durante 2009 em Nova Iorque, Malibu e Brooklyn, contando com a participação de Andrew Vanwyngarden e Ben Goldwasser, o núcleo duro dos MGMT, para além de Matt Asti (baixo, coros), Will Berman (bateria, coros) e James Richardson (guitarra, coros), os elementos que formam a banda que acompanha a dupla ao vivo.

"Flash Delirium" pode ser descarregada gratuitamente no site da banda. Nós queremos ainda deixar aqui o bizarro vídeo de "The Youth" para consumo próprio:



À beira da piscina
· POR Bruno Silva · 09 Mar 2010 · 17:20 ·
Depois de Suburban Tours de Rangers e Dagger Paths de Forest Swords assegurarem, para já, um papel de destaque para a Olde English Spelling Bee em 2010 enquanto montra de classe do que melhor tem vindo do (cada vez menos) subterfúgio psicadélico/nostálgico/hipnagógico norte-americano, a ansiedade começa-se a abater sorridente sobre o segundo álbum de Julian Lynch. Colaborador de Matt Mondanile em Ducktails e Predator Vision, Lynch já tinha deixado óptimas impressões na sua estreia Orange You Glad no ano transacto. Recentemente, deixou no seu tumblr uma nova faixa intitulada “In New Jersey” que até levaria a acreditar que New Jersey se trataria de uma cidade paradisíaca. Quem acompanha Jersey Shore sabe que não assim, mas tendo em conta as visões tropicais tão fidedignas que têm vindo de lá recentemente, começa-se a indagar sobre a qualidade das suas piscinas. Sem se distanciar sobremaneira de Orange You Glad, “In New Jersey” deixa a guitarra num segundo plano para se construir numa atmosfera rarefeita de sons rasteiros (cítara, banjo, percussão, etc.), elevando a voz docemente sonolenta ao protagonismo dispondo-a em camadas sem nunca chegar a um refrão per se e com direito a um pequeno solo de saxofone não menos do que brilhante. É esperar o Sol calmamente.
Whit e Pedro Gomes revelam-se no Barreiro
· POR Bruno Silva · 09 Mar 2010 · 17:04 ·

Nomes incontornáveis da fértil cena experimental/improvisada/far-out que interessa portuguesa, tanto os Whit como Pedro Gomes se têm mostrado algo reclusos no que em apresentações ao vivo diz respeito. O poderá então vir a ser uma daquelas noites em que o “Estive lá” venha a ser expressão recorrente. Os primeiros são um quarteto “gira-disquista” formado por quatro nomes essenciais da electrónica mais ou menos recente em Portugal, que partindo das lições de Christian Marclay as amplificam por força de uma formação tão pouco habitual quanto fascinante. Pedro Gomes é peça fundamental em tudo o que reluz na capital, tanto pelo seu trabalho enquanto programador na ZDB e, actualmente na Filho Único, como pela sua multiplicidade enquanto guitarrista nos (extintos) Manta Rota, CAVEIRA, ou mais recentemente no Sei Miguel Metal Music Quartet. Muito, para um trabalho a solo que urge conhecer dignamente. O acontecimento terá lugar no Cine Clube do Barreiro, no largo dos Penicheiros, a partir das 22 horas. A entrada é livre, dado que esta noite se insere na programação da 15ena da Juventude da Câmara Municipal do Barreiro.

Morreu Mark Linkous, não teremos nunca mais canções de Sparklehorse
· POR André Gomes · 08 Mar 2010 · 21:48 ·
Pode ter sido causado pelo sofrimento de um homem só, mas não deixa de ser ilustrativo dos dias agitados que atravessamos. Mark Linkous, escritor de canções, cantor, veiculador de emoções, sonhador, líder dos Sparklehorse (que nos deram discos maravilhosos como Vivadixiesubmarinetransmissionplot, Good Morning Spider ou It's a Wonderful Life) suicidou-se no passado dia 6 de Março com um disparo apenas. A família deixou uma mensagem no site de Sparklehorse: “It is with great sadness that we share the news that our dear friend and family member, Mark Linkous, took his own life today. We are thankful for his time with us and will hold him forever in our hearts. May his journey be peaceful, happy and free. There’s a heaven and there’s a star for you". Nós queremos deixar aqui um foda-se e uma das melhores canções que Mark Linkous escreveu para os seus Sparklehorse e para todos nós, "Gold Day":

Os Black Bombaim têm um novo disco e a estreia é aqui no Bodyspace
· POR André Gomes · 04 Mar 2010 · 01:16 ·


Estivemos a vê-los no passado sábado, no Cafe au Lait @ Porto, no regresso após hiato demorado e, senhores, a coisa promete e muito. Riffs atrás de riffs, alguns mais diabólicos do que outros, alguns mais devedores aos Black Sabbath que outros, explorações sónicas que parecem saídas depois dos refrões das canções mais expansivas dos Stooges. Não nos interpretem mal: eles são os Comets on Fire portugueses que sempre quisemos ter. E é "só" uma bateria, um baixo e uma guitarra mas é de engolir o mundo todo.

Falamos dos Black Bombaim, claro está. E eles têm novo disco, editado em 300 cópias de belo vinil que chegou a Barcelos há dias vindo directamente da República Checa. O disco, com edição da Lovers & Lollypops, tem o título singelo de Saturdays & Space Travels e uma capa diabólica (podem vê-la aí em cima). Fomos falar com o Tójó, um dos de Bombaim, e ele disse-nos coisas bonitas sobre o disco: "o Saturdays and Space Travels parte de uma ideia nossa, em meados de 2008, de fazer uma gravação completamente 70's, como as bandas que tanto adoramos. Um disco gravado ao vivo, take directo, sem muitos arranjos de produção e uma viagem ininterrupta limitada apenas pelas características de uma certa rodela de 12''. É essencialmente aquilo que tocamos ao vivo, porque é a tocar ao vivo que nos sentimos como peixe na água".

E diz-nos mais: "o título do disco vem como uma alusão clara à banda de Iommi, adicionando-lhe um factor psicadélico, as viagens espaciais; é um tributo aos grandes e pequenos do rock dessa década tão adorada por nós. Daí também optarmos pela edição em vinil. Mais do que um artefacto de colecção ou decoração, para quem quiser, era também o único formato que as bandas lançavam os discos. Que mais podíamos fazer nós além de seguir os mesmos métodos". E remata: "para não falar dos graves, claro".

Deitamos já ouvidos ao disco e promete ser um dos grandes de 2010; para que não nos acusem de mentir descaradamente, chegamo-nos à frente com um excerto de um dos lados do disco, o A; a coisa vai corridinha desde que a agulha começa num lado e chega ao outro. É uma espécie de tornado que não deixa nada em pé. É questão de se irem preparando. A apresentação oficial ao vivo de Saturdays & Space Travels acontecerá a 19 de Março na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, a estreia do disco acontece aqui:

Black Bombaim - Lado A (excerto) [mp3]

Sofa Surfers regressam com Blindside
· POR Rafael Santos · 03 Mar 2010 · 18:09 ·


Parecem fazer questão de o não divulgar, mas nós já sabemos que estão de volta. Desaparecidos desde Sofa Surfers (2005), o quarto álbum de originais (onde pareciam tentar reinventar-se), os austríacos Sofa Surfers estão de volta com mais um disquito, chama-se Blindside e será editado algures entre o final deste mês e o início do próximo. Para os curiosos agradados com esta Última, informamos que encontram-se disponíveis no site da banda 9 trechos dos temas que constituem o alinhamento de Blindside.

Entretanto, e para quem queira ver os Sofa Surfers ao vivo e a cores, podem sempre dar um pulo no próximo dia 20 de Março à Sala 2 da Casa da Música, no Porto, para assistir às novidades que Wolfgang Schlögl, Markus Kienzl, Wolfgang Frisch e Michael Holzgruber trazem na bagagem.
Music Box apresenta Back to the Pyramids e O Terceiro Reich
· POR Rafael Santos · 03 Mar 2010 · 18:07 ·


Agora que a data de edição do novo disco de Rocky Marsiano se aproxima (dia 6 de Março), nada mais pertinente que apresenta-lo ao vivo para que todos possam contempla-lo. Assim será no próximo dia 5, sexta-feira. A casa escolhida para acolher o evento de divulgação de Back To The Pyramid foi o Music Box em Lisboa (Cais do Sodré) e prevê-se a oferta de um exemplar de Back To The Pyramid para os primeiros 80 bilhetes.

E se pensam mesmo passar pelo Music Box nesta sexta-feira, fiquem também a saber que para essa noite está agendada outra festa de apresentação, não relacionada com música, mas com literatura. Falamos, pois, da segunda apresentação em Portugal do romance literário O Terceiro Reich do escritor chileno Roberto Bolaño; livro que depois das formalidades na Póvoa do Varzim no passado dia 26 de Fevereiro, exibe-se agora em Lisboa.
Gorillaz regressam em grande “Stylo”
· POR Simão Martins · 03 Mar 2010 · 16:57 ·
Eis o exemplo perfeito de um projecto que, apesar de ter na música o grande aliciante – afinal de contas, é para isso que aqui estamos – é capaz de colocar a imagem no mesmo patamar de qualidade, assumindo-se automaticamente como uma mais-valia em vários terrenos. “Stylo”, que conta com a colaboração de Bobby Womack e Mos Def, é a porta de entrada para Plastic Beach, terceiro disco de originais dos Gorillaz. Mas a estória não fica por aqui. Depois do polícia gordalhufo e trapalhão a perder de vista Noodle, 2D e Murdoc, eis que surge o mauzão. E como não podia ser outro, Bruce Willis, qual vilão saído de um Death Proof, persegue a rapaziada que sai disparada no seu Cadillac um tudo ou nada maltratado. A música, aliada às imagens, resulta num dos melhores videoclips que temos visto, com as animações da bonecada a passarem do desenho para o 3D.

Sassetti revela "Motion" no CCB
· POR Nuno Catarino · 03 Mar 2010 · 00:16 ·
É o regresso do trio de Bernardo Sassetti aos discos, é o regresso de Sassetti aos concertos. O novo disco chama-se Motion e tem como colaboradores os habituais Carlos Barretto (contrabaixo) e Alexandre Frazão (bateria). No dia 10 de Março, pelas 21h00, o grande auditório do CCB acolhe a primeira apresentação ao vivo do novo disco do trio, uma edição da imparável Clean Feed - "melhor editora jazz do mundo", dirão alguns sem exagero. Além do CCB, o trio de Sassetti apresenta-se em Águeda, no Cine-Teatro S. Pedro no dia 12, e no Porto, na Casa da Música, no dia 16. Curiosidades: uma faixa do novo disco homenageia "O Homem Que Diz Adeus" e há duas versões, "Homecoming Queen" dos Sparklehorse e "Cançó n.º 6" de Federico Mompou.

Abril não será decisivo, mas tem sua importância
· POR Bruno Silva · 02 Mar 2010 · 09:45 ·
Nem será propriamente um single de avanço, mas sim um pequeno teaser que mostra o Roska em modo "Unfinished Business" dos Aphrodisiax. Dada a lacuna de edições mais generalistas (i.e. álbuns) saídos da fervilhante UK Funky e a comummente aceitação do Roska enquanto nome charneira do género (muito por via da remix de "Just For You" de Untold), esta edição na londrina Rinse com data anunciada para Abril é aguardada com grande expectativa. Daquilo que tem vindo a lume em DJ Sets e edições mais ou menos dispersas e subterrâneas, Roska parece ter abandonado em parte o seu lado ultra-sincopado presente em Elevated Levels ou The Climate Change para se entregar a uma multiplicidade de registos menos centrada no apelo físico da cena.

Tal como já vinha sendo evidenciado em algumas das remisturas mais recentes ou, de modo mais contundente, em temas como "Wonderful Day" com o Jamie George ou "Hey Cutie". Será certamente um passo importante que, a par com a edição do muito aguardado álbum da Katy B (com produção do Geeneus e do Zinc) também para breve, poderão permitir especular se 2010 não pode vir a ser o ano da "democratização" da UK Funky. Mas isto é apenas uma conjectura de Março.

Em Maio, No Age e Thee Oh Sees com fartura e tudo o mais que o povo aguentar
· POR André Gomes · 01 Mar 2010 · 21:39 ·
Maio está a rebentar pelas costuras. Não sabemos o que fazer mais com a agenda, não sabemos como inventar mais dias e mais horas para acorrer à imensa oferta que esse mês nos presenteia. Mas há sempre mais espaço para propostas deste calibre. Há de tudo para o freguês que alinha nestas coisas de deixar a vida para trás para ir a todas. Há concertos esgotados e por esgotar, há hypes e coisas ainda por hypar, há propostas para o recolhimento e para a extroversão. A 26 de Maio no Porto (Plano B, entrada a 15 euros) e no dia seguinte em Lisboa (Galeria Zé dos Bois) a coisa está mesmo é para o sair da casca: os No Age e os Thee Oh Sees prometem deixar ambas as salas excitadas como um miúdo de 18 anos. Evitem pedir uma sopa antes porque vão precisar do estômago vazio.

Já nos esquecíamos da frase da praxe: os No Age vêm a Portugal apresentar Nouns e os Thee Oh Sees a porrada de discos que editam todos os anos. Zeca Afonso dizia "Maio, Maduro Maio"; nós dizemos: "Maio, Maluco Maio". Por falar em maluco, aqui está o vídeo dos No age para "Losing Feeling":

peixe : avião lançam novo disco em Setembro
· POR André Gomes · 01 Mar 2010 · 12:50 ·
Está confirmado: 2010 será o ano de edição do segundo álbum de originais dos bracarenses peixe : avião. O sucessor de 40.02 chama-se Madrugada. O segundo disco destes de Braga foi gravado e co-produzido nos estúdios Valentim de Carvalho por Nélson Carvalho, culminando uma colaboração que se iniciou em Abril de 2009. O primeiro single será revelado ainda antes do Verão, enquanto que a saída do álbum está confirmada para Setembro.

Ronaldo Fonseca põe-nos a par da coisa: "gravámos 14 temas e estamos no processo de finalização de misturas e selecção do alinhamento". Ele e as novas plataformas da nossa querida internet: o Facebook, Myspace e o Twitter tratarão de dar mais notícias em breve.

Enquanto o novo disco não chega, aproveitamos para recordar o episódio que a banda gravou para Videoteca:

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