CANÇÕES / Setembro 2013
"Organ Eternal"
These New Puritans
· POR André Gomes · 10 Set 2013 · 00:41 ·


"Organ Eternal" é uma canção - e não é uma canção. É e não é. A sua estrutura é relativa. Parece, com toda a sinceridade, o resultado de uma encomenda dos These New Purians a Steve Reich. O novo disco dos britânicos é mesmo assim: apostado em encurtar distâncias, corajoso, capaz de dar à banda uma nova cara - uma nova missão. E "Organ Eternal" é uma das maiores expressões dessa mudança - um sucesso a todos os níveis. A canção-não-canção bem que faz justiça ao seu título: ergue-se um órgão que parece eterno, depois aparece um baixo de grande estatura, segue-se um metalofone, um banho de cordas, um banho de vozes, falta de estrutura, estrutura a mais (no bom sentido, claro). Beleza por todo o lado. Impressionante, na falta de melhor palavra. Não deve ser fácil passar isto para uma partitura. E daí, nem é de todo preciso. Passar-lhe ao lado em 2013 devia ser severamente punido.

"Flatline"
Mutya Keisha Siobhan
· POR Ana Patrícia Silva · 02 Set 2013 · 11:02 ·


Já lá vão 13 anos desde a última vez que as vozes de Mutya, Keisha e Siobhán, os três elementos fundadores das Sugababes, se ouviram juntas. E foi desta forma serena mas poderosa que se reencontraram. "Flatline" tem as dedadas melancólicas de Dev Hynes e o mesmo espírito que paira naquilo que fez com Solange e Sky Ferreira, com um leve pestanejar à década de 80 e o lamento de uma relação prestes a cair no esgoto. A produção ergue-se numa interessante arquitectura sónica mas também liberta espaço suficiente para servir de montra aos talentos individuais das três vozes – tão singulares quando são deixadas a sós e tão simbioticamente unidas quando se juntam no refrão. E tudo aqui desagua no refrão, no arrepio nostálgico de ouvir a forma como estas três vozes se irrigam e fundem na mais perfeita harmonia. Com uma distinta faísca adulta conseguem reacender a essência das Sugababes e reter o charme dos seus primórdios. E se isto não for suficiente, é seguir para a remistura de MNEK – o puto maravilha pega na canção, acelera-lhe o coração e leva-a até à pista numa aeróbica house com subtons soul.

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