CANÇÕES / Novembro 2012
"Devil Wants My Soul"
French Montana
· POR Bruno Silva · 08 Nov 2012 · 00:14 ·


É certo que para um rapper aparecido tão recentemente e com pouco mais do que três hits em carteira, o Chief Keef se tornou uma referência muito mais intrusiva do que seria expectável para alguém que ainda não tem sequer um álbum em nome próprio. Sendo que a influência quase "seminal" dele nos putos - de Chicago, principalmente - é facilmente justificável por razões de identificação ou peer pressure, menos se torna quando esta é assumida (?) de modo tão descarado por um rapper 10 anos mais velho, já com alguma cred e "Pop That" no Top 40 da Billboard. O mais criminoso é que "Devil Wants My Soul" vai muito para além da barreira da influência para se tornar no maior rip-off possível da < a href="http://www.youtube.com/watch?v=YWyHZNBz6FE">"Love Sosa" sem a ser. Se a semelhança entre os dois instrumentais do Young Chop é inegável ao ponto de forçar essa comparação, já a cadência do French Montana é de tal modo colada à do Chief Keef que é impossível ouvi-la sem uma associação imediata à qual falta todo o carisma apático do wonder kid de Chicago. Também não deixa de ser curioso o facto de isto sair tão pouco tempo depois, e numa altura em que ambos se preparam para editar os seus álbuns de estreia através da Interscope. O que, a não haver adiamentos - Excuse My French" do Montana esteve previsto para Julho - acontecerá no mês de Dezembro.

"Prostituto"
Deize Tigrona & Jaloo
· POR Ana Patrícia Silva · 02 Nov 2012 · 20:54 ·


Ela é uma diva do funk carioca que já tem colaborado com nomes como Diplo e M.I.A. (“Bucky Done Gun” foi inspirada no hino “Injeção”) ou os Buraka Som Sistema (é dela a voz em “Aqui Para Vocês”). Ele é um DJ/produtor paraense que costuma ocupar-se com remisturas inventivas de tecnobrega com um apetite omnívoro e uma marca muito própria. A combustão das duas linguagens é entusiasmante. “Prostituto” cruza a crueza pornográfica do baile funk com o colorido sintético do tecnobrega. O som é 100% puro e genuíno, sem os filtros cool e cosmopolitas de apropriadores culturais forasteiros. A produção de Jaloo tem uma densidade imagética que vive entre uma nostalgia melódica, imundices do dubstep, sintetizadores tropicais e trampolins de batidas. A letra – básica, badalhoca, totalmente XXX/NSFW/etc. – é tudo o que se espera do funk carioca. Deize Tigrona, a mestre de cerimónias desta bacanal, está a ferver.

"Something New"
Girls Aloud
· POR Ana Patrícia Silva · 01 Nov 2012 · 14:41 ·


As Girls Aloud sempre triunfaram por se atirarem a uma pop pós-Britney absolutamente maníaca, alienígena e descarada. Tinham mais energia e tomates que toda a pandilha indie-rock que governava a música em meados da década passada e detinham a essência pura da pop – repleta de atitude, inteligência e sentido de humor, com horizontes bem abertos para absorver dicas de outros géneros musicais. A equipa de produção Xenomania era aplaudida por reinventar a pop numa altura em que já quase todos tinham desistido dela. Mas quem esperava pelas Girls Aloud e pelos Xenomania para salvar a pop da actual tirania euro-dançável, pode continuar sentado. Regressam este ano para celebrar o décimo aniversário com, claro, um best of e um punhado de canções novas, mas parecem ter perdido qualidades. Os melhores singles das Girls Aloud construíam-se de diferentes fragmentos aparentemente desconexos mas que resultavam em enormes Frankensteins de canções. Pouco fazia sentido – as letras, a estrutura, a cacofonia pop – mas resultava, e de que forma. Elas que até já fizeram isto e já o fizeram melhor (“Something Kinda Ooooh”, “Girl Overboard”), caíram aqui num buraco negro de pulsações sintetizadas totalmente genéricas e de linhas melódicas fracas. Mas as Girls Aloud são tão intocáveis que até um dos piores singles da história do grupo continua a ser um bom single. “Something New” é um autêntico assalto sónico: um refrão totalmente desarmante, alguns momentos triunfantes ("we’re the leaders of the pack!”), outros embaraçosos (“go girls g-g-go-go-go”), entregas vocais que retêm o charme das cinco-maravilha, e uma produção eufórica e tribal com o eterno espírito rave dos Xenomania.

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