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Óptimo, vivo e recomenda-se
· 01 Jul 2011 · 19:05 ·


A seis dias do arranque do Optimus Alive, o festival que não obstante a sua ainda curta longevidade já alcançou uma notável projecção internacional, tendo recebido elogios de dentro do mundo da música e não só (como o atesta o destaque que a Easy Jet lhe fez numa sua publicação), urge analisar o cartaz para que não fique nada por lembrar; até porque o seu início é também o do verão musical no país e de um Julho impróprio para crises. Assim sendo, o Bodyspace aqui e agora humildemente ajudará os ainda indecisos (existirão?) a escolher por entre a muita e variada oferta do cartaz deste ano.

6 de Julho

Temia-se esgotado muito por culpa da popularidade que os Coldplay granjeiam no país, mas durante a última semana foram colocados mais 2000 bilhetes à venda para quem não quer perder por nada o regresso de Chris Martin y sus muchachos a Portugal. Na calha está um disco ainda sem nome - sabe-se apenas que sairá lá para Outono, se acabar tudo bem - mas onde estará presente o novo single que já por aí roda, "Every Teardrop Is A Waterfall". Não só apresentarão canções novas, como também clássicos como "Yellow" e "Clocks", ou as pessoalmente favoritas "Talk" e "Violet Hill"; sobem ao palco principal às 22h, logo após a (ainda) belíssima Debbie Harry e a sua banda de sempre revisitar o passado e mostrar porque é que os homens sempre preferiram as loiras. Os Blondie também regressam com disco novo, este já lançado: Panic Of Girls. Mas, como será de esperar, nesta noite os fãs quererão é que lhes digam que têm um cabelo magnífico. Início às 20h30. No palco secundário as atenções estarão viradas para dois novos nomes que têm causado furor neste 2011; James Blake (20h) e Anna Calvi (21h10). O primeiro é dono de um dos melhores discos de até agora, onde canções soul são feitas por quem passou alguns anos a treinar no dubstep, a segunda já recebeu elogios de dois dos grandes - Brian Eno e Nick Cave - e já lhe chamaram inclusive a nova PJ Harvey. Ainda: o rock dos These New Puritans (22h20) e a pop de Patrick Wolf (23h40), que volta ao país para apresentar o novíssimo Lupercalia. Finalmente, a primeira de quatro showcases: a Amor Fúria sobre ao palco do Optimus Clubbing com vários dos nomes que constituem o seu repertório, entre eles os gloriosos Smix Smox Smux, Feromona ou Os Golpes com Rui Pregal da Cunha - e claro que será para cantar "Vá Lá Senhora".

7 de Julho

O dia com mais peso: tanto por culpa dos Foo Fighters (00h25), cujo regresso era aguardado com impaciência há anos e anos, como de Iggy Pop e dos seus Stooges (22h45), que praticamente na terceira idade continua a mostrar a muita criançada o que é o rock n´roll a sério. Não fosse ele quem diz ser: a street walking cheetah with a heart full of napalm... mas peso não haverá só no principal. Os Crocodiles, de quem já falámos, levarão ternura pop e urgência rock ao Palco Super Bock (17h), muito antes de uma das grandes estrelas do cartaz deste ano aí subir; falamos de Bobby Gillespie e dos Primal Scream (21h15), naquela que será a apresentação ao vivo e na íntegra do enorme Screamadelica, reeditado vinte anos depois de ter posto toda a gente a dançar, desde malta do acid à do bom e velho rock. "Slip Inside This House", "Higher Than The Sun", "Come Together"... todas as grandes malhas que o compõem irão estar presentes. A Enchufada, dos cada vez menos portugueses e cada vez mais mundiais Buraka Som Sistema, far-se-á representar pelos próprios e por outros nomes de igual interesse dançável: Diamond Bass, Goose e o dinossauro Diplo para fazer abanar os corpos de quem se deslocar à tenda e os alicerces da mesma.

8 de Julho

Se no principal os Chemical Brothers (1h15) arrancarão o big beat e "Galvanize" das garras do tempo, no secundário o já mencionado Nick Cave estreará os seus Grinderman em palcos nacionais (22h15); com dois discos já na bagagem, o grupo dá uma menor ênfase à poesia - tão presente nos Bad Seeds - e maior ao rock n´roll e àquilo que compõe uma malha a sério: atestem-no, por exemplo, "Honey Bee", "No Pussy Blues" ou "I Don´t Need You (To Set Me Free)", todas do registo de estreia em 2007. Para ver, igualmente: os Friendly Fires (18h), que trazem consigo o recente Pala - e não são bem para ver quanto são para dançar -, os incríveis Fleet Foxes (20h30), que também andavam a ser requisitados por cá desde que Ragged Wood se mostrou um disco belo, belíssimo (e desde já admitimos a nossa grande vontade em ver se "He Doesn´t Know Why" é tão épica ao vivo quanto no CD), com o novo Helplessness Blues não lhe ficando mesmo nada atrás, e os Thievery Corporation (00h15), duo norte-americano de inspiração dub que lançou durante a semana o seu sexto registo; falamos de Culture Of Fear, onde "Stargazer" se assume desde já como um dos hinos do verão. Do outro lado, a showcase da Dim Mak, e o destaque que, infelizmente para Uffie e para o patrão Steve Aoki, teremos de dar todo aos Atari Teenage Riot, vivos, regressados após uma má experiência no Hard Club em 2010, e com um disco que já não se julgava possível estar-lhes no sangue, o cáustico e anarquista (sempre!) Is This Hyperreal?. A revolução dá-se pelas 22h50.

9 de Julho

O festival encerra com mais um revisitar de memórias: os Jane´s Addiction sobem ao palco principal pelas 23h30 para mostrar porque é que ali no início dos anos 90 eram das melhores bandas do mundo. Antes disso os Kaiser Chiefs (20h30), tão adorados por cá, apresentam o mais recente The Future Is Medieval para além de temas como o indispensável "I Predict A Riot". O secundário fecha com as guitarras dos Linda Martini (18h55), Foals (20h05) e os regressados TV On The Radio (21h20), após a morte do seu baixista de sempre, Gerard Smith. Já para não falar do rapper britânico Dizzie Rascal, pelas 22h45, antes dos excelentes e nacionais Orelha Negra (00h15) continuarem a cavalgar a onda do seu disco de estreia, que este ano teve direito a tratamento de luxo sob a forma de mixtape - como o atesta "M.I.R.I.A.M." cruzada com um dos melhores raps já ouvidos da boca do inigualável Valete («a sério, se não achas que isto é uma das melhores malhas do ano não percebes UM BOI de música»). A última showcase é igualmente para dançar: Boys Noize volta a um sítio onde já foi feliz em 2008, desta feita com a sua editora, trazendo DJs como Erol Alkan ou Gold Panda e grupos como os Spank Rock. Tudo isto para terminar em beleza um festival que se quer que sobreviva por muitos mais anos e que obtenha muitos mais shoutouts por parte do mundo lá fora. Que arranquem então as hostilidades.
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

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