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LIVRO
Jazz Posters
João Fonseca
· 26 Dez 2018 · 21:31 ·
Jazz Posters
João Fonseca
2018
Argumentum / Hot Clube de Portugal
João Fonseca
2018
Argumentum / Hot Clube de Portugal
Jazz Posters
João Fonseca
2018
Argumentum / Hot Clube de Portugal
João Fonseca
2018
Argumentum / Hot Clube de Portugal
Cartazes históricos do jazz português.
No ano em que assinalam os 70 anos da sua fundação, o Hot Clube de Portugal promove a edição de um livro que reúne cartazes históricos de concertos. Esta publicação “Jazz Posters” - edição bilingue, em português e inglês - reúne cerca de 60 cartazes criados por João Fonseca (1958-2011). Não sendo designer de formação, o arquitecto e ilustrador João Fonseca criou cartazes para concertos do histórico clube de jazz, entre os anos de 1985 e 1989. Fonseca trabalhou para o Hot Clube sempre em regime “pro bono”, pelo amor à música, sem nunca receber nada em troca.
Por um lado, estes cartazes são verdadeiros objectos de arte e o livro funciona como um catálogo, uma mostra do design português de uma época. Cada concerto tinha uma imagem própria, assente num trabalho original de tipografia e composição gráfica, comunicando visualmente a música de cada grupo. Com recursos limitados, Fonseca trabalhava à mão e criava obras especiais, aqui reproduzidas na escala real (A3). Em cada cartaz vemos uma imagem original, única, irrepetível.
Nos dias de hoje, qualquer pessoa tem acesso a ferramentas informáticas de edição de imagem e qualquer pessoa (mesmo sem formação ou noção estética) pode fazer cartazes, muitas vezes até os próprios músicos que o fazem. Como resultado, muitos deles são banais ou sofríveis. E muitas vezes nem sequer há cartaz, apenas um “evento” numa rede social… Naturalmente, o facto de se apresentar uma imagem de qualidade para comunicar um concerto acrescenta dignidade à música. O universo jazzístico estará bem ciente da relevância do design e da ligação entre música e imagem, todos conhecerão a importância do trabalho de Reid Miles com a editora Blue Note, por exemplo. Nos cartazes de Fonseca deparamo-nos com uma espécie de era dourada da comunicação visual do jazz português.
Por outro lado, e para lá do aspecto artístico, estes cartazes funcionam também como arquivo e memória dos concertos e dos músicos, encontramos aqui os músicos portugueses mais activos da cena portuguesa na segunda metade dos anos ’80. Vemos nomes de músicos que foram muito importantes na época, como David Gausden (o músico mais representado, presente em 11 cartazes), Carlos Vieira, Jorge Reis, João Maló e Nanã Sousa Dias. E vemos outros nomes que continuam ainda hoje a dar cartas: Carlos Barretto, Mário Delgado, os irmãos Moreira, Mário Laginha, José Salgueiro, Carlos Martins e Mário Franco. O livro é complementado com um texto, assinado por Alberto Lopes, importante para o enquadramento de contexto histórico, analisando o trabalho de Fonseca (abordando a técnica, referindo também os constrangimentos) e a programação do Hot Clube da época.
Esta edição, iniciativa do Hot Clube de Portugal em parceria com a editora Argumentum, merece duplo aplauso, não só do mundo do jazz e mas também do mundo do design. Para lá de dar a conhecer o trabalho original de João Fonseca, que merece ser reconhecido e homenageado, o livro contribui para preservar a memória do jazz português.
Nuno CatarinoPor um lado, estes cartazes são verdadeiros objectos de arte e o livro funciona como um catálogo, uma mostra do design português de uma época. Cada concerto tinha uma imagem própria, assente num trabalho original de tipografia e composição gráfica, comunicando visualmente a música de cada grupo. Com recursos limitados, Fonseca trabalhava à mão e criava obras especiais, aqui reproduzidas na escala real (A3). Em cada cartaz vemos uma imagem original, única, irrepetível.
Nos dias de hoje, qualquer pessoa tem acesso a ferramentas informáticas de edição de imagem e qualquer pessoa (mesmo sem formação ou noção estética) pode fazer cartazes, muitas vezes até os próprios músicos que o fazem. Como resultado, muitos deles são banais ou sofríveis. E muitas vezes nem sequer há cartaz, apenas um “evento” numa rede social… Naturalmente, o facto de se apresentar uma imagem de qualidade para comunicar um concerto acrescenta dignidade à música. O universo jazzístico estará bem ciente da relevância do design e da ligação entre música e imagem, todos conhecerão a importância do trabalho de Reid Miles com a editora Blue Note, por exemplo. Nos cartazes de Fonseca deparamo-nos com uma espécie de era dourada da comunicação visual do jazz português.
Por outro lado, e para lá do aspecto artístico, estes cartazes funcionam também como arquivo e memória dos concertos e dos músicos, encontramos aqui os músicos portugueses mais activos da cena portuguesa na segunda metade dos anos ’80. Vemos nomes de músicos que foram muito importantes na época, como David Gausden (o músico mais representado, presente em 11 cartazes), Carlos Vieira, Jorge Reis, João Maló e Nanã Sousa Dias. E vemos outros nomes que continuam ainda hoje a dar cartas: Carlos Barretto, Mário Delgado, os irmãos Moreira, Mário Laginha, José Salgueiro, Carlos Martins e Mário Franco. O livro é complementado com um texto, assinado por Alberto Lopes, importante para o enquadramento de contexto histórico, analisando o trabalho de Fonseca (abordando a técnica, referindo também os constrangimentos) e a programação do Hot Clube da época.
Esta edição, iniciativa do Hot Clube de Portugal em parceria com a editora Argumentum, merece duplo aplauso, não só do mundo do jazz e mas também do mundo do design. Para lá de dar a conhecer o trabalho original de João Fonseca, que merece ser reconhecido e homenageado, o livro contribui para preservar a memória do jazz português.
nunocatarino@gmail.com
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