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FILME
No Cameras Allowed
James Marcus Haney
· 05 Dez 2015 · 00:01 ·
No Cameras Allowed
James Marcus Haney
2014
Fake Empire
James Marcus Haney
2014
Fake Empire
No Cameras Allowed
James Marcus Haney
2014
Fake Empire
James Marcus Haney
2014
Fake Empire
Quem nunca arriscou a pele para ver aquela banda? Haney fez disso profissão - e documentou-o em filme.
Eis aquilo que ninguém ligado ao jornalismo ou blogging musical gosta de admitir: só estamos nisto pelas credenciais. Só estamos nisto porque adoramos demasiado a música, toda ela, e raramente temos o dinheiro suficiente para acompanhar ao vivo todas as bandas e artistas de que gostamos, sete dias por semana, trinta dias por mês, fora os festivais. Se não há dinheiro, oferecemo-nos para escrever quatro ou cinco parágrafos de chacha e paf!, temos entrada garantida em todos os concertos que queiramos ver.
Foi mais ou menos esta a mentalidade de James Haney, que entretanto se tornou fotógrafo profissional, tendo começado a carreira enquanto penetra em Coachella. Uma foto que tirou a Jay-Z mudou radicalmente a sua vida; de amador passou a contratado, enquanto contratado anda pelo mundo a fotografar festivais, largadas de touros em Pamplona ou as gentes das Ilhas Faroé, um estilo de vida mesmo nada mau - e invejável, pelo menos deste lado. No Cameras Allowed documenta o modo como Haney se conseguiu infiltrar em vários festivais norte-americanos (e não só: Glastonbury também foi "alvo") e daí parte para uma espécie de biografia daquilo que tem andado a fazer desde 2010. A premissa é interessante e há momentos que arrancam gargalhadas.
O único problema de No Cameras Allowed é soar demasiado irreal para ser verdade. É certo que entrar à socapa num festival não será, se calhar, tão difícil quanto isso; nós próprios já tivemos acesso a vários backstages e salas de imprensa e constatámos que as grades ali colocadas e a segurança em cada espaço não impediriam alguém mais engenhoso de ali entrar e aproveitar para ver concertos à borla. A irrealidade da coisa não vem daí, mas sim dos diálogos, platitudes afogadas em cliché teen que parecem saídas de um qualquer filme da MTV. Que, por acaso, até deu o seu backing a No Cameras Allowed...
Fora isso, e porque todos gostamos de um bom filme de gentlemen thieves, No Cameras Allowed e todos os seus oitenta e tal minutos prendem-nos do início ao fim porque nos revemos ali, naquela personagem que será ou não verdadeira, no miúdo que deseja seguir tão de perto a sua banda preferida que está disposto a cometer crimes (que o são). Só não nos revemos, naturalmente, no facto de que "a sua banda" são os execráveis Mumford & Sons - os quais fizeram de James Haney o seu fotógrafo profissional. Mas quem disse que todos os melómanos tinham de ter bom gosto?
Paulo CecÃlioFoi mais ou menos esta a mentalidade de James Haney, que entretanto se tornou fotógrafo profissional, tendo começado a carreira enquanto penetra em Coachella. Uma foto que tirou a Jay-Z mudou radicalmente a sua vida; de amador passou a contratado, enquanto contratado anda pelo mundo a fotografar festivais, largadas de touros em Pamplona ou as gentes das Ilhas Faroé, um estilo de vida mesmo nada mau - e invejável, pelo menos deste lado. No Cameras Allowed documenta o modo como Haney se conseguiu infiltrar em vários festivais norte-americanos (e não só: Glastonbury também foi "alvo") e daí parte para uma espécie de biografia daquilo que tem andado a fazer desde 2010. A premissa é interessante e há momentos que arrancam gargalhadas.
O único problema de No Cameras Allowed é soar demasiado irreal para ser verdade. É certo que entrar à socapa num festival não será, se calhar, tão difícil quanto isso; nós próprios já tivemos acesso a vários backstages e salas de imprensa e constatámos que as grades ali colocadas e a segurança em cada espaço não impediriam alguém mais engenhoso de ali entrar e aproveitar para ver concertos à borla. A irrealidade da coisa não vem daí, mas sim dos diálogos, platitudes afogadas em cliché teen que parecem saídas de um qualquer filme da MTV. Que, por acaso, até deu o seu backing a No Cameras Allowed...
Fora isso, e porque todos gostamos de um bom filme de gentlemen thieves, No Cameras Allowed e todos os seus oitenta e tal minutos prendem-nos do início ao fim porque nos revemos ali, naquela personagem que será ou não verdadeira, no miúdo que deseja seguir tão de perto a sua banda preferida que está disposto a cometer crimes (que o são). Só não nos revemos, naturalmente, no facto de que "a sua banda" são os execráveis Mumford & Sons - os quais fizeram de James Haney o seu fotógrafo profissional. Mas quem disse que todos os melómanos tinham de ter bom gosto?
pauloandrececilio@gmail.com
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