DISCOS
Portastatic
Be Still Please
· 23 Mar 2007 · 07:00 ·

Portastatic
Be Still Please
2007
Merge / Acuarela / Popstock!
Sítios oficiais:
- Portastatic
- Merge
- Acuarela
- Popstock!
Be Still Please
2007
Merge / Acuarela / Popstock!
Sítios oficiais:
- Portastatic
- Merge
- Acuarela
- Popstock!

Portastatic
Be Still Please
2007
Merge / Acuarela / Popstock!
Sítios oficiais:
- Portastatic
- Merge
- Acuarela
- Popstock!
Be Still Please
2007
Merge / Acuarela / Popstock!
Sítios oficiais:
- Portastatic
- Merge
- Acuarela
- Popstock!
O patrão dos Arcade Fire pinta um quadro pop muito mais vivido e colorido que aqueles que conhecemos aos seus mais rentáveis empregados.
É compreensível que, a partir de meados da década de 90, Mac MacCaughan se tenha decidido por cultivar a mais solitária faceta Portastatic em paralelo à mantida na liderança dos heróis indie Superchunk – a segunda implicava um compromisso imenso para com os miúdos que ocupavam as filas dianteiras dos concertos da banda de Chapel Hill, além de expectativas concretas semeadas por um mais “rasgado” maneio das guitarras em provocações juvenis como “Slack Motherfucker” ou “Fishing”. De certa forma, Mac MacGaughan via condicionada a sua evolução enquanto escritor de canções por ter oferecido bons momentos de rock out a um público sedento de fuzz nos anos grunge. Nessa altura, MacCaughan sentia a pressão dos novos mecenas que se perfilavam no período de orfandade que se seguiu ao grunge.
Talvez por isso, alguma incompreensão não deixou de assombrar discos francamente excepcionais como Come Pick Me Up e Here’s to Shutting Up - a cargo dos Superchunk - por incluírem um dinamismo a que não será totalmente familiar o típico fã da banda. Exigiam uma madura adaptação os arranjos de invejável primor, uma produção mais elaborada ou a lufada de ar fresco oferecida por Jim O’Rourke (que colaborou no primeiro dos últimos (?) discos da banda da Matador entretanto transferida para a Merge que o próprio Mac administra). A opção Portastatic representa essencialmente a carta verde que merece alguém cuja versatilidade pop começou, aos poucos e conforme o avanço da idade, a eclipsar o fulgor rock dos verdes anos. Além disso, Mac MacCaughan só tem de prestar satisfações a si mesmo por quaisquer falhanços artísticos ou comercias.
É, de facto, um descanso ser-se patrão de si mesmo e despertar despreocupadamente com um sorriso que mais brilha quando verificado o rendimento que ofereceu nas últimas vinte quatro Funeral (e, agora, Néon Bible) dos Arcade Fire – sim, é um dado pouco relevante para o caso, mas Mac MacGaughan ocupa o mais alto cargo do patronato da coqueluche canadiana. Tão optimistas como os tempos que se vivem na label Merge, são as canções que dão forma a Be Still Please, simpático registo que revisita os temas mais queridos a Mac MacCaughan – rituais pessoais e utopias à pequena escala - assumindo as rédeas do mesmo tratamento luxurioso da pop e melodias, cruzando equilibradamente as cumplicidades que podem desenvolver a grandiosidade cinemática (lá estão os violinos) e o intimismo (lá está a guitarra acústica), sendo “Like a Pearl” evidência absoluta desse sentido harmonioso. Nas situações em que o optimismo se torna mais nublado, Be Still Please revolve a abordagens filosóficas das relações humanas, ou, pelo menos, tanto quanto permite o repouso oferecido por umas férias em paradisíaco local incerto.
Liricamente, Mac MacCaughan retoma à confessionalidade simplificada e cristalina que o tornou guia espiritual de Matthew Pryor (The New Amsterdams) ou Chris Carrabba (Dashboard Confessional), que conduziram essa doação até um plano ainda mais sentimental. Quando, na limpidamente country “Getting Saved”, refere que Now I have filthy thoughts about you, I hope you have the same for me when I’m gone, quase parece essa frase servir de sequela mais adulta a uma muito mais desenvergonhada “Phone Sex” dos Superchunk
A falta de pudor, em Be Still Please, verifica-se muito mais à falta de filtros que até aqui podiam impedir a pop de ser projectada como um palácio habitável – como se todos os discos antecedentes a este, no currículo de Mac MacCaughan, fossem apenas esboços da ambição que podia potenciar a sua mais eficaz arma. Sem deixar de acusar a quebra de ritmo imposta por um par de derrapes (a country de chamadas de longa distância não é o forte de quem chefia a Merge), não deve Be Still Please deixar de ser considerado como companhia perfeita para umas férias quentes amenizadas pelo sopro do coração.
Miguel ArsénioTalvez por isso, alguma incompreensão não deixou de assombrar discos francamente excepcionais como Come Pick Me Up e Here’s to Shutting Up - a cargo dos Superchunk - por incluírem um dinamismo a que não será totalmente familiar o típico fã da banda. Exigiam uma madura adaptação os arranjos de invejável primor, uma produção mais elaborada ou a lufada de ar fresco oferecida por Jim O’Rourke (que colaborou no primeiro dos últimos (?) discos da banda da Matador entretanto transferida para a Merge que o próprio Mac administra). A opção Portastatic representa essencialmente a carta verde que merece alguém cuja versatilidade pop começou, aos poucos e conforme o avanço da idade, a eclipsar o fulgor rock dos verdes anos. Além disso, Mac MacCaughan só tem de prestar satisfações a si mesmo por quaisquer falhanços artísticos ou comercias.
É, de facto, um descanso ser-se patrão de si mesmo e despertar despreocupadamente com um sorriso que mais brilha quando verificado o rendimento que ofereceu nas últimas vinte quatro Funeral (e, agora, Néon Bible) dos Arcade Fire – sim, é um dado pouco relevante para o caso, mas Mac MacGaughan ocupa o mais alto cargo do patronato da coqueluche canadiana. Tão optimistas como os tempos que se vivem na label Merge, são as canções que dão forma a Be Still Please, simpático registo que revisita os temas mais queridos a Mac MacCaughan – rituais pessoais e utopias à pequena escala - assumindo as rédeas do mesmo tratamento luxurioso da pop e melodias, cruzando equilibradamente as cumplicidades que podem desenvolver a grandiosidade cinemática (lá estão os violinos) e o intimismo (lá está a guitarra acústica), sendo “Like a Pearl” evidência absoluta desse sentido harmonioso. Nas situações em que o optimismo se torna mais nublado, Be Still Please revolve a abordagens filosóficas das relações humanas, ou, pelo menos, tanto quanto permite o repouso oferecido por umas férias em paradisíaco local incerto.
Liricamente, Mac MacCaughan retoma à confessionalidade simplificada e cristalina que o tornou guia espiritual de Matthew Pryor (The New Amsterdams) ou Chris Carrabba (Dashboard Confessional), que conduziram essa doação até um plano ainda mais sentimental. Quando, na limpidamente country “Getting Saved”, refere que Now I have filthy thoughts about you, I hope you have the same for me when I’m gone, quase parece essa frase servir de sequela mais adulta a uma muito mais desenvergonhada “Phone Sex” dos Superchunk
A falta de pudor, em Be Still Please, verifica-se muito mais à falta de filtros que até aqui podiam impedir a pop de ser projectada como um palácio habitável – como se todos os discos antecedentes a este, no currículo de Mac MacCaughan, fossem apenas esboços da ambição que podia potenciar a sua mais eficaz arma. Sem deixar de acusar a quebra de ritmo imposta por um par de derrapes (a country de chamadas de longa distância não é o forte de quem chefia a Merge), não deve Be Still Please deixar de ser considerado como companhia perfeita para umas férias quentes amenizadas pelo sopro do coração.
migarsenio@yahoo.com
ÚLTIMOS DISCOS


ÚLTIMAS