DISCOS
Mike Hansen
At Every Point
· 02 Mar 2007 · 08:00 ·
Mike Hansen
At Every Point
2006
Etude


Sítios oficiais:
- Etude
Mike Hansen
At Every Point
2006
Etude


Sítios oficiais:
- Etude
Mike Hansen, improvisador electro-acústico de Toronto larga disco em nova editora de Barcelona. E está quase tudo dito.
At Every Point desenrola-se ao longo de cinco peças todas elas com mais de 7 minutos e menos de 16. Ao todo, são quase 53 minutos de explorações que Mike Hansen decidiu entregar à Etude, uma editora criada em Barcelona em 2006 que se dedica à música experimental, à improvisação, field recordings, música minimal e aos sons obscuros em geral. O cenário editorial pareceu agradar a Mike Hansek, improvisador electro-acústico de Toronto que se tem vindo a envolver-se na cena improvisada canadiana há mais de uma década. Para este lançamento em particular fez-se rodear essencialmente de percussão, uma guitarra eléctrica e dos sons e samples de gira-discos, o seu principal aliado musical de longa data.

O terreno preparado por Mike Hansen é gélido e desumano mas igualmente fértil. O desenvolvimento de “The day before the day” é lento e cuidado e, por isso, rico em sensações. “Ridying up after” é bastante mais sedutor e preenchido do que o tema anterior, acima de tudo pela presença constante da percussão, mas logo a seguir “The Alarm went off sooner than expected” marca o regresso a terrenos mais pausados e serenos. At Every Point é por isso um disco de altos e baixos – quer em termos de método, quer em termos de interesse. O próprio Mike Hansen descreve a sua técnica como sendo a de um pintor construtivista, no sentido de fazer música com os sons que tem à mão e transformar esses sons em algo novo e imediato. E também cerebral e exigente.

Enquanto que “Once held a lighter high in the sky” explora o ruído como ainda não tinha sido feito em At Every Point (em volumes e em intensidade), “An example of what I meant” introduz elementos de fantasia e quimera num disco bastante cru e autêntico – se quiserem real. Introduz-lhe até uma certa espiritualidade que deixa água na boca e o desejo que Mike Hansen se aventure mais amiúde por este tipo de terrenos. “An example of what I meant” é a única porção ligeiramente quente e quase humana de um terreno já de si fértil, fechando um disco em que, apesar de o método se sobrepor à forma, Mike Hansen consegue momentos fervilhantes e merecedores de atenção.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net

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