DISCOS
Tom Brosseau
Empty Houses Are Lonely
· 05 Jun 2006 · 08:00 ·
Tom Brosseau
Empty Houses Are Lonely
2006
Fat Cat / Flur


Sítios oficiais:
- Tom Brosseau
- Fat Cat
- Flur
Tom Brosseau
Empty Houses Are Lonely
2006
Fat Cat / Flur


Sítios oficiais:
- Tom Brosseau
- Fat Cat
- Flur
Empty Houses are Lonely é um álbum fácil de resumir: calmo, tranquilo, sem sobressaltos. Por vezes folk em estado puro, com vocalizações a fugir muitas vezes para o falsete (pensaram bem, Jeff Buckley) e constantes inflexões pouco ortodoxas, uma boa dose de fingerpicking e apenas um ou outro elemento “estranho” (leia-se adicional) a intrometer-se nas canções; em duas ocasiões, “Hurt to Try” (a mais eléctrica das canções) e “Dark Garage”, o registo é mais pop/rock, em regime de “banda completa” (voz, baixo, guitarra, bateria), naquilo que se pode considerar uma aproximação ao universo mais alt-country de, por exemplo, Micah P. Hinson.

Produzido quase na totalidade pelo mentor e protector Gregory Page, o álbum não é mais do que uma recolha de músicas antigas de Brosseau (algumas delas demos, mais dois temas que nunca haviam sido lançados oficialmente, “Bars” e “Hurt To Try”), maioritariamente do período compreendido entre 2001 e 2003 (anterior ao primeiro registo “mais a sério”, What I Mean to Say Is Goodbye, de 2005). O disco acaba assim por ser representativo dos primeiros tempos do músico (natural do Dakota do Norte) em San Diego, na Califórnia, quando as mudanças de casa eram uma constante, incluindo a passagem por um hotel degradado. Há solidão derramada, um forte lado negro (ouça-se “Fragile Mind” ou “How To Grow A Woman From The Ground”) e referências constantes a casas (o título do álbum não é por acaso). Tom Brosseau fala de fragilidade, desencanto, desgostos, mas ainda assim consegue emanar paz de espírito. É sincero, por vezes até demasiado directo.

Possível destaque maior do álbum: “Heart of Mine”, bela faixa agridoce, com a presença suave de um violoncelo e uma harmónica a seguir rumos mais arriscados do que o habitual no registo folk. Já “The Broken Ukulele” e “Everybody Knows Empty Houses Are Lonely” possuem uma segunda voz, feminina (que resulta particularmente bem no primeiro caso). São duas das músicas mais despidas e também o registo em que o Brosseau consegue brilhar mais: sendo mais delicado (e nem sendo isso particularmente original), parece vir ao de cima uma alma de songwriter que faz sentir que há ali algo de especial. Empty Houses are Lonely cheira a vinil, a analógico, quase parece anacrónico pensar no disco em formato digital. Nem por acaso, no tema-título, há versos reveladores: “The billboard hasn't been changed in a while, used to be in color, now it's black and white”. Noutro momento, fica-se a saber que “everyone has a broken ukulele”. Tudo isto é folk simpático, tudo isto é folk profissional, tudo isto é folk sentido.
João Pedro Barros
joaopedrobarros@bodyspace.net

Parceiros