DISCOS
Windmill
Puddle City Racing Lights
· 15 Fev 2007 · 08:00 ·
Windmill
Puddle City Racing Lights
2007
Melodic
Sítios oficiais:
- Melodic
Puddle City Racing Lights
2007
Melodic
Sítios oficiais:
- Melodic
Windmill
Puddle City Racing Lights
2007
Melodic
Sítios oficiais:
- Melodic
Puddle City Racing Lights
2007
Melodic
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Acrescento britânico ao longo rol de songwriting nasal-estridente acusa grotescamente uma gestão de recursos pautada pela falta de inspiração.
Dado cientifico quase comprovado: eliminada a nasalidade à equação, “The Blower’s Daughter” de Damien Rice, quando repetido na rádio ao ponto da saturação, vai assumindo crescentes semelhanças ao estéril falsete de “You’re Beautiful”, pelo qual é responsável a ameaça James Blunt. Talvez seja a repetição do refrão ou o efeito secundário provocado pela banalização de algo à partida especial (a ode fixada de Damien Rice, obviamente). Em todo o caso, acredita-se que a ausência de contacto visual com o caminhar lento Natalie Portman pode contribuir para o agravo desta associação.
Mas a tendência social declara, desde há muito, que alguém de aparência menos atractiva deve dedicar o dobro do empenho se quiser ver por bem empregues os seus dotes mais proveitosos. Algo me diz, portanto, que asseguradamente mais comprovado que o primeiro dado científico proposto é a certeza de que um James Blunt pronto para uma cerimónia de entrega de prémios não é muito mais agradável à vista do que um Robert Downey Jr. após essa mesma cerimónia. Os tempos, contudo, convidam a que vozes suspeitamente nasais e estridentes se aventurem pelo songwritting se referenciarem, nesse percurso, os mais respeitosos discos de David Bowie. Windmill, ou Matthew Dillon conforme a vontade da mãe que o trouxe ao mundo, é o último soldado-raso sujeito a enfrentar um terreno que já conhece o domínio dividido pelo Canadá e aquele insignificante país que lhe é vizinho.
Nessa infiltração, o britânico Windmill actua na condição de outsider e não dispõe, desta vez, da vantagem de ter consigo pólvora que tome a dianteira na batalha. Muito pelo contrário, acrescente-se, já que tudo o que por aqui vai já alvejou mais centralmente alvos vários: o andamento orquestral dos Arcade Fire, o intimismo inflectido de cem escritores de canções acanhados ou o uso de pivô atribuído a um piano sofrido (o refrão apoteótico de “Tokyo Moon” serve, nem que seja, como ponto referencial onde tudo isso se concentra). Ganham forma canções dispostas como navios estáticos, cujas velas não sopra o vento que deveria provir da capacidade de Matthew Dillon em tornar marcantes as matérias orquestrais à sua mercê.
Mas não pode estar ao nível de Danielson (Daniel Smith) quem, numa manhã de 2005, acorda com essa vontade e falta bênção divinal que salve os lamentos cristais - escutados ao fraquíssimo debute - do estatelamento no solo da pretensão e inconsequência. Puddle City Racing Lights é um eunuco Ogre de Tróia que nem pela calada surpreende o ouvido desprevenido.
Miguel ArsénioMas a tendência social declara, desde há muito, que alguém de aparência menos atractiva deve dedicar o dobro do empenho se quiser ver por bem empregues os seus dotes mais proveitosos. Algo me diz, portanto, que asseguradamente mais comprovado que o primeiro dado científico proposto é a certeza de que um James Blunt pronto para uma cerimónia de entrega de prémios não é muito mais agradável à vista do que um Robert Downey Jr. após essa mesma cerimónia. Os tempos, contudo, convidam a que vozes suspeitamente nasais e estridentes se aventurem pelo songwritting se referenciarem, nesse percurso, os mais respeitosos discos de David Bowie. Windmill, ou Matthew Dillon conforme a vontade da mãe que o trouxe ao mundo, é o último soldado-raso sujeito a enfrentar um terreno que já conhece o domínio dividido pelo Canadá e aquele insignificante país que lhe é vizinho.
Nessa infiltração, o britânico Windmill actua na condição de outsider e não dispõe, desta vez, da vantagem de ter consigo pólvora que tome a dianteira na batalha. Muito pelo contrário, acrescente-se, já que tudo o que por aqui vai já alvejou mais centralmente alvos vários: o andamento orquestral dos Arcade Fire, o intimismo inflectido de cem escritores de canções acanhados ou o uso de pivô atribuído a um piano sofrido (o refrão apoteótico de “Tokyo Moon” serve, nem que seja, como ponto referencial onde tudo isso se concentra). Ganham forma canções dispostas como navios estáticos, cujas velas não sopra o vento que deveria provir da capacidade de Matthew Dillon em tornar marcantes as matérias orquestrais à sua mercê.
Mas não pode estar ao nível de Danielson (Daniel Smith) quem, numa manhã de 2005, acorda com essa vontade e falta bênção divinal que salve os lamentos cristais - escutados ao fraquíssimo debute - do estatelamento no solo da pretensão e inconsequência. Puddle City Racing Lights é um eunuco Ogre de Tróia que nem pela calada surpreende o ouvido desprevenido.
migarsenio@yahoo.com
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