DISCOS
Black Devil Disco Club
28 After
· 29 Jan 2007 · 08:00 ·
Black Devil Disco Club
28 After
2006
Lo Recordings


Sítios oficiais:
- Lo Recordings
Black Devil Disco Club
28 After
2006
Lo Recordings


Sítios oficiais:
- Lo Recordings
Viagem pelo disco de 1978 até 2006 envolta em grande secretismo. Disco fora de tempo ou no tempo certo?
Muitas são as duvidas que giram em redor de 28 After. Os Black Devil foram responsáveis em 1978 por um disco disco também ele rodeado de muito secretismo; Disco Club, publicado na Out Records, apontava algumas redefinições estéticas ao movimento, mostrava-se aventuroso. O disco surgia creditado a Joachim Sherylee e Junior Claristidge, pseudonimos de Bernard Fevre e Jackie Giordano. Em 2004, a Rephlex, o selo de Aphex Twin, recuperava o trabalho da dupla francesa levantando ainda mais suspeitas acerca da sua identidade. Confusos? Aparentemente, 28 anos depois, Bernard Fevre sobrevive e volta a lançar música sob o mesmo epíteto, mas a dúvida que fica é se este disco foi gravado há mais de 20 anos ou nos dias que correm.

Independentemente do ano de nascença, 28 After parece ao mesmo tempo recuperar o disco de outrora – no seu melhor – e trazê-lo para os dias de hoje com as consequências modernistas que isso implica. Se é de agora é revivalista com noção de presente, se tem mais de 20 anos é de certa forma prematuro. Se é um pouco de ambos – que é o que parece - é moderadamente bem esgalhado. 28 After, capaz de provocar muitos e variadas imagens na mente, é na verdade um mini-álbum. Faz-se de 6 canções – todas elas na casa dos 5 minutos – de batidas, sintetizadores e de vozes.

“The Devil in us” é a prova de que a coisa está bem feita mas que são as vozes, claro está, os verdadeiros responsáveis pela energia que se sente em cada faixa. São mandamentos, são ordens. O melhor exemplo disso talvez seja “I Regret the Flower Power”, arrependimento temporal em forma de vozes tipicamente disco. Lamentos à parte, “I Regret the Flower Power” é claramente a melhor faixa de 28 After. As restantes quatro faixas do disco, com mais ou menos interesse aprofundam a proposta com doses generosas de batidas e linhas de sintetizadores peganhentas (“Constantly no Respect”).

A ausência de espaço temporal identificado coloca o ouvinte na curiosa situação de dúvida entre a adopção de um sentimento retro ou futurista. O secretismo geral que envolve este disco é reforçado pelo artwork do CD propriamente dito. A cor preta domina a capa e a caixa; a única coisa que o booklet contém é uma fotografia a preto e branco de Bernard Fevre. O anonimato de 28 After parece contrariar muito daquilo que o disco foi em tempos. Na globalidade, 28 After contraria em muito a sensação geral deixada pela música disco. E talvez seja aí onde reside a sua maior força. É provável que encontrem aqui alguma da música mais bizarra editada em 2006.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net

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