Muitas são as duvidas que giram em redor de 28 After. Os Black Devil foram responsáveis em 1978 por um disco disco também ele rodeado de muito secretismo; Disco Club, publicado na Out Records, apontava algumas redefinições estéticas ao movimento, mostrava-se aventuroso. O disco surgia creditado a Joachim Sherylee e Junior Claristidge, pseudonimos de Bernard Fevre e Jackie Giordano. Em 2004, a Rephlex, o selo de Aphex Twin, recuperava o trabalho da dupla francesa levantando ainda mais suspeitas acerca da sua identidade. Confusos? Aparentemente, 28 anos depois, Bernard Fevre sobrevive e volta a lançar música sob o mesmo epÃteto, mas a dúvida que fica é se este disco foi gravado há mais de 20 anos ou nos dias que correm.
Independentemente do ano de nascença, 28 After parece ao mesmo tempo recuperar o disco de outrora – no seu melhor – e trazê-lo para os dias de hoje com as consequências modernistas que isso implica. Se é de agora é revivalista com noção de presente, se tem mais de 20 anos é de certa forma prematuro. Se é um pouco de ambos – que é o que parece - é moderadamente bem esgalhado. 28 After, capaz de provocar muitos e variadas imagens na mente, é na verdade um mini-álbum. Faz-se de 6 canções – todas elas na casa dos 5 minutos – de batidas, sintetizadores e de vozes.
“The Devil in us†é a prova de que a coisa está bem feita mas que são as vozes, claro está, os verdadeiros responsáveis pela energia que se sente em cada faixa. São mandamentos, são ordens. O melhor exemplo disso talvez seja “I Regret the Flower Powerâ€, arrependimento temporal em forma de vozes tipicamente disco. Lamentos à parte, “I Regret the Flower Power†é claramente a melhor faixa de 28 After. As restantes quatro faixas do disco, com mais ou menos interesse aprofundam a proposta com doses generosas de batidas e linhas de sintetizadores peganhentas (“Constantly no Respectâ€).
A ausência de espaço temporal identificado coloca o ouvinte na curiosa situação de dúvida entre a adopção de um sentimento retro ou futurista. O secretismo geral que envolve este disco é reforçado pelo artwork do CD propriamente dito. A cor preta domina a capa e a caixa; a única coisa que o booklet contém é uma fotografia a preto e branco de Bernard Fevre. O anonimato de 28 After parece contrariar muito daquilo que o disco foi em tempos. Na globalidade, 28 After contraria em muito a sensação geral deixada pela música disco. E talvez seja aà onde reside a sua maior força. É provável que encontrem aqui alguma da música mais bizarra editada em 2006.