DISCOS
Hi Red Center
Architectural Failures
· 14 Dez 2006 · 08:00 ·
Hi Red Center
Architectural Failures
2006
Pangaea


Sítios oficiais:
- Hi Red Center
- Pangaea
Hi Red Center
Architectural Failures
2006
Pangaea


Sítios oficiais:
- Hi Red Center
- Pangaea
A história dos falhanços arquitectónicos é maior do que este espaço que resta para escrever. Os Hi Red Center, em disco acertado, tratam de fazer um resumo.
Primeiro as apresentações. Os Hi Red Center formaram-se em Agosto de 2003 e são de Brooklyn. Architectural Failures é o seu disco de estreia pela também na altura em estreia Pangea Recordings. Russell Greenberg nos Sintetizadores, vibrafone, bateria, electrónicas e vozes; Benjamin Lanz na guitarra, trombone e voz; Michael McCurdy na bateria e Lawrence Mesich no baixo e na voz. Dizem eles que fazer música para pessoas que gostam de cantar e dançar. Por uma questão prática – e apenas por isso – divide-se a análise do disco em duas partes. As cinco primeiras faixas para um lado, as cinco últimas para o outro.

“Red/Green” é uma mistura de guitarras à Deerhoof e de teclados de mercado de segunda mão e de busca contínua pela melodia com ataques compulsivos; “Captain Waltz” tem qualquer coisa de Gang of Four e sirenes de ambulâncias; “Evil Doer” é montanhismo ruidoso misturado com jogos de consolas e sopros; “Magic Teeth” é quase tropical nas suas várias camadas e os sintetizadores borbulhantes só ajudam à mistura; “Hollow Buttons” corta com uma certa sensação alienante que domina a primeira parte do disco e introduz explorações densas e texturas limpas ao mesmo tempo.

Na segunda parte volta-se a seguir o rumo perdido na interessante “Hollow Buttons”. “Alarm Will Sound” é o regresso das melodias difíceis e das muralhas ruidosas, da bateria tensa e da esquizofrenia; “Eureka” é o súbito redescobrir do trombone como linha condutora para a intensa busca que agora inclui gritos heróicos; “Famous Hero”, nem a propósito, é rectilínea e alarmante e parece ter sido gravada numa gruta apesar do vibrafone soar tão irresistivelmente limpo; “Oskar” é especialmente matemática a acentuadamente melodramática na sua provocação de sintetizadores e vibrafone, vozes, bateria e guitarra; “Bunnies are full of Magic” é uma espécie de balada jazz e depois marcha pop que fecha as cortinas na perfeição.

Na sua maioria Architectural Failures é um disco interessante e por vezes até entusiasmante, apesar de se encontrar algo facilmente os seus pares musicais. Música experimental, noise, progressivo, Deerhoof sem a doçura. Parece possível que o desejo de fazer música para pessoas que gostam de cantar e dançar se cumpra perfeitamente. O duelo entre a melodia e a esquizofrenia faz com que Architectural Failures seja uma faca de dois gumes, mas em ultima instância uma proposta recompensadora.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net

Parceiros