Primeiro as apresentações. Os Hi Red Center formaram-se em Agosto de 2003 e são de Brooklyn. Architectural Failures é o seu disco de estreia pela também na altura em estreia Pangea Recordings. Russell Greenberg nos Sintetizadores, vibrafone, bateria, electrónicas e vozes; Benjamin Lanz na guitarra, trombone e voz; Michael McCurdy na bateria e Lawrence Mesich no baixo e na voz. Dizem eles que fazer música para pessoas que gostam de cantar e dançar. Por uma questão prática – e apenas por isso – divide-se a análise do disco em duas partes. As cinco primeiras faixas para um lado, as cinco últimas para o outro.
“Red/Green” Ă© uma mistura de guitarras Ă Deerhoof e de teclados de mercado de segunda mĂŁo e de busca contĂnua pela melodia com ataques compulsivos; “Captain Waltz” tem qualquer coisa de Gang of Four e sirenes de ambulâncias; “Evil Doer” Ă© montanhismo ruidoso misturado com jogos de consolas e sopros; “Magic Teeth” Ă© quase tropical nas suas várias camadas e os sintetizadores borbulhantes sĂł ajudam Ă mistura; “Hollow Buttons” corta com uma certa sensação alienante que domina a primeira parte do disco e introduz explorações densas e texturas limpas ao mesmo tempo.
Na segunda parte volta-se a seguir o rumo perdido na interessante “Hollow Buttons”. “Alarm Will Sound” Ă© o regresso das melodias difĂceis e das muralhas ruidosas, da bateria tensa e da esquizofrenia; “Eureka” Ă© o sĂşbito redescobrir do trombone como linha condutora para a intensa busca que agora inclui gritos herĂłicos; “Famous Hero”, nem a propĂłsito, Ă© rectilĂnea e alarmante e parece ter sido gravada numa gruta apesar do vibrafone soar tĂŁo irresistivelmente limpo; “Oskar” Ă© especialmente matemática a acentuadamente melodramática na sua provocação de sintetizadores e vibrafone, vozes, bateria e guitarra; “Bunnies are full of Magic” Ă© uma espĂ©cie de balada jazz e depois marcha pop que fecha as cortinas na perfeição.
Na sua maioria Architectural Failures Ă© um disco interessante e por vezes atĂ© entusiasmante, apesar de se encontrar algo facilmente os seus pares musicais. MĂşsica experimental, noise, progressivo, Deerhoof sem a doçura. Parece possĂvel que o desejo de fazer mĂşsica para pessoas que gostam de cantar e dançar se cumpra perfeitamente. O duelo entre a melodia e a esquizofrenia faz com que Architectural Failures seja uma faca de dois gumes, mas em ultima instância uma proposta recompensadora.