DISCOS
From Monument To Masses
The Impossible Leap in One Hundred Simple Steps
· 19 Mar 2004 · 08:00 ·
From Monument To Masses
The Impossible Leap in One Hundred Simple Steps
2003
Dim Mak


Sítios oficiais:
- From Monument To Masses
- Dim Mak
From Monument To Masses
The Impossible Leap in One Hundred Simple Steps
2003
Dim Mak


Sítios oficiais:
- From Monument To Masses
- Dim Mak
Os From Monument To Masses são uma das mais recentes coqueluches do pós-rock/rock experimental/indie rock (escolha uma por favor). The Impossible Leap in One Hundred Simple Steps é a segunda amostra do trio composto por Francis Choung, Matthew Solberg e Sergio Robledo-Maderazo. Para quem conhece bandas como os Don Caballero, os Shipping News ou mesmo os Slint, as canções dos norte-americanos não constituirão nenhuma especial novidade. A única diferença é a mistura deste tipo de sonoridades com a raiva de explosões hardcore fugazianas e a proliferação de mensagens políticas a la Godspeed You! Black Emperor (até à data de publicação deste texto, o nome da banda manteve-se igual).

Variações inesperadas de ritmo, direcções imprevisíveis, o efeito surpresa. É quase um rock matemático, de régua e esquadro, aquele que se desenvolve neste disco. Muitas vezes são a base para a introdução de mensagens panfletárias de George Bush, discursos de Malcolm X ou mesmo de samples de relatos radiofónicos de catástrofes e comentários de índole política. A primeira canção, “Sharpshooter”, abre com uma guitarra em devaneio sónico para dar depois lugar à primeira mensagem política do disco. Segue-se a construção da canção propriamente dita, feita do cruzamento da guitarra com o baixo em perfeita associação heterogénea. Como se, de repente, o rock precisasse de ser arduamente construído, à força do pulso e de estruturas complexas. Os instrumentos são trabalhados de uma forma musculada, a execução é rápida e técnica. Pequenas secções desenvolvem-se em outras pequenas secções até que a canção, em efeito chaleira, explode com uma fúria quase hardcore que acontece também em outros temas, como “The Spice Must Flow”. Outra mensagem política e voltamos ao mesmo - ciclo vicioso, este. A guitarra é quem, invariavelmente, guia todo o processo e fá-lo de uma forma densa, cheia de drones e repetições.

“The Quiet Before” é um tema – que quase conseguia sobreviver sem mensagem política – que tem tanto de breve como de prazenteiro. É solarengo, atravessado por uma melodia agridoce em forma de riff.

O tema que mais admiração causa é, curiosamente, aquele que mais destoa do resto da sonoridade do álbum. “Comrades and Friends” constrói-se de drum machines, melodias densas, espessas, e de guitarras em concordância. Transmite um sentimento quase cadente, de decepção e descrença. “To Z (Repeat)” acaba o registo da mesma forma que começou e quase faz justiça ao seu próprio nome.

A Ocidente nada de novo. Mesmo assim vale a pena ouvir o segundo disco do colectivo de São Francisco, quanto mais não seja pela mistura de estilos e pela pertinência e inspiração de algumas canções. Espera-se mais de uma banda que, apesar de não apontar para nenhum caminho especialmente original, tem na inconstância o seu maior trunfo.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net

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