DISCOS
Mòr
Aequinoctium
· 23 Abr 2015 · 11:17 ·
Mòr
Aequinoctium
2015
Ed. de Autor
Mòr
Aequinoctium
2015
Ed. de Autor
A identidade é sobrevalorizada.
O impacto das Légions Noires no black metal é gigante, e poder-se-ia escrever um livro inteiro - e não apenas um capítulo - sobre as bandas que desse grupo brotaram, lançando discos em quantidades absurdas de tão mínimas e preferindo a crueza do som ao trabalho posterior de produção. Para a história ficam discos de Vlad Tepes, Belketre ou Mütiilation, que ainda hoje têm lugar destacado num qualquer panteão satânico. Não só isso, como foram dos primeiros a rejeitar abertamente o comercialismo - os seus discos não eram vendidos em larga escala, não havia merch, não davam concertos pela Europa. Quem ouvia, ouvia, quem não ouvia que fosse para o caralho.

Esse impacto ainda hoje se faz sentir, e poderíamos enumerar uma série de bandas que, de uma forma ou de outra, muito devem aos franceses. Neste caso concreto apontemos os Mòr como "seguidores" do trilho traçado pelas LLN. O grupo é anónimo, também tem origem em França (mais concretamente em Rouen) e não tem Aequinoctium à venda, mas sim disponível gratuitamente no Bandcamp - ou, o anti-comercialismo black metal levado ao extremo. A maqueta, de 23 minutos, apresenta igualmente essa rawness essencial.

Cinco temas apenas que formam uma chapada perfeita, bem longe das recentes tendências do black metal hipsterizado que acha os Deafheaven mais do que "lixo" e os Liturgy merecedores de outra coisa que não a morte (mas isso são outros quinhentos, e poder-se-ia meter também ao barulho os Ghost Bath). O ponto mais alto é mesmo aquele que inicia Aequinoctium, "The Vanishing Of Matter": uma camada violenta de ruído e riff que faz crescer o melhor que há no ser humano, que é a capacidade para a violência. Ouçam a demo aqui. Não serão melhores pessoas por isso nem serão mais trve, mas ao menos podem contar aos vossos pares que até andaram a ouvir metal decente nos últimos tempos.
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

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