DISCOS
Disclosure
The Face EP
· 19 Jun 2012 · 18:18 ·
Disclosure
The Face EP
2012
Greco-Roman


Sítios oficiais:
- Disclosure
- Greco-Roman
Disclosure
The Face EP
2012
Greco-Roman


Sítios oficiais:
- Disclosure
- Greco-Roman
Mais do que projectar um futuro brilhante, The Face revela já uma actualidade plenamente gratificante para este jovem duo.
Apesar de algum entusiasmo recente em torno das particularidades redentoras da revisão pop à luz da uk garage – tanto pela via nostálgica deste artigo do Simon Reynolds ou como pelo digging da actualidade feito pelo Alex Macpherson neste artigo para a Fact – ou do perpetuar revitalizante desse legado naquilo que tem de mais vital pelas mãos de nomes como o DJ Q ou Nick Hannam, a verdade é que estamos ainda bastante longe da euforia generalizada aquando de Sincere, naquele momento em que os Artful Dodger eram gigantes e as rádios pirata se deixavam inundar por remixes não oficiais absolutamente fulcrais. Ainda assim, e descontando aqueles que se deixam levar pelo embuste de algo com o nome sofrível de future garage, é incontestável que a uk garage é hoje uma presença bem mais transversal do que há um par de anos atrás.

A remix dos Disclosure para “Running” da Jessie Ware é um dos exemplos perfeitos dessa mesma situação, chegando um pouco a todo o lado em Inglaterra. Alimentando um (relativo) buzz às custas de produções como “Flow” ou “Tenderly”, este muito jovem duo tem revelado argumentos sustentáveis para tal. Evitando que o falatório em seu redor se resuma ao facto de se tratarem de dois miúdos – 17 e 20 anos – em demonstrações potencial a pedir meças à futurologia. Não que os manos Lawrence tenham já em The Face uma linguagem marcada, tendo em conta que a sua idade revela uma maior reverência do que um conhecimento factual do clubbing, mas no articular das inflexões 2-step com a house mais elegante através de um denominador comum naquilo que têm de mais primário e/ou essencial – ouça-se “$tripper” de Bicep para perceber o brilhantismo de tudo isto – asseguraram já um lugar de respeito.

É por isso que, apesar da coerência interna, The Face revela ainda os Disclosure a descobrirem o seu trilho por entre os seus ídolos, sem grandes preocupações conjecturais e com uma noção precisa de aglutinação desses mesmos. E com boas canções : “Boiling” conta com a calor etéreo da voz de uma Sinéad Harnett algo genérica, mas capaz de conduzir os intrincados padrões rítmicos com segurança através de sintetizadores púrpura. O anonimato vocal que é utilizado como sample enquanto fio condutor em “What's in your Head” e “Lividup”, assumindo o four-on-the-floor de um modo mais incisivo por entre rendilhados de percussão, estalos de sintetizador e um entusiasmo elegante.

“Control” volta a creditar uma vocalista na pessoa da Ria Ritchie, submetendo-a às tácticas desse génio que é o Todd Edwards, sem se refugiar num pastiche devoto e assumindo descaradamente o ritmo 2-step, submergindo-o em cascatas de sintetizador que projectam toda a galvanização sensual da pista no seu estado mais apaziguador. Sem especular sobre passos vindouros, The Face assume os seus méritos sem quaisquer condescendência e com um poder de persuasão inescapável, num registo que como o Philip Sherburne salientou algures, habita o limbo entre o apelo da pop e um chamamento underground - prefiro entender isso não como um refúgio, mas como um habitat natural e permeável. Pegando nessa proposta como aquilo que há de melhor na uk garage – ou mesmo na música de dança em geral, esticando a corda - The Face ganha logo por se situar nesse pico de interesse.
Bruno Silva
celasdeathsquad@gmail.com

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