DISCOS
Teyana Taylor
The Misunderstanding of Teyana Taylor
· 08 Mai 2012 · 14:43 ·

Teyana Taylor
The Misunderstanding of Teyana Taylor
2012
Ed. de Autor
Sítios oficiais:
- Teyana Taylor
The Misunderstanding of Teyana Taylor
2012
Ed. de Autor
Sítios oficiais:
- Teyana Taylor

Teyana Taylor
The Misunderstanding of Teyana Taylor
2012
Ed. de Autor
Sítios oficiais:
- Teyana Taylor
The Misunderstanding of Teyana Taylor
2012
Ed. de Autor
Sítios oficiais:
- Teyana Taylor
Apesar da citação, esta mixtape não procura colmatar a ausência da Lauryn Hill. Nem precisa de o fazer.
Passados 14 anos de silêncio desde a sua edição, The Miseducation of Lauryn Hill tem hoje um estatuto mítico que serve de muleta conveniente para todos aqueles que, ignorando a quase totalidade da produção R&B ao longo destes anos, suspiram ainda pelos good ol' days com esperanças vagas num regresso "sebastiânico" da cantora de New Jersey. Como tal, e apesar da Erykah Baduh ter colmatado esse vazio inexistente – naquele equilíbrio entre aceitação crítica e viabilidade comercial -, não seria de todo surpreendente que a reverência ao clássico disco de estreia de Hill começasse a ser uma norma cada vez mais habitual à medida que o silêncio se vai acumulando sob o peso desse mesmo.
Com a citação escancarada no título, The Misunderstanding of... poderia passar a ideia de se tratar de um mero pastiche, mas com tanta carga reverencial a insuflá-lo trata-se apenas de um factor simbólico – mesmo que o uso de “Doo Wop” como interlúdio leve a homenagem longe de mais - que se imiscuí por entre referências mais ou menos directas à Mary J. Blige ou à Janet Jackson. Ideia consequente com o próprio estatuto de socialite da Teyana que – lançado pela sua participação no programa My Super Sweet 16 - tem vindo a dinamitar a sua verdadeira persona numa aura de reconhecimento vago enquanto “fenómeno” Web. Estatuto que em “Google Me” era celebrado enquanto chamada de atenção quase coerciva. Mesmo assim, incapaz de chamar a atenção para o álbum de estreia - From a Planet Called Harlem.
Com esse resultado a ditar a sua saída da Interscope, a cantora do Harlem passou a integrar os quadros do Maybach Music Group do omnipresente Rick Ross, com este The Misunderstading of... a funcionar enquanto precedente para algo previsivelmente maior. Mixtape pura que, apesar da dispersão referencial – um interlúdio do Wyclef Jean? Para quê? - se aguenta meramente no valor das suas canções. Tem também a vantagem de assumir o papel de cantora da Teyana, descartando o seu rapping inócuo para duas canções – “Bad Boy” é inútil enquanto rehash de coisas como “Itty Bitty Piggy” com a Honey Cocaine a tentar emular a bizarria da Nicky Minaj, e em “Come On” a Teyana até recita os versos do Method Man na “All I Need” da Mary J. Voz que, apesar do anonimato potenciado pelas influências, subsiste nos seus méritos enquanto fio de condutor digno para as boas canções que por aqui estão.
As “Words of Wisdom” da Lauryn dão então lugar a uma “Gatekeeper” mid-tempo em toada nostálgica de ambiente nocturno, com as cascatas de sintetizador a servirem de cama para uma interpretação que faz por se resguardar nesse mesmo equilíbrio entre letargia e libertação. “Make Your Move” segue com maior fervor, contando com a presença do Wale – inevitável em tudo o que vem do MMB – e até um pequeno solo de saxofone, mas com um refrão marcante para que tudo isso não descambe numa party jam inconsequente - “Valentine” é também eficiente nesta premissa, enquanto “Choosin'” com Travis Porter se esforça demasiado para chegar à euforia.
É mesmo no campo das canções mais contidas que a mixtape se mostra mais interessante : “DUI” com o Jadakiss e o Fabulous a pairar numa aura de relaxamento – o piano e o vapor do sintetizador saído da sauna – que se vai alimentando sobre a batida martelada, “Her Room” a mostrar novamente – depois da Jojo – que as canções do Drake têm apenas o propósito de servir outros que não ele e “8th Wonder” a fechar a mixtape com uma descontracção apaixonada. Característica reveladora de um objecto fiel a essa condição, e que como tal, não procura reivindicar para si grandes revelações – mesmo que neste campo existam já exemplos de qualidade superior – acabando por escapar ao filler inconclusivo às custas dos seus bons momentos. Passe o peso de tanta influência descarada, e está aqui uma razão de existir digna. Ninguém estaria à espera de encontrar aqui algo tão marcante como o disco que inspirou o título. Na verdade, não faz qualquer sentido esperar eternamente por isso, quando existem tantas alternativas viáveis.
Bruno SilvaCom a citação escancarada no título, The Misunderstanding of... poderia passar a ideia de se tratar de um mero pastiche, mas com tanta carga reverencial a insuflá-lo trata-se apenas de um factor simbólico – mesmo que o uso de “Doo Wop” como interlúdio leve a homenagem longe de mais - que se imiscuí por entre referências mais ou menos directas à Mary J. Blige ou à Janet Jackson. Ideia consequente com o próprio estatuto de socialite da Teyana que – lançado pela sua participação no programa My Super Sweet 16 - tem vindo a dinamitar a sua verdadeira persona numa aura de reconhecimento vago enquanto “fenómeno” Web. Estatuto que em “Google Me” era celebrado enquanto chamada de atenção quase coerciva. Mesmo assim, incapaz de chamar a atenção para o álbum de estreia - From a Planet Called Harlem.
Com esse resultado a ditar a sua saída da Interscope, a cantora do Harlem passou a integrar os quadros do Maybach Music Group do omnipresente Rick Ross, com este The Misunderstading of... a funcionar enquanto precedente para algo previsivelmente maior. Mixtape pura que, apesar da dispersão referencial – um interlúdio do Wyclef Jean? Para quê? - se aguenta meramente no valor das suas canções. Tem também a vantagem de assumir o papel de cantora da Teyana, descartando o seu rapping inócuo para duas canções – “Bad Boy” é inútil enquanto rehash de coisas como “Itty Bitty Piggy” com a Honey Cocaine a tentar emular a bizarria da Nicky Minaj, e em “Come On” a Teyana até recita os versos do Method Man na “All I Need” da Mary J. Voz que, apesar do anonimato potenciado pelas influências, subsiste nos seus méritos enquanto fio de condutor digno para as boas canções que por aqui estão.
As “Words of Wisdom” da Lauryn dão então lugar a uma “Gatekeeper” mid-tempo em toada nostálgica de ambiente nocturno, com as cascatas de sintetizador a servirem de cama para uma interpretação que faz por se resguardar nesse mesmo equilíbrio entre letargia e libertação. “Make Your Move” segue com maior fervor, contando com a presença do Wale – inevitável em tudo o que vem do MMB – e até um pequeno solo de saxofone, mas com um refrão marcante para que tudo isso não descambe numa party jam inconsequente - “Valentine” é também eficiente nesta premissa, enquanto “Choosin'” com Travis Porter se esforça demasiado para chegar à euforia.
É mesmo no campo das canções mais contidas que a mixtape se mostra mais interessante : “DUI” com o Jadakiss e o Fabulous a pairar numa aura de relaxamento – o piano e o vapor do sintetizador saído da sauna – que se vai alimentando sobre a batida martelada, “Her Room” a mostrar novamente – depois da Jojo – que as canções do Drake têm apenas o propósito de servir outros que não ele e “8th Wonder” a fechar a mixtape com uma descontracção apaixonada. Característica reveladora de um objecto fiel a essa condição, e que como tal, não procura reivindicar para si grandes revelações – mesmo que neste campo existam já exemplos de qualidade superior – acabando por escapar ao filler inconclusivo às custas dos seus bons momentos. Passe o peso de tanta influência descarada, e está aqui uma razão de existir digna. Ninguém estaria à espera de encontrar aqui algo tão marcante como o disco que inspirou o título. Na verdade, não faz qualquer sentido esperar eternamente por isso, quando existem tantas alternativas viáveis.
celasdeathsquad@gmail.com
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