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The Host
The Host
· 27 Abr 2012 · 09:40 ·
The Host
The Host
2012
Planet Mu
Sítios oficiais:
- Planet Mu
The Host
2012
Planet Mu
Sítios oficiais:
- Planet Mu
The Host
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2012
Planet Mu
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- Planet Mu
The Host
2012
Planet Mu
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- Planet Mu
Novo alias do mentor de Boxcutter cai sobre o peso da actualidade.
Agora que o fardo do dubstep já ardeu ou criou bonecos de palha como Skrillex ou Bassnectar, é manobra recorrente ver músicos nascidos nesse âmbito a encarreirar noutros sentidos que não levem necessariamente ao abrigo do prefixo “pós” - i.e. os catálogos da Night Slugs, Hessle ou Hemlock. Uma fuga consciente dessas cinzas para campos aparentemente distantes e mais viáveis, mas que de algum modo reúna as referências necessárias ao momento na música electrónica para não acabar com o continuum. No caso do Barry Lynn – e apesar de todas as tentativas em manter o segredo sobre a identidade – The Host é esse veículo de escape para longe das associações ao dubstep – algo forçadas, muitas vezes – que se colavam com frequência a Boxcutter.
Em retrospectiva, havia na música de Boxcutter uma afinidade para com os princípios da IDM que faziam dela – num paralelo com Vex'd – algo distante daquilo que se veio a entender como o género. Culpe-se o timing, ritmos 2-step ou o uso de subgraves, e inevitavelmente acabou por apanhar o bandwagon de nomes como Burial ou Loefah. O que em termos de exposição até deve ter sido pelo melhor, e sempre evitou comparações datadas a Squarepusher ou Amon Tobim. O que não era sinónimo de qualidade per se, porque – se a memória não me atraiçoa – o valor relativo de Oneiric não foi suficiente para que desse mais atenção a Glyph, antes de abandonar esse barco definitivamente.
Como tal, e porque estamos perante uma nova persona, não faz sentido avaliar The Host à sombra de Boxcutter. Mesmo que possa haver uma tentação para tal. Enquanto conceito, este novo pseudónimo do músico irlandês vai de encontro à obsessão vigente em torno da Internet como era da hiper-realidade, e à música nascida sobre este princípio unificador vago. Ou seja, há novamente um contexto favorável ao aparecimento deste álbum – o facto de poder ser um melindre é uma questão de genuinidade que prefiro ignorar. No entanto, há ainda pontes para esse passado recente no fascínio pelos processos da IDM que, acto contínuo, ignoram a fosforescência clubby do wonky e o desviam do maximalismo de Glass Swords do Rustie. Na contemporaneidade há a influência persistente do footwork – algo natural tendo em conta o facto de estar na editora que lançou a série Bangs & Works e álbuns como Flight Music do DJ Diamond ou Da Mind of Traxman - e os sons analógicos do Juno.
Mas apesar do modo como atrai estes pontos para um centro gravitacional em equilíbrio, The Host não tem o fascínio conceptual de Far Side Virtual do James Ferraro nem a profundidade harmónica de Severant de Kuedo. Assenta arraiais numa melodia generalizada , onde o sentido de direcção dos temas raramente chega a algo memorável. “Neo-Geocities” dá logo a conhecer o programa com os tempos rápidos do footwork a despirem-se de toda a sua aspereza para se enrolarem com melodias de sintetizador nostálgicas. “Internet Archaeology” cita os anos 80 no baixo e no reverb plástico que paira sobre tudo, para algo que poderia musicar um momento de stakeout num filme do Michael Mann. Sentimento que também trespassa na solidão de “Tryptamine Sweep”.
Momentos interessantes, onde a ambiência criada é auto-suficiente, mas que acabam por se perder na sucessão de vignettes ambientais como “Hidden Antology” ou “3AM Surfing” - com guitarra sacada às escorregadelas no azeite do Manuel Göttsching ou do Robert Fripp. Nem “Rainy Sequences” consegue escapar ao torpor apesar de almejar uma maior expansividade. “Aeontology” seria um óptimo esboço nas mãos do Daniel Lopatin, mas tal como The Host fica-se por um ruído de fundo interessante. Se lhe é dada a devida atenção revela-se inútil.
Bruno SilvaEm retrospectiva, havia na música de Boxcutter uma afinidade para com os princípios da IDM que faziam dela – num paralelo com Vex'd – algo distante daquilo que se veio a entender como o género. Culpe-se o timing, ritmos 2-step ou o uso de subgraves, e inevitavelmente acabou por apanhar o bandwagon de nomes como Burial ou Loefah. O que em termos de exposição até deve ter sido pelo melhor, e sempre evitou comparações datadas a Squarepusher ou Amon Tobim. O que não era sinónimo de qualidade per se, porque – se a memória não me atraiçoa – o valor relativo de Oneiric não foi suficiente para que desse mais atenção a Glyph, antes de abandonar esse barco definitivamente.
Como tal, e porque estamos perante uma nova persona, não faz sentido avaliar The Host à sombra de Boxcutter. Mesmo que possa haver uma tentação para tal. Enquanto conceito, este novo pseudónimo do músico irlandês vai de encontro à obsessão vigente em torno da Internet como era da hiper-realidade, e à música nascida sobre este princípio unificador vago. Ou seja, há novamente um contexto favorável ao aparecimento deste álbum – o facto de poder ser um melindre é uma questão de genuinidade que prefiro ignorar. No entanto, há ainda pontes para esse passado recente no fascínio pelos processos da IDM que, acto contínuo, ignoram a fosforescência clubby do wonky e o desviam do maximalismo de Glass Swords do Rustie. Na contemporaneidade há a influência persistente do footwork – algo natural tendo em conta o facto de estar na editora que lançou a série Bangs & Works e álbuns como Flight Music do DJ Diamond ou Da Mind of Traxman - e os sons analógicos do Juno.
Mas apesar do modo como atrai estes pontos para um centro gravitacional em equilíbrio, The Host não tem o fascínio conceptual de Far Side Virtual do James Ferraro nem a profundidade harmónica de Severant de Kuedo. Assenta arraiais numa melodia generalizada , onde o sentido de direcção dos temas raramente chega a algo memorável. “Neo-Geocities” dá logo a conhecer o programa com os tempos rápidos do footwork a despirem-se de toda a sua aspereza para se enrolarem com melodias de sintetizador nostálgicas. “Internet Archaeology” cita os anos 80 no baixo e no reverb plástico que paira sobre tudo, para algo que poderia musicar um momento de stakeout num filme do Michael Mann. Sentimento que também trespassa na solidão de “Tryptamine Sweep”.
Momentos interessantes, onde a ambiência criada é auto-suficiente, mas que acabam por se perder na sucessão de vignettes ambientais como “Hidden Antology” ou “3AM Surfing” - com guitarra sacada às escorregadelas no azeite do Manuel Göttsching ou do Robert Fripp. Nem “Rainy Sequences” consegue escapar ao torpor apesar de almejar uma maior expansividade. “Aeontology” seria um óptimo esboço nas mãos do Daniel Lopatin, mas tal como The Host fica-se por um ruído de fundo interessante. Se lhe é dada a devida atenção revela-se inútil.
celasdeathsquad@gmail.com
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