Passenger, o segundo disco da irlandesa Lisa Hannigan, é um daqueles feel good records de 2011. É certo e sabido que a fórmula tem sido explorada quase até à exaustão, mas é difícil resistir a canções folk de sensibilidades indie tão bem erguidas e decoradas. Sobretudo por isso: porque são de facto construídas como manda a lei.

Com excepção de “Knots�, “Home� e “What'll I Do�, Passenger faz-se de canções intimistas e despidas ao essencial: ora mais tingidas pela folk, ora mais próximas da música pop, mas invariavelmente ricas melodicamente e facilmente absorvíveis. A gestão de recursos deve ser aliás um dos melhores atributos de Lisa Hannigan, pelo que daria certamente uma excelente gestora de recursos humanos.

Do primeiro para o segundo disco perdeu-se alguma inocência mas ganhou-se num savour faire que dota este conjunto canções de mais espaço, mais ar, mais cor. E ganhou a sua voz, que navega com segurança por canções frágeis mas raramente fragilizadas. Resumindo e concluindo: Passenger nao é um disco que traga nada de especialmente novo; mas esconde uma mão cheia de boas canções.