DISCOS
Buffalo Daughter
The Weapons of Math Destruction
· 12 Nov 2010 · 10:22 ·
Buffalo Daughter
The Weapons of Math Destruction
2010
Buffalo Ranch / AWDR/LR2


Sítios oficiais:
- Buffalo Daughter
- Buffalo Ranch
- AWDR/LR2
Buffalo Daughter
The Weapons of Math Destruction
2010
Buffalo Ranch / AWDR/LR2


Sítios oficiais:
- Buffalo Daughter
- Buffalo Ranch
- AWDR/LR2
Velhos protegidos dos Beastie Boys enterram o fardo das colagens com uma avalanche de ideias dentro do rock sofisticado.
Depois das primeiras escutas dedicadas a The Weapons of Math Destruction, quase apetece implicar com os Buffalo Daughter pela quantidade absurda de ideias que trazem até este seu sexto álbum. Nem sempre é fácil encarar o trio japonês (e convidados) enquanto esbanja maneiras de “quitar” o rock com uma vitalidade capaz de provocar inveja em bandas mais anémicas. A contagem de recursos exige um duplo fôlego: ele é a urbanidade da electrónica londrina encarada com o preciosismo japonês, cowbell para calçar os tacões, a traquinice do hip-hop branco (via Anticon), shoegaze e o excelente Morricone da banda-sonora d’O Exorcista II revisitado à velocidade da luz em “A11 A10ne”. A espera de quatro anos, desde o último e algo monótono Euphorica, explica em certa medida o surgimento de todas estas ramificações, e nada parece demasiado estranho para uma investida dos Buffalo Daughter.

Não admira também que haja tanta fruta na cesta estética de uma banda que teve as suas origens na cena de Shibuya-kei, que ficou também conhecida pelo fácil acesso a discos estranhos importados de toda a parte. Mas, ao contrário dos mais representativos discos da fornada Shibuya-kei,The Weapons of Math Destruction parece muito mais interessado em extrair riffs das guitarras do que na pilhagem de samples exóticos. No fundo, quer apenas ser rock sem o empate do loop. E essa opção leva a que estes treze temas estejam pejados de hooks e pequenos vícios new-wave (de um modo quase "Very Ape", dos Nirvana), mesmo que alguns desses falhem quando o poder de fogo esmorece no último terço do disco (demasiado dilatado pelas faixas bónus típicas das edições japonesas).

É evidente que a promoção discreta de The Weapons of Math Destruction, lançado pela própria banda na Buffalo Ranch, diminui as possibilidades que o disco tem de ser reconhecido deste lado do mundo (no Japão o fervor também não é o mesmo de outros tempos). É uma pena que assim seja, numa altura em que os Buffalo Daughter parecem finalmente livres das colagens Shibuya-kei (por vezes patetinhas) e prontos para ser uma banda rock adorada pela quantidade e qualidade das ideias. Acaba por ser por aí que The Weapons of Math Destruction merece ser comparado a Forgiveness Rock Record, o disco dos Broken Social Scene lançado também este ano. Apesar do primeiro ser tematicamente inspirado pela física (presumo que o segundo não seja), ambos apresentam excelentes indícios de como a ideia (e uma produção sábia) pode potenciar o rock sem transformá-lo numa façanha sem alma.
Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com

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