DISCOS
Extra Golden
Thank You Very Quickly
· 05 Mai 2009 · 16:29 ·
Extra Golden
Thank You Very Quickly
2009
Thrill Jockey / Mbari


Sítios oficiais:
- Extra Golden
- Thrill Jockey
- Mbari
Extra Golden
Thank You Very Quickly
2009
Thrill Jockey / Mbari


Sítios oficiais:
- Extra Golden
- Thrill Jockey
- Mbari
Intenso safari musical num Quénia conturbado.
África é por excelência um continente de aventuras sonoras e quem já lá pôs os pés sabe bem o ritmo que aquele ar quente impõe ao coração. Ian Eagleson, músico norte-americano da banda Golden, estudante de música “benga” e devorador de afro-melodias, é certamente consciente disso. Essa maravilhosa capacidade natural de África nos enraízar ritmicamente à medida que nos apaixonamos pela sua música. Por isso, para completar o seu Ph.D em música (doutoramento à americana), em 2004 decidiu ir aprofundar o seu conhecimento “benga” para a sua cidade natal – Nairobi. Isto na companhia de Otieno Jagwasi, músico da Orchestra Extra Solar Africa, amigo dos seus tempos de estudos. A eles juntou-se um nadinha mais tarde o seu amigo Alex Minoff, músico dos Weird War.

Esta reunião mágica deu origem a um primeiro álbum também editado pela Thrill Jockey de Chicago. De seu nome Ok-Oyot System, ironicamente significa “Não é fácil” e fica marcado pelo simultâneo desaparecimento de Otieno, vítima de doença prolongada. Mas felizmente os Extra Golden sobreviveram e ganharam dois novos colaboradores, Onyago Wuod Omari, experiente músico “benga” e Onyango Jagwasi, irmão de Otieno. É neste caminho a quatro que surgem mais dois álbuns, sendo este Thank You Very Quickly o mais recente.

E este título porquê? Ainda recentemente o Quénia em plenas eleições foi apanhado em convulsões internas sangrentas. Nesse mau bocado, foram muitos os fãs da banda que deram generosamente dinheiro, ajuda que manteve os familiares da banda longe da miséria total. O disco é assim um agradecimento, e tem uma música com o mesmo nome que encerra o disco. A única onde se ouvem palavras em inglês. “Next time, it could be you” relembra Eagleson no meio de palavras quenianas que povoam o disco inteiro. Viver em África seja onde fôr não é fácil, muito menos em Nairobi por aquelas alturas, mas a música compensa. As emoções da experiência em contrapartida dão-lhes melodias que são um triunfo sobre diversos maus bocados que esta banda já passou. Celebrações de amor ao continente dos baobabs, guitarras dedilhadas com o coração até à exaustão sobre camas de percussão que salta de horizonte em horizonte em pózinhos de orgão psicadélico como jindungo. Um admirável United Colors of Music, afro-pós-rock essencial.
Nuno Leal
nunleal@gmail.com

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