Ăfrica Ă© por excelĂȘncia um continente de aventuras sonoras e quem jĂĄ lĂĄ pĂŽs os pĂ©s sabe bem o ritmo que aquele ar quente impĂ”e ao coração. Ian Eagleson, mĂșsico norte-americano da banda Golden, estudante de mĂșsica âbengaâ e devorador de afro-melodias, Ă© certamente consciente disso. Essa maravilhosa capacidade natural de Ăfrica nos enraĂzar ritmicamente Ă medida que nos apaixonamos pela sua mĂșsica. Por isso, para completar o seu Ph.D em mĂșsica (doutoramento Ă americana), em 2004 decidiu ir aprofundar o seu conhecimento âbengaâ para a sua cidade natal â Nairobi. Isto na companhia de Otieno Jagwasi, mĂșsico da Orchestra Extra Solar Africa, amigo dos seus tempos de estudos. A eles juntou-se um nadinha mais tarde o seu amigo Alex Minoff, mĂșsico dos Weird War.
Esta reuniĂŁo mĂĄgica deu origem a um primeiro ĂĄlbum tambĂ©m editado pela Thrill Jockey de Chicago. De seu nome Ok-Oyot System, ironicamente significa âNĂŁo Ă© fĂĄcilâ e fica marcado pelo simultĂąneo desaparecimento de Otieno, vĂtima de doença prolongada. Mas felizmente os Extra Golden sobreviveram e ganharam dois novos colaboradores, Onyago Wuod Omari, experiente mĂșsico âbengaâ e Onyango Jagwasi, irmĂŁo de Otieno. Ă neste caminho a quatro que surgem mais dois ĂĄlbuns, sendo este Thank You Very Quickly o mais recente.
E este tĂtulo porquĂȘ? Ainda recentemente o QuĂ©nia em plenas eleiçÔes foi apanhado em convulsĂ”es internas sangrentas. Nesse mau bocado, foram muitos os fĂŁs da banda que deram generosamente dinheiro, ajuda que manteve os familiares da banda longe da misĂ©ria total. O disco Ă© assim um agradecimento, e tem uma mĂșsica com o mesmo nome que encerra o disco. A Ășnica onde se ouvem palavras em inglĂȘs. âNext time, it could be youâ relembra Eagleson no meio de palavras quenianas que povoam o disco inteiro. Viver em Ăfrica seja onde fĂŽr nĂŁo Ă© fĂĄcil, muito menos em Nairobi por aquelas alturas, mas a mĂșsica compensa. As emoçÔes da experiĂȘncia em contrapartida dĂŁo-lhes melodias que sĂŁo um triunfo sobre diversos maus bocados que esta banda jĂĄ passou. CelebraçÔes de amor ao continente dos baobabs, guitarras dedilhadas com o coração atĂ© Ă exaustĂŁo sobre camas de percussĂŁo que salta de horizonte em horizonte em pĂłzinhos de orgĂŁo psicadĂ©lico como jindungo. Um admirĂĄvel United Colors of Music, afro-pĂłs-rock essencial.