DISCOS
Guilty Simpson
Ode to the Ghetto
· 09 Jun 2008 · 08:00 ·
Guilty Simpson
Ode to the Ghetto
2008
Stones Throw / Flur
Sítios oficiais:
- Guilty Simpson
- Stones Throw
- Flur
Ode to the Ghetto
2008
Stones Throw / Flur
Sítios oficiais:
- Guilty Simpson
- Stones Throw
- Flur
Guilty Simpson
Ode to the Ghetto
2008
Stones Throw / Flur
Sítios oficiais:
- Guilty Simpson
- Stones Throw
- Flur
Ode to the Ghetto
2008
Stones Throw / Flur
Sítios oficiais:
- Guilty Simpson
- Stones Throw
- Flur
Viagem transversal pelas ruas de Detroit reúne o caule de quem as canta e os ritmos dos produtores Stones Throw que as tentam emular.
Não é necessariamente condenável o apego que cola homens com alguns quilinhos a mais aos seus respectivos sofás, naquela campanha publicitária de sensibilização que os encontra a jogar futebol sem saírem do lugar onde normalmente vêem televisão. Na foto que serve de capa a Ode to the Ghetto, Guilty Simpson transparece orgulho e um certo sentimento de posse no assento régio que ocupa num lugar com aparência mista de barbearia e lavandaria, registado a preto-e-branco como quem sinaliza uma era simultaneamente clássica e contemporânea.
Viajado e invariavelmente retornado ao berço de metal quente Detroit, protegido do lendário produtor Jay Dilla (que, em vida, o escolheu para participações em Champion Sound e Ruff Draft), Guilty Simpson é credível portador do sangue puro apregoado nas rimas emparelhadas no debute em nome próprio, Ode to the Ghetto, e peão suficientemente móbil para servir lírica afiada e sabedoria de rua ao calor das batalhas urbanas armadas pelas produções (em toada de jungle music) a cargo do predominante Madlib, Oh No e Black Milk (entre outros) - tudo isto sem que nunca seja abandonada a zona de conforto conquistada com a vivência e proximidade que Simpson possa ter desenvolvido com o crime e conflitos de bairro, alíneas que ficam sempre bem no currículo de um MC de corpo inteiro.
É altamente favorável ao retrato cru tentado por Ode to the Ghetto que a ordem das suas produções muito se pareça com uma digressão auditiva – transversal e aleatória - pelas várias divisões de um ghetto tradicional: filtrando e reaproveitando – pela mão de Madlib - hooks da música indiana aos rádios mais poeirentos das mercearias pertencentes a asiáticos, passando pelos sintetizadores obesos que porventura se escutam quando as strippers dançam em torno do varão (em “Footwork” ), reflectindo a ambição e megalomania de alguns dos habitantes na grandeza (de travo roots) da faixa-título “Ode to the Ghetto” .
Enquanto anfitrião do percurso por esses carris tortos, Guilty Simpson parece virtualmente inesgotável e nunca excessivo no debitar lírico (recordando ocasionalmente o Ice Cube mais rebelde do old-school Kill at Will), ao ponto de ser capaz de inverter o sentido descendente em que mergulham algumas produções um pouco previsíveis. Em todo o caso, esperamos que a dinastia Stones Throw continue a proporcionar condições tão favoráveis quantos estas para que o reinado de Guilty Simpson perdure por muitos mais anos, assim como o seu lugar na poltrona do ghetto a que dedica válida ode por aqui.
Miguel ArsénioViajado e invariavelmente retornado ao berço de metal quente Detroit, protegido do lendário produtor Jay Dilla (que, em vida, o escolheu para participações em Champion Sound e Ruff Draft), Guilty Simpson é credível portador do sangue puro apregoado nas rimas emparelhadas no debute em nome próprio, Ode to the Ghetto, e peão suficientemente móbil para servir lírica afiada e sabedoria de rua ao calor das batalhas urbanas armadas pelas produções (em toada de jungle music) a cargo do predominante Madlib, Oh No e Black Milk (entre outros) - tudo isto sem que nunca seja abandonada a zona de conforto conquistada com a vivência e proximidade que Simpson possa ter desenvolvido com o crime e conflitos de bairro, alíneas que ficam sempre bem no currículo de um MC de corpo inteiro.
É altamente favorável ao retrato cru tentado por Ode to the Ghetto que a ordem das suas produções muito se pareça com uma digressão auditiva – transversal e aleatória - pelas várias divisões de um ghetto tradicional: filtrando e reaproveitando – pela mão de Madlib - hooks da música indiana aos rádios mais poeirentos das mercearias pertencentes a asiáticos, passando pelos sintetizadores obesos que porventura se escutam quando as strippers dançam em torno do varão (em “Footwork” ), reflectindo a ambição e megalomania de alguns dos habitantes na grandeza (de travo roots) da faixa-título “Ode to the Ghetto” .
Enquanto anfitrião do percurso por esses carris tortos, Guilty Simpson parece virtualmente inesgotável e nunca excessivo no debitar lírico (recordando ocasionalmente o Ice Cube mais rebelde do old-school Kill at Will), ao ponto de ser capaz de inverter o sentido descendente em que mergulham algumas produções um pouco previsíveis. Em todo o caso, esperamos que a dinastia Stones Throw continue a proporcionar condições tão favoráveis quantos estas para que o reinado de Guilty Simpson perdure por muitos mais anos, assim como o seu lugar na poltrona do ghetto a que dedica válida ode por aqui.
migarsenio@yahoo.com
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