DISCOS
Shooting at Unarmed Men
Triptych
· 06 Jun 2008 · 08:00 ·

Shooting at Unarmed Men
Triptych
2007
Too Pure / Popstock!
Sítios oficiais:
- Shooting at Unarmed Men
- Too Pure
- Popstock!
Triptych
2007
Too Pure / Popstock!
Sítios oficiais:
- Shooting at Unarmed Men
- Too Pure
- Popstock!

Shooting at Unarmed Men
Triptych
2007
Too Pure / Popstock!
Sítios oficiais:
- Shooting at Unarmed Men
- Too Pure
- Popstock!
Triptych
2007
Too Pure / Popstock!
Sítios oficiais:
- Shooting at Unarmed Men
- Too Pure
- Popstock!
Três balas no tambor: o drama, o horror, a tragédia. Todas atiram a matar.
Como se não fossem suficientes os motivos de que alguém dispõe para se entregar à bebida, eis que há bem pouco tempo o ícone Artur Albarran regressou ao horário nobre televisivo, trazendo com ele todo aquele sensacionalismo de choque, reconstituições mal encenadas e o inevitável tríptico que une o drama, o horror, a tragédia. Quando alguém se encontra bem protegido entre as paredes de um estúdio, é certamente confortável transformar a desgraça alheia em entretenimento. Não há grande risco em fazer-se uma piada acerca de um bairro social a menos que se esteja num café do mesmo bairro social.
Jon Chapple merece crédito, ou pelo menos um largo benefício da dúvida, tal é a cegueira que cultiva como lei psicótica no interior dos Shooting at Unarmed Man, tal é a variedade de instrumentos de tortura – um exército de guitarras Fender e métodos de produção Steven Albinianos - a que remete o corpo nu de um rock já de si predisposto ao masoquismo. Tudo isso conhece sentido prático num disco triplo(!!), Triptych, que pode ser tomado como a soma de três EPs (4+4+4(+1) faixas que cabiam bem em 74 minutos), o racionar do veneno pelas aldeias, a montagem de três ratoeiras em vez de uma. Saliente é a certeza que dita Jon Chapple como homem certo para que haja vivacidade e não apenas fachada no tríptico o drama, o horror, a tragédia enquanto inscrição aos pés sangrentos de um rock destemido.
Talvez fosse a bravura e sangue na guelra o combustível que levou Jon Chapple a manter, em paralelo ao sólido percurso da abrasiva unidade gaulesa Mclusky, estes Shooting at Unarmed Men, que começou por ser um pouco sério escape criativo e, que em Triptych, conhece finalmente consolidação e repatriamento australiano (o líder sediou-se no continente marsupial e por lá recrutou baixista e baterista). O carimbo no passaporte não impede, contudo, Jon Chapple de ser tão vincadamente brit como sempre: é por isso que “Things You Can and Cannot Do” se parece muito com um hino dos Monty Python a cumprir rigoroso e ruidoso serviço militar, com o agravo dos “Cavaleiros que dizem Ni!” passarem a ser “Os Cavaleiros que dizem Cabum e Ratatata!”.
Obrigando a interrupções reflectivas, com a troca de discos no leitor, Triptych proporciona tempo útil ao entendimento de que Jon Chapple sabe bem distorcer a canção ao ponto de parecer que a escutamos quando já se encontra entre os dentes do crocodilo, sem hipótese de inverter o seu fatalismo (mesmo quando o malabarismo é livre como em “Full Proof Plan for Successful Living”). A subversão é, de certo modo, um desporto radical e Triptych um triatlo de sofrimento exposto, vertigem obtida ao engenho técnico e todo a intensidade de quem o sente na pele – aquilo que falta a Artur Albarran enquanto tenta amedrontar a classe média num qualquer serão de Sábado.
Miguel ArsénioJon Chapple merece crédito, ou pelo menos um largo benefício da dúvida, tal é a cegueira que cultiva como lei psicótica no interior dos Shooting at Unarmed Man, tal é a variedade de instrumentos de tortura – um exército de guitarras Fender e métodos de produção Steven Albinianos - a que remete o corpo nu de um rock já de si predisposto ao masoquismo. Tudo isso conhece sentido prático num disco triplo(!!), Triptych, que pode ser tomado como a soma de três EPs (4+4+4(+1) faixas que cabiam bem em 74 minutos), o racionar do veneno pelas aldeias, a montagem de três ratoeiras em vez de uma. Saliente é a certeza que dita Jon Chapple como homem certo para que haja vivacidade e não apenas fachada no tríptico o drama, o horror, a tragédia enquanto inscrição aos pés sangrentos de um rock destemido.
Talvez fosse a bravura e sangue na guelra o combustível que levou Jon Chapple a manter, em paralelo ao sólido percurso da abrasiva unidade gaulesa Mclusky, estes Shooting at Unarmed Men, que começou por ser um pouco sério escape criativo e, que em Triptych, conhece finalmente consolidação e repatriamento australiano (o líder sediou-se no continente marsupial e por lá recrutou baixista e baterista). O carimbo no passaporte não impede, contudo, Jon Chapple de ser tão vincadamente brit como sempre: é por isso que “Things You Can and Cannot Do” se parece muito com um hino dos Monty Python a cumprir rigoroso e ruidoso serviço militar, com o agravo dos “Cavaleiros que dizem Ni!” passarem a ser “Os Cavaleiros que dizem Cabum e Ratatata!”.
Obrigando a interrupções reflectivas, com a troca de discos no leitor, Triptych proporciona tempo útil ao entendimento de que Jon Chapple sabe bem distorcer a canção ao ponto de parecer que a escutamos quando já se encontra entre os dentes do crocodilo, sem hipótese de inverter o seu fatalismo (mesmo quando o malabarismo é livre como em “Full Proof Plan for Successful Living”). A subversão é, de certo modo, um desporto radical e Triptych um triatlo de sofrimento exposto, vertigem obtida ao engenho técnico e todo a intensidade de quem o sente na pele – aquilo que falta a Artur Albarran enquanto tenta amedrontar a classe média num qualquer serão de Sábado.
migarsenio@yahoo.com
ÚLTIMOS DISCOS


ÚLTIMAS