DISCOS
V/A
Soul Jazz Records Singles 2006-2007
· 04 Fev 2008 · 08:00 ·
V/A
Soul Jazz Records Singles 2006-2007
2007
Soul Jazz Records


Sítios oficiais:
- Soul Jazz Records
V/A
Soul Jazz Records Singles 2006-2007
2007
Soul Jazz Records


Sítios oficiais:
- Soul Jazz Records
Num catálogo essencialmente pautado pela recuperação histórica de velhos filões, será difícil sobressaírem as novidades típicas da época?
Não serão reconhecidos de imediato pela colecção de originais quando ainda subsiste na memória colectiva a premissa inicial de uma editora obcecada pelos velhos filões. A história e os melómanos estarão certamente gratos pelas recuperações valiosas de documentos musicais esquecidos em prateleiras empoeiradas. No entanto já será mais difícil apontar à Soul Jazz um catalogo próprio de revelações contemporâneas que tenham surpreendido o mundo da mesma forma que as antologias de clássicos. A edição de álbuns e singles de autores actuais existe e não será de estranhar que a Soul Jazz tenha agora decidido expor de forma mais evidente um conjunto de originais com chancela própria como veículo de divulgação.

Poucos lembrar-se-ão de outros nomes para além de Steve Reid, ESG, Rekid ou Sandoz. Mas a lista é bem mais longa se ignorarmos os longa-duração e nos debruçarmos sobre os singles recentemente editados. Os lançamentos em vinil tem sido regulares e têm mantido o espectro aberto a diversas vertentes da chamada música de dança. Talvez por isso Soul Jazz Records Singles 2006-2007, que reúne em dois CDs os principais nomes, esvazie-se a si próprio com a preocupação de tornar-se demasiado abrangente e, por consequência, pouco exigente.

A antologia terá os seus méritos na divulgação de nomes desconhecidos. E na mesma proporção perde pela inconsequência musical que esses mesmos nomes apresentam ao mundo. Do dubstep ao acid-house, do disco ao electro, do funk ao techno, o ritmo está garantido. Já a dialéctica narrativa dos temas perde-se num certo egocentrismo repetitivo que dissolve excessivamente a inventividade pelo tempo. Por outras palavras, uma antologia dupla neste formato torna-se aborrecida quando muitos dos intervenientes se lançam em loops e grooves intermináveis.

Excluindo os excelentes “Misty Winter” dos Digital Mystikz, “Magnetic City” de Kode 9, “Retroactive” de Rekid e os muito interessantes “Kill the Monkey” de Sutekh, “Insane (Tambourine Mix)” de ESG ou “Slum Dunk” dos Tetine, nada de verdadeiramente significante é retido na memória. O que não deixa de ser uma pena numa editora que muito tem contribuido para revivência, conservação e estudo da música perdida no tempo.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com

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