DISCOS
Tom Recchion
Sweetly Doing Nothing
· 02 Out 2007 · 08:00 ·
Tom Recchion
Sweetly Doing Nothing
2006
Schoolmap


Sítios oficiais:
- Tom Recchion
- Schoolmap
Tom Recchion
Sweetly Doing Nothing
2006
Schoolmap


Sítios oficiais:
- Tom Recchion
- Schoolmap
Diz que não faz nada, mas até faz bastante. Tom Recchion apresenta mapas diversos para paisagens diversas.
Tom Recchion já anda nestas andanças há muitos anos, apesar do seu nome não ser propriamente reconhecível. Foi membro da Los Angeles Free Music Society, colaborou com nomes como David Toop, Christian Marclay, Oren Ambarchi, Keiji Haino, Max Eastley (que até o assiste precisamente neste disco) e os Smegma, entre tantos outros. É ainda parte integrante de um sem número de projectos. Está por isso numa posição privilegiada para se aventurar em explorações sónicas deste género – está documentado e democraticamente informado. Sweetly Doing Nothing é o seu primeiro disco a solo depois do lançamento de I Love My Organ, pela Birdman, em 2004.

“The Elephant God” desenvolve-se lentamente, com um ritmo próprio – ponderado e prudente. Vai arrastando consigo rastos de som e interferências várias. Pouco depois do início da viagem já as texturas adquiriram contornos hipnóticos – torna-se difícil sair do turbilhão. Cedo se torna evidente que Sweetly Doing Nothing é um disco para ser consumido com paciência e com o volume de som em cima, para que seja possível absorver os mini sons que aqui se exploram. Apesar do título, “Jazz 10,000 a.d.” pretende segurar o título de jazz futurista. Explora teclados e percussão, sons familiares, electrónica, pedaços de som que parecem retirados de explorações espaciais – mas que podiam ser ao mesmo tempo bandas sonoras de filmes dos anos 50. Impressionante.

“Oozings” leva o disco para outro patamar. As explorações tornam-se mais complexas e de difícil absorção. A electrónica torna-se mais agressiva e abstracta. “The Crazy Beat”, logo a seguir, sublinha essa mudança de caminho, introduzindo vozes e estalidos, assumindo-se claramente no final como música noise. “Ho ho 66” dispara o jazz em loop com a companhia mais uma vez de teclados e, desta vez, de pássaros. Quando o jazz desaparece ficamos com uma espécie de cenário desolador preenchido pelo chilrear das aves e paisagens desconhecidas. A esperança renova-se logo a seguir com "Underwater girls", luxuriosa visita ao fundo do mar num final de disco belíssimo. Sweetly Doing Nothing é, como se pode ver, uma caixinha de surpresas; uma que, a cada audição, traz novas e novas descobertas.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net

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