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Zaimph
Mirage of the other
· 17 Ago 2007 · 08:00 ·
Zaimph
Mirage of the other
2007
Gipsy Sphinx
Mirage of the other
2007
Gipsy Sphinx
Zaimph
Mirage of the other
2007
Gipsy Sphinx
Mirage of the other
2007
Gipsy Sphinx
Último álbum de Marcia Bassett revela-se magnífico na exploração do seu lado mais pessoal.
Marcia Bassett deve ter encontrado uma maneira de parar o tempo. Só assim se explica como consegue ser tão prolífera e manter ao mesmo tempo um nível qualitativo tão elevado. Nos últimos anos tem-se desdobrado entre os mais diversos projectos, entre os quais se encontram os Double Leopards, GHQ (acompanhada de Pete Nolan e Peter Gunn) e principalmente (já que estamos a falar de prolificidade) os Hototogisu na companhia de Mathew Bower (Sunroof!, Skullflower, ect.). Para além destas (e outras) colaborações, Marcia tem também desenvolvido uma interessantíssima obra a solo sobre o nome de Zaimph, de que Mirage of the other (editado em vinil pela Gispsy Sphinx) é o último e o melhor capítulo até à data, depois de dois álbuns e vários CD-Rs de edição limitada, editados por diversas editoras como a Heavy Blossom ou a Hospital Productions ao longo dos últimos 4 anos.
Ao atentarmos no nome do álbum, Mirage of the other, são-nos desde logo dadas impressões sobre o seu conteúdo, na medida em que acaba por subsistir uma dimensão etérea (daí a miragem) erigida a partir de um ideal de abandono e solidão, e condensada sob a forma de um som essencialmente vaporoso e contemplativo, por oposição às combustões implosivas marcadamente mais abrasivas (“Emblem”) ou reveladoras de uma tensão latente de contornos obscuros (“Sexual Infinity”) que pautavam os seus anteriores trabalhos a solo (mas também outros dos seus projectos).
Mirage of the other insinua também no seu nome, uma procura por parte de Marcia de um lado mais introspectivo e pessoal - e perdoem-me a especulação - revelador de um “outro” que muito possivelmente será apenas a sua própria ausência, reportando-se ao tal sentimento de solidão (de carácter nostálgico) que referi anteriormente e que perpassa ao longo das três muito meditativas faixas do álbum. As duas primeiras músicas (que compõem o lado A do vinil) desenvolvem-se numa placidez de tonalidades azuis, feitas de drones densos mas delicados de guitarra e vozes submersas em reverb, quase inexistentes, próximas das visões de Liz Harris (Grouper), embora numa perspectiva mais abstracta e bem distante algo que possa ser considerado uma “canção”.
O lado B faz-se dos cerca de 20 minutos de “Incandescent Landscape”, onde o azul dominante do lado A se reveste de tons acentuadamente mais negros, uma demanda por memórias mais refundidas, que o tempo não permite discernir com clareza, restando-nos apenas a sugestão desse mesmo passado. Sem nunca ceder a crescendos desnecessariamente dramáticos, “Incandescent landscape” paira no seu próprio vazio sem nunca se decidir a poisar, sustentando-se nas suas próprias convulsões internas até que a senhora Bassett o decide dar por terminado (abruptamente) levando os seus fantasmas consigo.
Bruno SilvaAo atentarmos no nome do álbum, Mirage of the other, são-nos desde logo dadas impressões sobre o seu conteúdo, na medida em que acaba por subsistir uma dimensão etérea (daí a miragem) erigida a partir de um ideal de abandono e solidão, e condensada sob a forma de um som essencialmente vaporoso e contemplativo, por oposição às combustões implosivas marcadamente mais abrasivas (“Emblem”) ou reveladoras de uma tensão latente de contornos obscuros (“Sexual Infinity”) que pautavam os seus anteriores trabalhos a solo (mas também outros dos seus projectos).
Mirage of the other insinua também no seu nome, uma procura por parte de Marcia de um lado mais introspectivo e pessoal - e perdoem-me a especulação - revelador de um “outro” que muito possivelmente será apenas a sua própria ausência, reportando-se ao tal sentimento de solidão (de carácter nostálgico) que referi anteriormente e que perpassa ao longo das três muito meditativas faixas do álbum. As duas primeiras músicas (que compõem o lado A do vinil) desenvolvem-se numa placidez de tonalidades azuis, feitas de drones densos mas delicados de guitarra e vozes submersas em reverb, quase inexistentes, próximas das visões de Liz Harris (Grouper), embora numa perspectiva mais abstracta e bem distante algo que possa ser considerado uma “canção”.
O lado B faz-se dos cerca de 20 minutos de “Incandescent Landscape”, onde o azul dominante do lado A se reveste de tons acentuadamente mais negros, uma demanda por memórias mais refundidas, que o tempo não permite discernir com clareza, restando-nos apenas a sugestão desse mesmo passado. Sem nunca ceder a crescendos desnecessariamente dramáticos, “Incandescent landscape” paira no seu próprio vazio sem nunca se decidir a poisar, sustentando-se nas suas próprias convulsões internas até que a senhora Bassett o decide dar por terminado (abruptamente) levando os seus fantasmas consigo.
celasdeathsquad@gmail.com
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