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The Bravery
The Bravery
· 28 Jun 2005 · 08:00 ·
The Bravery
The Bravery
2005
Island
Sítios oficiais:
- The Bravery
- Island
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2005
Island
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- The Bravery
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2005
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A história já não é nova nem isenta de precedentes. Cinco amigos formam uma banda em Nova Iorque nos inícios de 2003, gera-se um burburinho à sua volta (o apoio vem da MTV, da Rolling Stone e até mesmo da Village Voice), gravam um EP e pouco tempo depois o disco de estreia. O sentido de oportunidade é o melhor possível – os tempos em que um revival ou dois vêm sempre a calhar – e as coisas passam de burburinho a confirmação. Os tiques do assim apelidado novo rock estão todos lá e há pelo menos duas ou três canções desejosas por ascender ao estatuto de single e rodarem ad eternum nas playlists das rádios mais cool do planeta. Os Bravery sabem-na toda, é o que é.
O início de “An Honest Mistake”, o primeiro tema do disco, é tão New Order, tão New Order que se recomenda vivamente uma auto-chapada ou um balde de água pela cabeça abaixo para que se acorde do improvável sonho, mas facilmente explicável déjà vu. Enquanto uns gritam “Plágio!”, há quem dance nas pistas ao som de “An Honest Mistake”, de preferência com roupas negras, tal como os Bravery. E as razões para a dança são várias: ou é o baixo saltitante, as guitarras estridentes e longínquas, os coros de vozes, os sintetizadores astutos ou tudo ao mesmo tempo. Talvez sejam as palavras: “Sometimes I forget I’m still awake / I fuck up and say these things out loud”. Talvez seja mesmo o glamour ou o contágio do electro-rock (que o digam os Killers). Ao mesmo tempo, “An Honest Mistake” acaba por estabelecer duas máximas, como que se colocando num ponto intermédio: a partir daqui, por um lado, toda e qualquer música menos interessante ou mesmo intragável será sempre pior do que “An Honest Mistake”; por outro lado, só duas canções conseguem ultrapassar esse mesmo ponto intermédio, ou seja, ficar acima de “An Honest Mistake”.
E essas duas canções são a urgente “Give In”, ou a ânsia de possuir tudo e mais alguma coisa (“All I want is evertything / Everything that I’ll ever be / Everyone that’s coming for me / Nothing happens and eveything is changed”), e a não menos premente “Unconditional”, que mesmo assim parece ser um puzzle de influências pronto a ser montado, desmontado e voltado a montar. No capítulo da voz, então, é uma fartura: ora é Bono Vox que assume as funções vocais, ora é Robert Smith que pede aos Cure um aumento nos sintetizadores. Agora as más noticias. Há que dizê-las. Em “The Ring Song”, os Bravery são uns Strokes de segunda para uma plateia sub-16 – tiques de voz incluídos. E o mesmo se poderia dizer da solarenga “Public Service Announcement”, não fossem os sintetizadores irritantes e os “uuuu” de toalha ao ombro e prancha de surf na mão. Mas os “uuuu” continuam - oh se continuam - na (como se já não bastasse) pouco máscula “Rites of Spring”: “You’re the woman who made me a man”. “Fearless” é um desafio à paciência de qualquer um e o mesmo se vai para a feita-a-martelo “Swollen Summer”, hino do rock às três pancadas.
Há que dizê-lo: os Bravery abusam. Abusam dos sintetizadores, abusam das guitarras (há neste disco um par de solos de pôr os cabelos em pé), abusam do estilo em detrimento do conteúdo e abusam da pachorra de muito boa gente. Até porque é certo e sabido que os discos não se medem aos singles, nem a um par de potenciais bons hits. Em tempo de tantos monges copistas, reciclagem e proliferação de máquinas fotocopiadoras, se os Bravery fossem um acidente de automóvel, o mais certo é que não demorasse muito até que um polícia de Nova Iorque colocasse três ou quatro faixas em redor do sucedido e soltasse um sério “não há nada para ver aqui, não há nada para ver aqui”. E teria toda a razão.
André GomesO início de “An Honest Mistake”, o primeiro tema do disco, é tão New Order, tão New Order que se recomenda vivamente uma auto-chapada ou um balde de água pela cabeça abaixo para que se acorde do improvável sonho, mas facilmente explicável déjà vu. Enquanto uns gritam “Plágio!”, há quem dance nas pistas ao som de “An Honest Mistake”, de preferência com roupas negras, tal como os Bravery. E as razões para a dança são várias: ou é o baixo saltitante, as guitarras estridentes e longínquas, os coros de vozes, os sintetizadores astutos ou tudo ao mesmo tempo. Talvez sejam as palavras: “Sometimes I forget I’m still awake / I fuck up and say these things out loud”. Talvez seja mesmo o glamour ou o contágio do electro-rock (que o digam os Killers). Ao mesmo tempo, “An Honest Mistake” acaba por estabelecer duas máximas, como que se colocando num ponto intermédio: a partir daqui, por um lado, toda e qualquer música menos interessante ou mesmo intragável será sempre pior do que “An Honest Mistake”; por outro lado, só duas canções conseguem ultrapassar esse mesmo ponto intermédio, ou seja, ficar acima de “An Honest Mistake”.
E essas duas canções são a urgente “Give In”, ou a ânsia de possuir tudo e mais alguma coisa (“All I want is evertything / Everything that I’ll ever be / Everyone that’s coming for me / Nothing happens and eveything is changed”), e a não menos premente “Unconditional”, que mesmo assim parece ser um puzzle de influências pronto a ser montado, desmontado e voltado a montar. No capítulo da voz, então, é uma fartura: ora é Bono Vox que assume as funções vocais, ora é Robert Smith que pede aos Cure um aumento nos sintetizadores. Agora as más noticias. Há que dizê-las. Em “The Ring Song”, os Bravery são uns Strokes de segunda para uma plateia sub-16 – tiques de voz incluídos. E o mesmo se poderia dizer da solarenga “Public Service Announcement”, não fossem os sintetizadores irritantes e os “uuuu” de toalha ao ombro e prancha de surf na mão. Mas os “uuuu” continuam - oh se continuam - na (como se já não bastasse) pouco máscula “Rites of Spring”: “You’re the woman who made me a man”. “Fearless” é um desafio à paciência de qualquer um e o mesmo se vai para a feita-a-martelo “Swollen Summer”, hino do rock às três pancadas.
Há que dizê-lo: os Bravery abusam. Abusam dos sintetizadores, abusam das guitarras (há neste disco um par de solos de pôr os cabelos em pé), abusam do estilo em detrimento do conteúdo e abusam da pachorra de muito boa gente. Até porque é certo e sabido que os discos não se medem aos singles, nem a um par de potenciais bons hits. Em tempo de tantos monges copistas, reciclagem e proliferação de máquinas fotocopiadoras, se os Bravery fossem um acidente de automóvel, o mais certo é que não demorasse muito até que um polícia de Nova Iorque colocasse três ou quatro faixas em redor do sucedido e soltasse um sério “não há nada para ver aqui, não há nada para ver aqui”. E teria toda a razão.
andregomes@bodyspace.net
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