DISCOS
The Sonics
This Is The Sonics
· 14 Jul 2015 · 10:31 ·

The Sonics
This Is The Sonics
2015
ReVox
This Is The Sonics
2015
ReVox

The Sonics
This Is The Sonics
2015
ReVox
This Is The Sonics
2015
ReVox
Velhos são os trapos.
Pedir respeito pelos Sonics é redundante; se há banda que é respeitada há décadas, são eles. Autores de discos maravilhosos, e históricos, como Here Are The Sonics e Boom, padrinhos de todo um punk que nasceu posteriormente à passagem do seu furacão por terras do Tio Sam e monarcas inquestionáveis e absolutos do garage rock, os Sonics deixaram no mundo um legado que por vezes temos tendência para esquecer. Dos Cramps aos Fall, de Ty Segall a King Khan, dos ácidos anos sessenta à intercomunicação do século XXI, o quinteto de Washington tem estado sempre presente, como o Satanás de "Sympathy For The Devil": pleased to meet you, hope you guess my name...
Pois agora ei-los de regresso, como se não quisessem que nos esquecêssemos deles (não era preciso - concertos como aquele na Casa da Música não se esquecem facilmente), dispostos a, uma vez mais, tirar o pó às guitarras e dar ao público aquilo que este quer: a salvação por via de uma guitarra eléctrica. E não vale a pena dizerem de forma blasé que não estão pasmados com o facto de que This Is The Sonics é o primeiro disco que os norte-americanos editam num espaço de quarenta anos, o que provavelmente deve ter batido algum recorde. E, já agora, estão também autorizados a pasmarem-se com a qualidade deste que é "apenas" o terceiro disco dos Sonics (desconte-se Introducing The Sonics, de 1967, compilação que foi renegada pela banda, e Sinderella, de 1980, em que dos membros originais apenas Gerry Roslie restava).
Não entremos neste disco com ilusões. Os Sonics não alteraram radicalmente a sua paleta de sons, nem se abriram a novas e variadas influências no campo do rock n' roll, ou mesmo fora dele. Tão pouco injectaram canções antigas de vitalidade, mesmo que a isso soe This Is The Sonics; não se trata de sangue novo mas sim do mesmo sangue de sempre, que ferve sob o fuzz e que prova que o quinteto nunca perdeu a sua força, nem quando passou a idade da reforma. Outros teriam desistido de tudo, passado o resto dos dias a recolher cheques com valores irrisórios que pudessem pagar um maço de tabaco e um copo de tinto durante uma suecada. Para os pré-punks, isso teria sido demasiado fácil; é muito mais divertido, e até mais belo, pela lição de vida que demonstra, continuar a viver como se a juventude fosse eterna.
São então estes os Sonics em 2015: uma canção de Ray Charles logo a abrir - "I Don't Need No Doctor" - que é um portento de rock n' roll clássico, completo com piano e saxofone e um volume inacreditável; elogie-se, também, o trabalho de produção de Jim Diamond, que também sabe uma coisinha ou outra sobre isto do garage rock por via da sua experiência nos Dirtbombs. "Be A Woman" traz de novo aquela guitarra demoníaca, psicadélica antes de se inventar o termo, um rastilho prestes a fazer rebentar uma bomba de grandes dimensões; "Bad Betty", a primeira das canções originais, e não versões, que por aqui se escutam - certamente não uma "Strychnine", mas não menos boa por isso. O caos prossegue ao longo de uma meia-hora que tem tanto de divertido como de perigoso, pois se um quinteto com uma média de idades a rondar os setenta anos é capaz de se entregar a desvarios destes, tenham medo, muito medo. É que eles não vieram para ensinar os mais novos, mas sim para os expulsar da escola.
Paulo CecÃlioPois agora ei-los de regresso, como se não quisessem que nos esquecêssemos deles (não era preciso - concertos como aquele na Casa da Música não se esquecem facilmente), dispostos a, uma vez mais, tirar o pó às guitarras e dar ao público aquilo que este quer: a salvação por via de uma guitarra eléctrica. E não vale a pena dizerem de forma blasé que não estão pasmados com o facto de que This Is The Sonics é o primeiro disco que os norte-americanos editam num espaço de quarenta anos, o que provavelmente deve ter batido algum recorde. E, já agora, estão também autorizados a pasmarem-se com a qualidade deste que é "apenas" o terceiro disco dos Sonics (desconte-se Introducing The Sonics, de 1967, compilação que foi renegada pela banda, e Sinderella, de 1980, em que dos membros originais apenas Gerry Roslie restava).
Não entremos neste disco com ilusões. Os Sonics não alteraram radicalmente a sua paleta de sons, nem se abriram a novas e variadas influências no campo do rock n' roll, ou mesmo fora dele. Tão pouco injectaram canções antigas de vitalidade, mesmo que a isso soe This Is The Sonics; não se trata de sangue novo mas sim do mesmo sangue de sempre, que ferve sob o fuzz e que prova que o quinteto nunca perdeu a sua força, nem quando passou a idade da reforma. Outros teriam desistido de tudo, passado o resto dos dias a recolher cheques com valores irrisórios que pudessem pagar um maço de tabaco e um copo de tinto durante uma suecada. Para os pré-punks, isso teria sido demasiado fácil; é muito mais divertido, e até mais belo, pela lição de vida que demonstra, continuar a viver como se a juventude fosse eterna.
São então estes os Sonics em 2015: uma canção de Ray Charles logo a abrir - "I Don't Need No Doctor" - que é um portento de rock n' roll clássico, completo com piano e saxofone e um volume inacreditável; elogie-se, também, o trabalho de produção de Jim Diamond, que também sabe uma coisinha ou outra sobre isto do garage rock por via da sua experiência nos Dirtbombs. "Be A Woman" traz de novo aquela guitarra demoníaca, psicadélica antes de se inventar o termo, um rastilho prestes a fazer rebentar uma bomba de grandes dimensões; "Bad Betty", a primeira das canções originais, e não versões, que por aqui se escutam - certamente não uma "Strychnine", mas não menos boa por isso. O caos prossegue ao longo de uma meia-hora que tem tanto de divertido como de perigoso, pois se um quinteto com uma média de idades a rondar os setenta anos é capaz de se entregar a desvarios destes, tenham medo, muito medo. É que eles não vieram para ensinar os mais novos, mas sim para os expulsar da escola.
pauloandrececilio@gmail.com
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