DISCOS
Christian Prommer
Drumlesson Zwei
· 28 Mai 2010 · 10:19 ·

Christian Prommer
Drumlesson Zwei
2010
!K7
Sítios oficiais:
- Christian Prommer
- !K7
Drumlesson Zwei
2010
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Drumlesson Zwei
2010
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Da Alemanhã, a segunda lição de reimaginação de clássicos da pista de dança.
O título sugere bem ao que se vem: uma lição de percussão. E é mesmo de ritmo que se trata, mesmo que num contexto lato e muito democrático. Mas nem só de camadas de ritmos em busca do delírio que Christian Prommer se preocupa neste interessante exercício de reimaginação de clássicos da pista de dança. Há acima de tudo uma tentativa tenaz de se apropriar da matéria-prima alheia, dela dispor a seu belo prazer e torná-la sua.
Drumlessons Zwei vai para lá da ideia pragmática da simples remistura. Trata-se antes de recontextualizar ou, se se preferir, metamorfosear os elementos que antes serviam a causa techno ou house e apresentá-los sob um novo desígnio compositivo. Na primeira lição, o exercício de especulação conduziu Prommer directamente ao jazz, agora assenta numa terra de ninguém onde tanto cabe a pop cósmica, o rock progressivo, o krautrock e laivos de disco e jazz.
Na sua essência, este novo exercício não varia muito do que foi apresentado há 3 anos. Na altura Prommer propôs uma sofisticada variante jazzistica para o clássico "Strings of Life" dos Rhythm is Rhythm. Uma experiência pontual que se tornou num projecto a tempo inteiro muito pelo dinamismo que conseguiu imprimir num tema que teve a sua génese nas teclas de um piano e que entretanto cresceu para se deixar sodomizar pela alma mecanizada do techno de Chicago.
O que parece também não ter mudado muito é o espírito da lição do professor Prommer – desde sempre ligado a cena electrónica alemã de 90 – cada vez mais empenhado na busca de novos horizontes artísticos na sua vida adulta; especialmente como ainda se mantém empenhado em criar alternativas novas a partir do espírito libertino rave que aprendeu a estimar quando era mais jovem.
O primeiro volume de Drumlessons não foi uma operação retumbante, mesmo perante singulares reinvenções de clássicos como "Trans Europe Express" dos Kraftwek, "Higher State Of Consciousness" de Josh Wink, "Can You Feel It" de Mr. Fingers ou "Plastic Dreams" de Jay Dee. A matéria-prima deixou-lhe espaço de manobra suficiente para uma nova roupagem, mas a falta de ousadia na transformação da matéria elementar acabou por frustrar alguns momentos.
Neste novo volume, o nível de frustração diminui consideravelmente. Existe uma nova dinâmica sonora, mais abstracta, que proporciona uma liberdade que o jazz de contornos clássicos antes não permitia de forma voluntariosa. Ao percorrer serenamente esta terra de ninguém – onde curiosamente o seu novo colaborador, Peter Kruder, também gosta ser um nómada –, Prommer gera múltiplos estados de mente que criam uma ideia lúcida de viagem também feita de múltiplas paisagens.
O uso astuto e proficiente do escopro não é inocente na lavra destas interessantes peças originalmente criadas por gente como DJ Rolando, Jean-Michel Jarre, Carl Craig, Laurent Garnier ou Kruder & Dorfmeister. Tal como o recurso a um refinado caleidoscópio sonoro só será considerado casual para quem esteja indisponível anímicamente para absorver todos os elementos estéticos – bem orgânicos – que enriquecem esta eloquente narrativa. “Acid Eiffel”, “Sleepy Hollow” ou “Jaguar (Part Two)” são os mais flagrantes exemplos dessa ideia elementar num disco (com um curioso cunho psicadélico) que não deixa de ser aprazível apesar de ocasionalmente tenta disfarçar, com o seu alinhamento, alguns momentos mais amorfos e insípidos.
Rafael SantosDrumlessons Zwei vai para lá da ideia pragmática da simples remistura. Trata-se antes de recontextualizar ou, se se preferir, metamorfosear os elementos que antes serviam a causa techno ou house e apresentá-los sob um novo desígnio compositivo. Na primeira lição, o exercício de especulação conduziu Prommer directamente ao jazz, agora assenta numa terra de ninguém onde tanto cabe a pop cósmica, o rock progressivo, o krautrock e laivos de disco e jazz.
Na sua essência, este novo exercício não varia muito do que foi apresentado há 3 anos. Na altura Prommer propôs uma sofisticada variante jazzistica para o clássico "Strings of Life" dos Rhythm is Rhythm. Uma experiência pontual que se tornou num projecto a tempo inteiro muito pelo dinamismo que conseguiu imprimir num tema que teve a sua génese nas teclas de um piano e que entretanto cresceu para se deixar sodomizar pela alma mecanizada do techno de Chicago.
O que parece também não ter mudado muito é o espírito da lição do professor Prommer – desde sempre ligado a cena electrónica alemã de 90 – cada vez mais empenhado na busca de novos horizontes artísticos na sua vida adulta; especialmente como ainda se mantém empenhado em criar alternativas novas a partir do espírito libertino rave que aprendeu a estimar quando era mais jovem.
O primeiro volume de Drumlessons não foi uma operação retumbante, mesmo perante singulares reinvenções de clássicos como "Trans Europe Express" dos Kraftwek, "Higher State Of Consciousness" de Josh Wink, "Can You Feel It" de Mr. Fingers ou "Plastic Dreams" de Jay Dee. A matéria-prima deixou-lhe espaço de manobra suficiente para uma nova roupagem, mas a falta de ousadia na transformação da matéria elementar acabou por frustrar alguns momentos.
Neste novo volume, o nível de frustração diminui consideravelmente. Existe uma nova dinâmica sonora, mais abstracta, que proporciona uma liberdade que o jazz de contornos clássicos antes não permitia de forma voluntariosa. Ao percorrer serenamente esta terra de ninguém – onde curiosamente o seu novo colaborador, Peter Kruder, também gosta ser um nómada –, Prommer gera múltiplos estados de mente que criam uma ideia lúcida de viagem também feita de múltiplas paisagens.
O uso astuto e proficiente do escopro não é inocente na lavra destas interessantes peças originalmente criadas por gente como DJ Rolando, Jean-Michel Jarre, Carl Craig, Laurent Garnier ou Kruder & Dorfmeister. Tal como o recurso a um refinado caleidoscópio sonoro só será considerado casual para quem esteja indisponível anímicamente para absorver todos os elementos estéticos – bem orgânicos – que enriquecem esta eloquente narrativa. “Acid Eiffel”, “Sleepy Hollow” ou “Jaguar (Part Two)” são os mais flagrantes exemplos dessa ideia elementar num disco (com um curioso cunho psicadélico) que não deixa de ser aprazível apesar de ocasionalmente tenta disfarçar, com o seu alinhamento, alguns momentos mais amorfos e insípidos.
r_b_santos_world@hotmail.com
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