DISCOS
Roy Montgomery
Inroads: New and collected works
· 27 Abr 2007 · 08:00 ·
Roy Montgomery
Inroads: New and collected works
2007
Rebis


Sítios oficiais:
- Rebis
Roy Montgomery
Inroads: New and collected works
2007
Rebis


Sítios oficiais:
- Rebis
A Rebis juntou esforços e reeditou 17 temas de Roy Montgomery e mostrou cinco temas bónus. Num disco duplo que vale todos os segundos.
Partir para um disco duplo tem sempre um peso especial. Além do peso extra propriamente dito do objecto há que reconhecer a audácia a quem se propõe a mostrar mais de duas horas de música de rajada. O guitarrista neozelandês Roy Montgomery (associado a nomes como Dadamah, Dissolve e Hash Jar Tempo) é um dos bravos, e a Rebis – a cada vez mais presente e assertiva editora – foi a casa que albergou a obra. Desta vez com uma razão especial. Esta obra é nem mais nem menos do que Inroads: New and collected works, que é como quem diz a reedição de dezassete temas do neozelandês com o bónus de cinco novos temas. Uma espécie de retrospectiva de momentos raros complementada com novas paisagens.

Ao primeiro disco chamaram-lhe Paved e ao segundo Unpaved, apesar de ambos serem terrenos férteis. Apesar de alguns intrusos (percussão ou ocasionais batidas), Inroads: New and collected works é um disco maioritariamente de guitarras. Guitarras solitárias, em camadas, sobrepostas, em drone, mais ou menos rock, espaciais, atmosféricas, cristalinas, repetitivas, reluzentes, próximas das ragas, com mil e um efeitos. Canções que não são canções, que estão na terra mas arranham o espaço. Este é o tipo de música hipnótica que Roy Montgomery gosta de criar. As suas peças de guitarra caminham no reino da imaterialidade. É impossível medir com rigor a influência que as paisagens neozelandeses terão tido para a criação destas peças - mas é possível fazer uma ideia.

Esta é música emocionalmente pesada, recolhida nas suas memórias. E profundamente bela. Ouça-se “London Is Swinging By His Neck (instrumental version)” no primeiro lado da compilação para se perceber o que aqui se trata. O segundo lado de Inroads: New and collected works é, ao contrário daquilo que alguém poderia pensar, igualmente interessante - e mais "violento" que o primeiro. Prolonga mais um pouco os territórios deslumbrantes criados pela guitarra do neozelandês. Permite-nos entrar por exemplo no microcosmos caótico e intenso que é "Zabriske Point (part I)" - avassalador - e na obscuridade de "Lazy Boy (treatment)". Resumindo, este é um daqueles discos duplos que devemos ter por perto. Agora que Roy Montgomery se afastou dos territórios musicais, Inroads: New and collected works é um documento importante para perceber a sua história e a sua fascinante música. Mais, este é um disco importante para perceber a história que poderia ter sido apagada pelo peso do título de “raridades”.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net

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