DISCOS
DVA / Ill Blu
Just Vybe (Soule: Power Mix) / Step 2 Funk - Bellion / Dragon Pop
· 26 Out 2010 · 12:57 ·
DVA / Ill Blu
Just Vybe (Soule: Power Mix) / Step 2 Funk - Bellion / Dragon Pop
2010
Hyperdub
Sítios oficiais:
- Hyperdub
Just Vybe (Soule: Power Mix) / Step 2 Funk - Bellion / Dragon Pop
2010
Hyperdub
Sítios oficiais:
- Hyperdub
DVA / Ill Blu
Just Vybe (Soule: Power Mix) / Step 2 Funk - Bellion / Dragon Pop
2010
Hyperdub
Sítios oficiais:
- Hyperdub
Just Vybe (Soule: Power Mix) / Step 2 Funk - Bellion / Dragon Pop
2010
Hyperdub
Sítios oficiais:
- Hyperdub
Porta estandarte do Dubstep em tangentes sobre o hedonismo dançável
Dado o esgotamento prematuro (?) do Dubstep, refém da sua própria imagética urbana de tonalidades apáticas, seria inevitável que as plataformas por onde o género se expunham viessem a remexer no seu código genético para alargar horizontes, de outro modo, estanques. A tendência até já vem a tomar as mais diversas denominações como (o óbvio) Post-dubtsep, Dubbage ou Global Bass, numa tentativa algo infrutífera de açambarcar as mais variadas movimentações sobre um plano trendy, essencialmente localizado em Inglaterra, numa curiosa aproximação à volatilidade circa 2002 de nomes como Horsepower Productions ou El-B. Todo este eixo, disperso pelos mais variados legados, e encarnado de modo pleno na táctica da Night Slugs, leva, acto contínuo, àquela que é, sem dúvida, a música mais essencial a emergir nas margens de um epicentro amplo, ainda por cartografar. A UK Funky.
Não será então, surpreendente, que a Hyperdub se viesse a descolar subtilmente da imagem de editora oficial do Dubstep mais relevante (o que nem sempre era o caso) para se fazer mais abertamente ao gajedo, que lá vai encontrado espaço por entre os dreadlocks, caps e musculatura thug (não esquecendo o papel fundador do Grime em tudo isto). Bad / 2 Bad ou mesmo "Black Sun" do Kode 9, eram já tímidas investidas num universo marcadamente mais dançável para a editora, numa estratégia que poderia ser vista como oportunista pela parte do seu dono, se encarada como uma tentativa discreta de se afiambrar, sem grande pejo, a um género fresco de ideias. Depois da edição de nomes tangentes como a Cooly G, a Hyperdub acaba, finalmente, por declarar a merecida reverência, sem se descolar dos seus princípios base. Ou seja, deixando escapar uma fatia considerável daquilo que mais interessa e que se revela num apelo digamos (por força de expressão), mais popular, aproveita-se apenas de códigos partilhados mais impenetráveis.
Em tempos recentes, viram a luz do dia duas edições alinhadas neste espectro. A primeira, vinda de um dos nomes mais sonantes enraizados firmemente no género. A segunda, uma evidência dessa seriedade que a Hyperdub tem vindo a pavimentar desde sempre.
Reconhecidos, essencialmente, pelas suas qualidades enquanto remisturadores (apesar de um clássico obscuro como a “Frontline”), numa capacidade deslumbrante de transfigurar o mais inócuo dos originais num opulento (mas nunca gratuito) exercício de maximalismo dançável (“Parachute” da Cheryl Cole, “I Feel Better” dos Hot Chip ou “One More Lie” do Craig David), deve-se aos Ill Blu alguns dos “avanços” mais prementes do género. Catalisadores de todo o potencial galvanizador de alguma Pop de contornos maleáveis, seriam uma adição estranha, mas bem vinda, ao cânone da editora londrina, não fossem “Bellion” e “Dragon Pop” apenas exercícios de estilo confinados.
Devidamente enquadradas da estética da editora, estas duas malhas podem ser encaradas como um manifesto de intenções em si próprio, distante da densidade das suas produções habituais e habitando na sua própria noção de ritmo como um fim em si mesmo. Sem o frenesim de outras produções recentes num mesmo comprimento de onda, como “XZero” de Greyman, ambas se apresentam enquanto exemplo de um minimalismo melódico e rítmico, quase inacabado na sua dimensão rarefeita.
“Bellion” não anda muito distante de uma produção instrumental vinda de 2006 (algo que os Crazy Couzins viriam a perfeccionar de modo épico em “Inflation”), assente na premissa de um ritmo vibrante mas pouco impositivo, ao qual se junta uma melodia básica de xilofone em diálogo estreito com uma linha de baixo saltitante. “Dragon Pop” segue uma via idêntica, mas descarta qualquer arquitectura sónica para se construir somente de elementos rítmicos (tarola, shakers e congas em euforia controlada).
Sem uma existência digna fora do contexto de uma mix ou DJ set, esta sua primeira edição física restringe-se apenas ao seu funcionalismo, sendo, nesse contexto, um movimento importante para a fluidez que se pretende. Apenas o militante mais aplicado se aperceberá do seu efeito. Qualquer procura de uma maior profundidade emocional ou sensitiva deparar-se-á com um vazio.
Se os Ill Blu seriam, à partida transgressores num universo de paranóia urbana, a obra do (Scratcha) DVA surge devidamente enquadrada na identidade mais dançável que a Hyperdub procura. Sendo já o seu segundo lançamento na editora, depois de Natty, reaproveita a polirritmia “aos encontrões” desta última em “Just Vybe (Soule: Power Mix)” para a dotar de um formato mais próximo daquilo que possa ser entendido como uma canção. Contando com uma prestação elástica da Fatima, contamina o groove quebrado com uma soulfullness (perdoe-se o estrangeirismo espertinho) intrigante, que se glorifica a si própria sem se deixar estupidificar pela sua própria boa onda.
Menos surpreendente, “Step 2 Funk” surge num contínuo mais austero daquilo que alguém como o Emvee tem vindo a explorar de um modo dignificante. Despida de uma linha melódica notória, vai dispondo diversos andamentos percutivos e uma nota de sintetizador ameaçadora, desviando-se continuamente de uma lógica previsível, mas incapaz de subsistir sem se cansar ao longo dos seus seis minutos. Admira-se a sua eficácia hipnótica num contexto de pista, mas, tal como no caso de Bellion / Dragon Pop, revela-se incapaz de respirar fora do aquário que a viu crescer.
Com malhas como estas a aparecerem, cada vez mais frequentemente, confortáveis fora do nicho da UK Funky, poderá estar aqui um passo necessário para uma aceitação na transversalidade natural das músicas mais dançáveis. Será pouco? Talvez, mas dada a pouca projecção física/séria daquele que é o género mais importante nascido em Inglaterra desde o Grime, são de acolher estas manobras com um um sorriso condescendente.
Bruno SilvaNão será então, surpreendente, que a Hyperdub se viesse a descolar subtilmente da imagem de editora oficial do Dubstep mais relevante (o que nem sempre era o caso) para se fazer mais abertamente ao gajedo, que lá vai encontrado espaço por entre os dreadlocks, caps e musculatura thug (não esquecendo o papel fundador do Grime em tudo isto). Bad / 2 Bad ou mesmo "Black Sun" do Kode 9, eram já tímidas investidas num universo marcadamente mais dançável para a editora, numa estratégia que poderia ser vista como oportunista pela parte do seu dono, se encarada como uma tentativa discreta de se afiambrar, sem grande pejo, a um género fresco de ideias. Depois da edição de nomes tangentes como a Cooly G, a Hyperdub acaba, finalmente, por declarar a merecida reverência, sem se descolar dos seus princípios base. Ou seja, deixando escapar uma fatia considerável daquilo que mais interessa e que se revela num apelo digamos (por força de expressão), mais popular, aproveita-se apenas de códigos partilhados mais impenetráveis.
Em tempos recentes, viram a luz do dia duas edições alinhadas neste espectro. A primeira, vinda de um dos nomes mais sonantes enraizados firmemente no género. A segunda, uma evidência dessa seriedade que a Hyperdub tem vindo a pavimentar desde sempre.
Reconhecidos, essencialmente, pelas suas qualidades enquanto remisturadores (apesar de um clássico obscuro como a “Frontline”), numa capacidade deslumbrante de transfigurar o mais inócuo dos originais num opulento (mas nunca gratuito) exercício de maximalismo dançável (“Parachute” da Cheryl Cole, “I Feel Better” dos Hot Chip ou “One More Lie” do Craig David), deve-se aos Ill Blu alguns dos “avanços” mais prementes do género. Catalisadores de todo o potencial galvanizador de alguma Pop de contornos maleáveis, seriam uma adição estranha, mas bem vinda, ao cânone da editora londrina, não fossem “Bellion” e “Dragon Pop” apenas exercícios de estilo confinados.
Devidamente enquadradas da estética da editora, estas duas malhas podem ser encaradas como um manifesto de intenções em si próprio, distante da densidade das suas produções habituais e habitando na sua própria noção de ritmo como um fim em si mesmo. Sem o frenesim de outras produções recentes num mesmo comprimento de onda, como “XZero” de Greyman, ambas se apresentam enquanto exemplo de um minimalismo melódico e rítmico, quase inacabado na sua dimensão rarefeita.
“Bellion” não anda muito distante de uma produção instrumental vinda de 2006 (algo que os Crazy Couzins viriam a perfeccionar de modo épico em “Inflation”), assente na premissa de um ritmo vibrante mas pouco impositivo, ao qual se junta uma melodia básica de xilofone em diálogo estreito com uma linha de baixo saltitante. “Dragon Pop” segue uma via idêntica, mas descarta qualquer arquitectura sónica para se construir somente de elementos rítmicos (tarola, shakers e congas em euforia controlada).
Sem uma existência digna fora do contexto de uma mix ou DJ set, esta sua primeira edição física restringe-se apenas ao seu funcionalismo, sendo, nesse contexto, um movimento importante para a fluidez que se pretende. Apenas o militante mais aplicado se aperceberá do seu efeito. Qualquer procura de uma maior profundidade emocional ou sensitiva deparar-se-á com um vazio.
Se os Ill Blu seriam, à partida transgressores num universo de paranóia urbana, a obra do (Scratcha) DVA surge devidamente enquadrada na identidade mais dançável que a Hyperdub procura. Sendo já o seu segundo lançamento na editora, depois de Natty, reaproveita a polirritmia “aos encontrões” desta última em “Just Vybe (Soule: Power Mix)” para a dotar de um formato mais próximo daquilo que possa ser entendido como uma canção. Contando com uma prestação elástica da Fatima, contamina o groove quebrado com uma soulfullness (perdoe-se o estrangeirismo espertinho) intrigante, que se glorifica a si própria sem se deixar estupidificar pela sua própria boa onda.
Menos surpreendente, “Step 2 Funk” surge num contínuo mais austero daquilo que alguém como o Emvee tem vindo a explorar de um modo dignificante. Despida de uma linha melódica notória, vai dispondo diversos andamentos percutivos e uma nota de sintetizador ameaçadora, desviando-se continuamente de uma lógica previsível, mas incapaz de subsistir sem se cansar ao longo dos seus seis minutos. Admira-se a sua eficácia hipnótica num contexto de pista, mas, tal como no caso de Bellion / Dragon Pop, revela-se incapaz de respirar fora do aquário que a viu crescer.
Com malhas como estas a aparecerem, cada vez mais frequentemente, confortáveis fora do nicho da UK Funky, poderá estar aqui um passo necessário para uma aceitação na transversalidade natural das músicas mais dançáveis. Será pouco? Talvez, mas dada a pouca projecção física/séria daquele que é o género mais importante nascido em Inglaterra desde o Grime, são de acolher estas manobras com um um sorriso condescendente.
celasdeathsquad@gmail.com
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