DISCOS
Thalia Zedek Band
Liars and Prayers
· 07 Mai 2009 · 11:43 ·
Thalia Zedek Band
Liars and Prayers
2008
Thrill Jockey / Mbari
Sítios oficiais:
- Thalia Zedek Band
- Thrill Jockey
- Mbari
Liars and Prayers
2008
Thrill Jockey / Mbari
Sítios oficiais:
- Thalia Zedek Band
- Thrill Jockey
- Mbari
Thalia Zedek Band
Liars and Prayers
2008
Thrill Jockey / Mbari
Sítios oficiais:
- Thalia Zedek Band
- Thrill Jockey
- Mbari
Liars and Prayers
2008
Thrill Jockey / Mbari
Sítios oficiais:
- Thalia Zedek Band
- Thrill Jockey
- Mbari
Em nome de uma angústia militante, que o indie conhece bem, Thalia Zedek folheia agenda politico-emocional em modo de tapete rolante.
Thalia Zedek não dispõe de um timing exacto para invocar a tristeza. Os que lhe prestam maior atenção sabem de antemão que a sua voz, calejada pelos anos, canta um pesar que dificilmente pode ser planeado ou fabricado. Assim discorre Liars and Prayers, disco assombrado e vincadamente político, que devolve Thalia Zedek - sem filtros – aos que não passam sem o registo áspero da anti-diva. Com mais vontade do que novidade, Liars and Prayers não destoa do que se pudesse esperar de Thalia Zedek, numa altura que obrigava ao espairecimento dos esqueletos mantidos no armário durante o penoso mandato de Bush. Alinhadas numa marcha de transição, eis que as canções anunciam fins (“Circa the end”) e renovações, o frio de Invernos sabáticos e sopros mais amenos (“Wind”), a mentira republicana e um gospel que apela por Obama.
Além disso, Liars and Prayers anuncia um acrescento inédito: ao quarto álbum, Thalia Zedek passa a ter Band ao lado do seu nome. Aceita-se a opção, quando a própria referiu ser incapaz de tocar sozinha estas canções - tratam-se, afinal, de temas movidos pela intensidade de uma banda empenhada em estar à altura da songwriter central. Por empenho, entenda-se um baixo que faz adivinhar punhos cerrados, um piano muito mais violentado que acariciado, a garra de uma banda de sessão honrada com o facto de tocar para alguém admirável. No que respeita à força bruta que aguça os picos instrumentais das suas canções, Liars and Prayers rema eficazmente num só sentido e chega a deixar nódoas negras (muito por força da frontalidade do produtor Andrew Schneider, habituado a esta rotina no trabalho que desenvolveu com os Cave In e Unsane, entre outros). Até aí estamos bem.
O problema de tudo isto acaba por ser essencialmente um: Thalia Zedek, a poeta que personifica a mágoa, reside demasiado estática num ilhéu formado por características intrinsecamente suas. Liars and Prayers parece às vezes colocar o nome à frente da relevância das canções. O derrape resulta em débito e, a partir daí, apetece voltar a Been Here and Gone para verificar se sempre foi assim. Não foi – o debute na Matador era bem superior. Ou seja, Zedek continua a ser Zedek, ainda que submissa ao risco de Liars and Prayers ser disco sobre um tapete rolante que não oferece muitas soluções.
Miguel ArsénioAlém disso, Liars and Prayers anuncia um acrescento inédito: ao quarto álbum, Thalia Zedek passa a ter Band ao lado do seu nome. Aceita-se a opção, quando a própria referiu ser incapaz de tocar sozinha estas canções - tratam-se, afinal, de temas movidos pela intensidade de uma banda empenhada em estar à altura da songwriter central. Por empenho, entenda-se um baixo que faz adivinhar punhos cerrados, um piano muito mais violentado que acariciado, a garra de uma banda de sessão honrada com o facto de tocar para alguém admirável. No que respeita à força bruta que aguça os picos instrumentais das suas canções, Liars and Prayers rema eficazmente num só sentido e chega a deixar nódoas negras (muito por força da frontalidade do produtor Andrew Schneider, habituado a esta rotina no trabalho que desenvolveu com os Cave In e Unsane, entre outros). Até aí estamos bem.
O problema de tudo isto acaba por ser essencialmente um: Thalia Zedek, a poeta que personifica a mágoa, reside demasiado estática num ilhéu formado por características intrinsecamente suas. Liars and Prayers parece às vezes colocar o nome à frente da relevância das canções. O derrape resulta em débito e, a partir daí, apetece voltar a Been Here and Gone para verificar se sempre foi assim. Não foi – o debute na Matador era bem superior. Ou seja, Zedek continua a ser Zedek, ainda que submissa ao risco de Liars and Prayers ser disco sobre um tapete rolante que não oferece muitas soluções.
migarsenio@yahoo.com
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