ETC.
DVD
Skinless
Skinflick
· 21 Nov 2004 · 08:00 ·
Skinless
Skinflick
2004
Relapse
Skinless
Skinflick
2004
Relapse
Não desesperem os três fãs dos Porquinhos da Ilda: o DVD pode estar na forja. A lógica da arquitectura promocional inverteu-se e, actualmente, começam-se a construir casas pelo primeiro piso. O formato que até há alguns anos coroava a carreira de nomes consagrados, passa agora a servir os propósitos de bandas-foguetão acabadinhas de sair da fábrica. Por entre "featurettes" e "easter eggs" (material oculto), podemos ter a sorte de saber que "eyeliner" os Good Charlotte andam a usar ou o tamanho do soutien de Ashlee Simpson. Skinflick deixa-nos ao corrente de duas verdades de facto relevantes: o que resulta em disco pode não encontrar compatibilidade na performance em palco e o Japão - embriagado pelo whisky Suntory - é o mais insano país a ser visitado por um ocidental.

A tradição obriga a que os documentários deste tipo examinem as raízes, as diversas mutações sofridas, o trabalho em estúdio e a paixão que conduziu a banda ao topo. Toda esta fruta assentaria bem na cesta, não fosse intercalada com depoimentos previsíveis e mensagens profundas acompanhadas por piano (a ironizar o tom). A inocuidade dos conteúdos periféricos poderia até passar despercebida se as performances captadas fossem satisfatórias. Não é isso que acontece, ou pelo menos é essa a ideia que a dúzia de músicas deixa. O que por si só é indistinto, torna-se absurdamente amorfo ao vivo. Falta aos Skinless a personalidade das referências a que seguem as passadas. Compensam a ausência de ideias com a incondicional entrega e inesgotável pulmão, mas tal não chega. Depenados os "riffs" e as frenéticas mudanças de ritmo, fica a pele nua e incaracterística de mais uma banda de metal.

Valham-nos os curiosos apetrechos que abundam em Skinflick. As versões karaoke executadas em delírio por uns obscuros e agora apadrinhados Liberated Stain chegam a ser mais apreciáveis que os originais. Serão certamente muito mais engraçadas. A certa altura ensaia-se "wrestling" com um "piledriver" e outros malabarismos mais sofisticados efectuados em pleno concerto. Com a identidade ocultada pela censura adequada(o logótipo da banda cobre os olhos das participantes), há quem se afoite a aplicar os lábios a um vibrador em troca de um poster autografado pelos Skinless (e isto sim, é descer baixo). O deboche prossegue com um "Hooker report" apresentado pelo baixista. À falta de sustento musical que satisfaça o estômago, sobra a dieta de pastilha elástica para distrair o dente. Os Skinless estão no bom caminho, mas a afirmação não mora certamente por aqui.
Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com

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