Folhear um livro da Black Dog Publishing é um prazer do início ao fim. Seria a editora certa para editar o Coffee Table Book idealizado pelo Kramer: seria todo um deleite. Uma das suas últimas edições é, felizmente, sobre o krautrock; Cosmic Rock and its legacy, superiormente editado por Nikolaos Kotsopoulos, versa sobre o fenómeno que marcou o final dos anos 60 e os anos 70 da música alemã e que pariu bandas tão essenciais como os Can, os Faust ou Amon Düül I.

Para além de perfis dos principais nomes que materializaram o krautrock, Krautrock Cosmic Rock and its Legacy explora o contexto histórico e social que deu origem a um dos períodos musicais mais férteis da história e ainda se debruça nas editoras e produtores que marcaram o género – para uma compreensão mais ampla. David Stubbs, Michel Faber, Gavin Russom e Ann Shenton são alguns dos “escritores� convidados a prestar o seu valioso testemunho.

São ao todo 31 as bandas/artistas analisados são só nas questões puramente biográficas mas também, e essa é a parte mais interessante, nas diferenças e opções estéticas que decidiram escolher para se distinguirem dos seus pares. É aconselhável claro, para os fãs hardcore, ter por perto a colecção discográfica pessoal de krautrock ou abrir uma janela do Youtube para potenciar ao máximo o grau de imersão e a riqueza da experiência que é ler este livro.

Como sempre, as edições da Black Dog Publishing dedicadas à música estão recheadas de fotografias, capas de discos, cartazes e toda a parafernália que permite entrar no fenómeno de uma forma bastante gráfica e ilustrativa – porque uma imagem às vezes vale mesmo mais do que mil palavras. Para ajudar, Krautrock Cosmic Rock and its Legacy disponibiliza ainda uma espécie de cronologia que ajuda a situar e relacionar todos os intervenientes e respectivos contributos. Uma maravilha. Absolutamente obrigatório para todos os krautrockianos e krautrock-wannabes.