ENTREVISTAS
Pedro Esteves
Um lento despertar
· 04 Mai 2012 · 14:01 ·
Como descreverias o teu trajecto até chegar a este disco de estreia?
De um certo ponto de vista, longo. Resumidamente, tudo começou às portas do ensino universitário quando fiz as primeiras canções. A partir desse momento fui sempre compondo. Compunha, mas raramente subia a palco. Só de há 3 ou 4 anos para cá é que as apresentações passaram a acontecer com alguma regularidade. Propus-me em diversas casas, maioritariamente em Lisboa salvo uma ou outra fora da zona metropolitana. O repertório foi crescendo e a dada altura desejei de forma convicta tomar a via da música e avançar com a intenção de gravar um disco. Gravei uma maquete e fui tentando chegar às editoras. Surge então, através da Orfeu, o convite para aquela que foi a minha primeira participação discográfica. Gravei um tema de Zeca Afonso para integrar o CD ReIntervenção e era simultaneamente uma homenagem ao próprio Zeca Afonso e sua obra e um novo arranque para esta histórica editora. Logo depois, a Orfeu abriu-me a oportunidade para gravar este primeiro CD que agora edito.
Sei que o tema-título deste disco foi escrito há 14 anos. O que mudou desde então na forma como vives a música?
Estou mais consciente das questões que envolvem a composição das canções. Fui desenvolvendo essa consciência num processo de esbarrar e ultrapassar os problemas e impasses que surgiam. Todavia, também posso afirmar que tal não significou nem significa que o acto de compôr seja hoje mais fácil. Antes pelo contrário, obriga-me a pensar em tantas outras coisas que de inicio não pensava. Acrescente-se a isto, a preocupação de não repetir caminhos, seja nos textos seja nos desenvolvimentos melódicos e harmónicos.
Chegado a este disco, ao momento de o conceber, como foi escrevê-lo, gravá-lo e mandá-lo cá para fora?
Não foi pensado de forma linear. Tinha temas compostos em épocas muito diferentes, por isso acabei por fazer um apanhado de todos esses momentos que foram o caminho através do qual algumas canções nasceram, passaram e sobreviveram. Reunido o repertório, seguiu-se a questão da entrada dos músicos, embarcados de primeira linha como lhes chamei, para dar a devida consistência ao trabalho. Com a boa experiência que tinha tido anteriormente na gravação do tema “A presença das formigas” para o CD ReIntervenção, voltei a chamar o Filipe Raposo e o António Quintino para formar o núcleo duro do disco. O Joaquim Teles (Quiné) viria depois a ser convidado para dar outra côr nalguns temas do alinhamento. Uma particularidade deste trabalho foi a opção de o fazer gravando em simultâneo (inclusive a voz) com o referido núcleo. Tudo isto sob a direcção musical do Filipe Raposo. Por fim, para dar nome ao disco decidi chamar-lhe Mais um dia. Foi uma escolha que fiz não só por ter sido a primeira composição, mas também por encerrar de alguma forma, e em si mesmo, as fontes de inspiração para o meu trabalho. O encarte gráfico que a Égle Bazaraité fez traduziu muito bem essa ideia.
Fala-me um pouco das parcerias deste disco. Que papel tiveram no seu desenvolvimento?
No tempo em que eu estava dedicado apenas à composição, o meu irmão Filipe, andou sempre atento ao que ia fazendo. Tinha um olhar critico sobre o que estava a compôr e sendo também ele músico, acabou por se envolver e escrever algumas canções para as quais me propôs parceria. Com a parte musical já resolvida e acabada, o desafio que agora se colocava era fazer a letra com um grau de liberdade a menos, ou seja, colocar a palavra numa estrutura musical pré-concebida. Dessa experiência partilhada escolhi dois temas: o “Pote Quebrado” e “Ao fim da noite (Eu e tu)”.
Que convidados gostarias de ter tido neste disco?
Na realidade não me preocupei com eventuais convidados para além dos músicos que estiveram envolvidos no disco e com quem tive o prazer de trabalhar e aprender, mas certamente há muita gente cujo trabalho eu admiro e com quem seria uma honra também poder partilhar caminho.
Quais foram os maiores desafios que enfrentaste neste disco?
O primeiro grande desafio talvez tenha sido o simples facto de entrar em estúdio pela primeira vez para a gravação de um disco. Depois, foi seguir o caminho de gravar em simultâneo com o núcleo de músicos. É curioso que este facto tenha tido um duplo impacto em mim. Se por um lado pesou-me a responsabilidade das coisas sairem bem a cada “ataque” aos temas, por outro houve um reforço da minha concentração aliado à confiança que estes músicos inspiram.
Que outras inspirações existem neste disco para além daquela que advém dos grandes cantautores lusófonos?
Para mim, com uma boa dose de curiosidade e atenção, todo o aspecto do quotidiano é fonte de possibilidades para me inspirar. Ali pode estar a fagulha ou a chispa inspiradora para começar a trabalhar. Depois a vontade, a insistência e perseverança como motores para levar adiante esse acto de compôr através da procura de melodias, harmonias e o desenvolvimento de histórias e letras de que me sirvo para as contar.
Qual é a sensação de lançar o disco de estreia numa editora com tanta história?
É um momento de muita alegria e uma honra poder ter tido a oportunidade de gravar por uma editora que foi casa de tanta gente cuja obra eu muito admiro.
Como é – e vai ser - a apresentação deste disco? Existem planos nesse sentido?
Nesta fase estou a passar pelas Fnac´s em formato showcase. Passei pela Fnac do Chiado e segue-se agora a Fnac de Almada a 29 de Abril. Depois, a cada concerto conto fazer a apresentação completa deste mesmo trabalho. Por agora tenho agendado para dia 11 de Maio na Escola de Música do Conservatório de Lisboa e para dia 8 de Junho no Café-Concerto do Auditório da Guarda. Em breve, espero poder anunciar outras datas. A agenda será continuamente actualizada no site http://www.pedroestevesmusica.com.
André GomesDe um certo ponto de vista, longo. Resumidamente, tudo começou às portas do ensino universitário quando fiz as primeiras canções. A partir desse momento fui sempre compondo. Compunha, mas raramente subia a palco. Só de há 3 ou 4 anos para cá é que as apresentações passaram a acontecer com alguma regularidade. Propus-me em diversas casas, maioritariamente em Lisboa salvo uma ou outra fora da zona metropolitana. O repertório foi crescendo e a dada altura desejei de forma convicta tomar a via da música e avançar com a intenção de gravar um disco. Gravei uma maquete e fui tentando chegar às editoras. Surge então, através da Orfeu, o convite para aquela que foi a minha primeira participação discográfica. Gravei um tema de Zeca Afonso para integrar o CD ReIntervenção e era simultaneamente uma homenagem ao próprio Zeca Afonso e sua obra e um novo arranque para esta histórica editora. Logo depois, a Orfeu abriu-me a oportunidade para gravar este primeiro CD que agora edito.
Sei que o tema-título deste disco foi escrito há 14 anos. O que mudou desde então na forma como vives a música?
Estou mais consciente das questões que envolvem a composição das canções. Fui desenvolvendo essa consciência num processo de esbarrar e ultrapassar os problemas e impasses que surgiam. Todavia, também posso afirmar que tal não significou nem significa que o acto de compôr seja hoje mais fácil. Antes pelo contrário, obriga-me a pensar em tantas outras coisas que de inicio não pensava. Acrescente-se a isto, a preocupação de não repetir caminhos, seja nos textos seja nos desenvolvimentos melódicos e harmónicos.
© Égle Bazaraité |
Chegado a este disco, ao momento de o conceber, como foi escrevê-lo, gravá-lo e mandá-lo cá para fora?
Não foi pensado de forma linear. Tinha temas compostos em épocas muito diferentes, por isso acabei por fazer um apanhado de todos esses momentos que foram o caminho através do qual algumas canções nasceram, passaram e sobreviveram. Reunido o repertório, seguiu-se a questão da entrada dos músicos, embarcados de primeira linha como lhes chamei, para dar a devida consistência ao trabalho. Com a boa experiência que tinha tido anteriormente na gravação do tema “A presença das formigas” para o CD ReIntervenção, voltei a chamar o Filipe Raposo e o António Quintino para formar o núcleo duro do disco. O Joaquim Teles (Quiné) viria depois a ser convidado para dar outra côr nalguns temas do alinhamento. Uma particularidade deste trabalho foi a opção de o fazer gravando em simultâneo (inclusive a voz) com o referido núcleo. Tudo isto sob a direcção musical do Filipe Raposo. Por fim, para dar nome ao disco decidi chamar-lhe Mais um dia. Foi uma escolha que fiz não só por ter sido a primeira composição, mas também por encerrar de alguma forma, e em si mesmo, as fontes de inspiração para o meu trabalho. O encarte gráfico que a Égle Bazaraité fez traduziu muito bem essa ideia.
© Égle Bazaraité |
Fala-me um pouco das parcerias deste disco. Que papel tiveram no seu desenvolvimento?
No tempo em que eu estava dedicado apenas à composição, o meu irmão Filipe, andou sempre atento ao que ia fazendo. Tinha um olhar critico sobre o que estava a compôr e sendo também ele músico, acabou por se envolver e escrever algumas canções para as quais me propôs parceria. Com a parte musical já resolvida e acabada, o desafio que agora se colocava era fazer a letra com um grau de liberdade a menos, ou seja, colocar a palavra numa estrutura musical pré-concebida. Dessa experiência partilhada escolhi dois temas: o “Pote Quebrado” e “Ao fim da noite (Eu e tu)”.
Que convidados gostarias de ter tido neste disco?
Na realidade não me preocupei com eventuais convidados para além dos músicos que estiveram envolvidos no disco e com quem tive o prazer de trabalhar e aprender, mas certamente há muita gente cujo trabalho eu admiro e com quem seria uma honra também poder partilhar caminho.
Quais foram os maiores desafios que enfrentaste neste disco?
O primeiro grande desafio talvez tenha sido o simples facto de entrar em estúdio pela primeira vez para a gravação de um disco. Depois, foi seguir o caminho de gravar em simultâneo com o núcleo de músicos. É curioso que este facto tenha tido um duplo impacto em mim. Se por um lado pesou-me a responsabilidade das coisas sairem bem a cada “ataque” aos temas, por outro houve um reforço da minha concentração aliado à confiança que estes músicos inspiram.
© Égle Bazaraité |
Que outras inspirações existem neste disco para além daquela que advém dos grandes cantautores lusófonos?
Para mim, com uma boa dose de curiosidade e atenção, todo o aspecto do quotidiano é fonte de possibilidades para me inspirar. Ali pode estar a fagulha ou a chispa inspiradora para começar a trabalhar. Depois a vontade, a insistência e perseverança como motores para levar adiante esse acto de compôr através da procura de melodias, harmonias e o desenvolvimento de histórias e letras de que me sirvo para as contar.
Qual é a sensação de lançar o disco de estreia numa editora com tanta história?
É um momento de muita alegria e uma honra poder ter tido a oportunidade de gravar por uma editora que foi casa de tanta gente cuja obra eu muito admiro.
Como é – e vai ser - a apresentação deste disco? Existem planos nesse sentido?
Nesta fase estou a passar pelas Fnac´s em formato showcase. Passei pela Fnac do Chiado e segue-se agora a Fnac de Almada a 29 de Abril. Depois, a cada concerto conto fazer a apresentação completa deste mesmo trabalho. Por agora tenho agendado para dia 11 de Maio na Escola de Música do Conservatório de Lisboa e para dia 8 de Junho no Café-Concerto do Auditório da Guarda. Em breve, espero poder anunciar outras datas. A agenda será continuamente actualizada no site http://www.pedroestevesmusica.com.
andregomes@bodyspace.net
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