ENTREVISTAS
Alla Polacca
A hora da verdade
· 01 Dez 2008 · 19:33 ·
© Leonel Sousa
Entre o vosso primeiro trabalho, o split Old & Alla, e We're Metal And Fire In The Pliers Of Time, o álbum de estreia, a distância é de cerca de sete anos, e desde a vossa formação já passaram quase 10 anos. Porque é que demoraram tanto tempo a chegar ao primeiro longa-duração?
Na verdade, tivemos alturas em que as várias alterações na formação implicaram uma óbvia reestruturação dos temas que estavam a ser desenvolvidos, o que nos levou por várias vezes à estaca zero. Desde sempre a nossa música foi muito volátil, fizemos muitas alterações, tanto nos alinhamentos, como na estrutura das músicas em si, o que levou a que muito do material tivesse ido directamente para o lixo. Ao contrário do que temos lido em alguns textos, não consideramos o We´re Metal And Fire ... o álbum de estreia, mas sim o Why not You?, editado em 2003 juntamente com os Stowaways.
O disco foi gravado em Novembro de 2007 e levou cerca de um ano a ver a luz do dia. A pergunta é quase igual à anterior: o que motivou este intervalo algo prolongado?
O intervalo deve-se ao processo de edição de um disco, desde a edição do áudio, passando pela mistura, overdubs, masterização e artworks, que envolveu o trabalho de muitas pessoas até se chegar ao objecto físico em si.
Sentem que estes hiatos vos fizeram perder algumas oportunidades, ou mesmo o espírito do tempo? Se me permitem associar-vos ao rótulo pós-rock, pode dizer-se que, em 2001, este era um género que ainda estava na “mó de cima”, e agora nem por isso…
Na minha perspectiva não perdemos nada de especial. Se calhar, tivemos alturas de maior exposição, o que não nos fez alterar um milímetro do que achávamos que estaria correcto em cada situação. Não fazemos música com o objectivo de procurar o que está na mó de cima ou o raio…
O rótulo pós-rock chateia-vos?
Nunca pensamos a música dessa forma, mas se alguém quiser utilizar esse rótulo ninguém vai ficar chateado e todos gostamos de algumas bandas consideradas pós-rock.
Os altos e baixos rítmicos e de intensidade são uma das características da vossa música…
Em determinada altura, começamos a ver as músicas como um desafio, aumentando sempre o grau de complexidade, a nível da composição. Não duma forma exageradamente técnica, mas duma forma em que se torne inesperada e pop.
Foi o Francisco Silva (ou, dito de outro modo, Old Jerusalem) que escreveu as letras deste disco. Como é que articularam o trabalho? Ele entregou-vos os versos e afastou-se completamente do processo de os “encaixar” nas melodias ou esteve presente em alguns momentos?
Foi uma experiência curiosa, visto que este disco esteve perto de ser instrumental. Mas como tínhamos vários elementos vocais, linhas de orientação, alguém teve a ideia de convidar o Francisco a escrever as letras em tempo recorde, como se de um desafio se tratasse. Depois de receber as demos com melodias definidas, ele ajudou-nos a encaixar as palavras nos sítios certos.
O lirismo desencantado do Francisco Silva está presente no disco, tal como no projecto Old Jerusalem. Pensaram sempre que a escrita dele se encaixaria bem no vosso trabalho?
O trabalho que o Francisco desenvolveu foi uma boa surpresa para nós, uma vez que nunca esperamos que ele escrevesse algo do género.
Não sei se há mais bandas a fazê-lo, mas como surgiu a oportunidade de gravar no Passos Manuel? Há algo de interessante sobre as sessões, relacionado com o ambiente da sala, que queiram contar?
Inicialmente, o disco era para ser gravado num estúdio, mas a Bor Land sugeriu essa possibilidade, que aceitámos. É uma sala de que gostamos, com boa acústica, e onde tínhamos realizado alguns concertos, e a ideia era que a gravação fosse próxima de um concerto ao vivo. Estivemos sete dias, à luz de candeeiros, muitas vezes a bater o dente, e aumentamos o número de “tascas” que conhecemos nesses dias. Aproveitamos para agradecer ao Passos Manuel e à GDA [Cooperativa de Gestão dos Direitos dos Artistas intérpretes ou Executantes], que nos apoiaram nesta edição.
Qual é o vosso objectivo para os próximos meses? Mostrar o novo “rebento” pelo país fora?
O nosso objectivo é, além de mostrar o novo disco um pouco por todo o país, experimentar novos temas que já estão a ser desenvolvidos, mantendo sempre o espírito de mudança que nos dá alento. Está também prevista a colaboração com novos músicos nos próximos tempos.
A entrada e a saída de músicos da banda tem sido algo quase constante. Acham que daqui a 10 anos ainda vamos ouvir falar dos Alla Polacca?
Creio que temos neste momento uma formação sólida, o que nos dá espaço para experimentarmos mais opções no futuro...
João Pedro BarrosNa verdade, tivemos alturas em que as várias alterações na formação implicaram uma óbvia reestruturação dos temas que estavam a ser desenvolvidos, o que nos levou por várias vezes à estaca zero. Desde sempre a nossa música foi muito volátil, fizemos muitas alterações, tanto nos alinhamentos, como na estrutura das músicas em si, o que levou a que muito do material tivesse ido directamente para o lixo. Ao contrário do que temos lido em alguns textos, não consideramos o We´re Metal And Fire ... o álbum de estreia, mas sim o Why not You?, editado em 2003 juntamente com os Stowaways.
O disco foi gravado em Novembro de 2007 e levou cerca de um ano a ver a luz do dia. A pergunta é quase igual à anterior: o que motivou este intervalo algo prolongado?
O intervalo deve-se ao processo de edição de um disco, desde a edição do áudio, passando pela mistura, overdubs, masterização e artworks, que envolveu o trabalho de muitas pessoas até se chegar ao objecto físico em si.
Sentem que estes hiatos vos fizeram perder algumas oportunidades, ou mesmo o espírito do tempo? Se me permitem associar-vos ao rótulo pós-rock, pode dizer-se que, em 2001, este era um género que ainda estava na “mó de cima”, e agora nem por isso…
Na minha perspectiva não perdemos nada de especial. Se calhar, tivemos alturas de maior exposição, o que não nos fez alterar um milímetro do que achávamos que estaria correcto em cada situação. Não fazemos música com o objectivo de procurar o que está na mó de cima ou o raio…
O rótulo pós-rock chateia-vos?
Nunca pensamos a música dessa forma, mas se alguém quiser utilizar esse rótulo ninguém vai ficar chateado e todos gostamos de algumas bandas consideradas pós-rock.
Os altos e baixos rítmicos e de intensidade são uma das características da vossa música…
Em determinada altura, começamos a ver as músicas como um desafio, aumentando sempre o grau de complexidade, a nível da composição. Não duma forma exageradamente técnica, mas duma forma em que se torne inesperada e pop.
© Leonel Sousa |
Foi o Francisco Silva (ou, dito de outro modo, Old Jerusalem) que escreveu as letras deste disco. Como é que articularam o trabalho? Ele entregou-vos os versos e afastou-se completamente do processo de os “encaixar” nas melodias ou esteve presente em alguns momentos?
Foi uma experiência curiosa, visto que este disco esteve perto de ser instrumental. Mas como tínhamos vários elementos vocais, linhas de orientação, alguém teve a ideia de convidar o Francisco a escrever as letras em tempo recorde, como se de um desafio se tratasse. Depois de receber as demos com melodias definidas, ele ajudou-nos a encaixar as palavras nos sítios certos.
O lirismo desencantado do Francisco Silva está presente no disco, tal como no projecto Old Jerusalem. Pensaram sempre que a escrita dele se encaixaria bem no vosso trabalho?
O trabalho que o Francisco desenvolveu foi uma boa surpresa para nós, uma vez que nunca esperamos que ele escrevesse algo do género.
Não sei se há mais bandas a fazê-lo, mas como surgiu a oportunidade de gravar no Passos Manuel? Há algo de interessante sobre as sessões, relacionado com o ambiente da sala, que queiram contar?
Inicialmente, o disco era para ser gravado num estúdio, mas a Bor Land sugeriu essa possibilidade, que aceitámos. É uma sala de que gostamos, com boa acústica, e onde tínhamos realizado alguns concertos, e a ideia era que a gravação fosse próxima de um concerto ao vivo. Estivemos sete dias, à luz de candeeiros, muitas vezes a bater o dente, e aumentamos o número de “tascas” que conhecemos nesses dias. Aproveitamos para agradecer ao Passos Manuel e à GDA [Cooperativa de Gestão dos Direitos dos Artistas intérpretes ou Executantes], que nos apoiaram nesta edição.
Qual é o vosso objectivo para os próximos meses? Mostrar o novo “rebento” pelo país fora?
O nosso objectivo é, além de mostrar o novo disco um pouco por todo o país, experimentar novos temas que já estão a ser desenvolvidos, mantendo sempre o espírito de mudança que nos dá alento. Está também prevista a colaboração com novos músicos nos próximos tempos.
A entrada e a saída de músicos da banda tem sido algo quase constante. Acham que daqui a 10 anos ainda vamos ouvir falar dos Alla Polacca?
Creio que temos neste momento uma formação sólida, o que nos dá espaço para experimentarmos mais opções no futuro...
joaopedrobarros@bodyspace.net
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