ENTREVISTAS
Maritime
Davey von Bohlen e Dan Didier apresentam-se
· 17 Mai 2004 · 08:00 ·
Davey von Bohlen e Dan Didier, respectivamente vocalista/guitarrista e baterista dos extintos Promise Ring, juntaram-se a Eric Axelson, baixista dos também desaparecidos Dismemberment Plan. Formaram os Maritime, que juram não ter nada a ver com as bandas antigas, se bem que as comparações (especialmente aos Promise Ring) sejam inevitáveis. Adios EP é o EP de estreia deste trio de Milwaukee, e o primeiro disco, prestes a sair, dá o mote para a entrevista com estes veteranos da música alternativa/independente norte-americana.
Vocês já passaram a barreira dos trinta anos, quase cresceram a tocar nas vossas bandas anteriores. Como é que sentem que a música que faziam quando tinham vinte e tal anos se transformou na música que fazem agora?

Dan Didier - Eu acho que há uma grande diferença na maneira como encarava as canções quando tinha vinte anos, e agora. Francamente, apenas sei mais. É difícil viver dez ou mais anos e não aprender algo novo durante esse tempo. Cometemos muitos erros nos Promise Ring e aprendemos com eles; ainda estamos a aprender.

Vêem-se a tocar daqui a vinte, trinta ou quarenta anos?

DD - Essa é uma pergunta óptima, que me perguntam sempre e a que nunca sei bem responder. É difícil dizer durante quanto tempo andarei a tocar porque há outras coisas na minha vida que eu gostaria de explorar, mas sinto que o meu coração está definitivamente virado para fazer música agora.

É curioso que o vosso primeiro EP se chame "Adios", a palavra espanhola para "adeus". Porque é que isto aconteceu?

Davey von Bohlen - É provável que tenha sido porque a primeira canção no EP tem esse nome, mas também tem piada chamar ao nosso primeiro lançamento "adeus".

Davey, tocaste nos Cap'n Jazz antes de entrares para os Promise Ring. Ainda que os Promise Ring sejam muito influentes, como é que foi tocar com essa banda em particular (especialmente lendária por causa da sua brevidade)?

DVB - Foi muito estranho estar nessa banda, porque tinha eu tinha anos, muito pouco talento na altura, e a mistura de pessoas era muito ecléctica. É verdade que só estive na banda durante menos de dois anos, mas acho que eles duraram realmente seis ou sete anos.

A sério? Fica-se sempre com a ideia de que eles duraram muito menos tempo que isso. Aprendeste muito com eles?

DVB - Bem, eles tinham 14-16 anos na altura em que lançavam singles de 7 polegadas, e com essa idade não se anda muito por aí a tocar. As pessoas só começaram a aperceber-se deles quando eles estavam mesmo quase a acabar. Penso que aprendi muito, especialmente pelo facto de eles serem escritores de canções muito interessantes e de o fazerem duma maneira muito estranha.
O baixo do Eric soava mais estranho nos Plan, e nos Maritime soa mais moderado, mas ainda algo bizarro. Como é que se lida com bandas com sonoridades e estilos diferentes?

EA - De facto, tive de fazer uma pequena pesquisa quando o Davey e o Dan me mandaram as músicas para trabalhar. Tentei o meu estilo dissonante/em contra-tempo normal, e soou terrivelmente. Acho que a minha reacção inicial foi tornar as canções mais estranhas, mas depressa me apercebi de que era uma má ideia. Por isso ouvi alguns discos dos Housemartins e dos Smiths e mais música pop britânica que tinha o tipo de baixo que estas canções pediam. Acho que qualquer bizarrice que saia do baixo agora vem de este estar mais ocupado do que talvez em canções antigas dos Promise Ring, mas nunca é dissonante ou em contra-tempo.

Obviamente e mesmo apesar de vocês serem uma banda nova, é natural que sejam comparados às vossas bandas antigas. Isso afecta-vos? Tentam estar à altura delas?

DVB - Não podes deixar que isso te afecte. Só é possível fazeres a melhor música que consegues, limitando a tua vontade na canção e não te meteres na vida dela. Isso já é demasiado trabalhoso.

Sendo uma nova banda, como é que foram recebidos na cena?
EA - Tenho a certeza de que fãs de ambas as bandas anteriores vão ficar um bocado desiludidos ao princípio, mas acho que eles vão gostar daquilo que ouvirem quando descobrirem que não somos os Ring parte II ou os Plan parte II. Mas até aqui parece que a maior parte das pessoas que vão as concertos estão excitadas pela mistura de sons. O próximo álbum está a andar mais depressa do que pensava. Ainda só há cinco canções completas, mas estarei em Milwaukee agora em Maio para escrever mais, e estamos a mandar mp3s para a frente e para trás, por isso penso que teremos uma colecção montada lá para o fim do Verão.

Como é que é trabalhar com o J. Robbins (ex-Jawbox)?

DD - O J. é impressionante. Quando o Davey e eu primeiro pensámos em quem havia de gravar o disco, eu pensei logo no J., porque já tínhamos trabalhado antes com ele e queríamos alguém com quem nos sentíssemos confortáveis a ver, sendo esta uma banda completamente nova. Pessoalmente queria que as gravações corressem da forma mais suave possível e não há ninguém mais suave que o J..

Vocês ajeitam-se como uma formação de três pessoas ao vivo ou precisam de ajuda adicional (p. ex. uma guitarra extra, metais, teclados)?

DD - De momento estamos a escrever todas as canções como uma banda de três membros e a dar concertos como uma banda de cinco membros. É uma situação estranha ter de contratar pessoas para levar tocar ao vivo connosco.

O que é que eles tocam?

DD - Bem, para esta nova leva de concertos estamos a usar o nosso amigo Mike de Montreal. Ele tem uma banda impressionante chamada Snailhouse e por isso vai abrir os concertos e depois tocar guitarra para nós. Também estamos a usar outro canadiano para tocar teclados. O Jeremy Gara toca bateria nos Snailhouse, mas vai tocar teclas para nós.

O que é que vão fazer a seguir?

DD - Bem, logo que o disco saia vamos em <i>tournée</i> durante a maior parte do Verão e do Outono. Estamos agora a escrever canções para o próximo disco, por isso quando estivermos em casa vamos tratar disso. Vamos tocar ao vivo o máximo que pudermos após o lançamento do disco neste mês de Maio.

Em que editora vai sair?

Vai sair na DeSoto Records.
Rodrigo Nogueira
rodrigo.nogueira@bodyspace.net

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