Davey von Bohlen e Dan Didier, respectivamente vocalista/guitarrista e baterista dos extintos Promise Ring, juntaram-se a Eric Axelson, baixista dos também desaparecidos Dismemberment Plan. Formaram os Maritime, que juram não ter nada a ver com as bandas antigas, se bem que as comparações (especialmente aos Promise Ring) sejam inevitáveis.
Adios EP é o EP de estreia deste trio de Milwaukee, e o primeiro disco, prestes a sair, dá o mote para a entrevista com estes veteranos da música alternativa/independente norte-americana.
Vocês já passaram a barreira dos trinta anos,
quase cresceram a tocar nas vossas bandas anteriores. Como é que sentem
que a música que faziam quando tinham vinte e tal anos se transformou
na música que fazem agora?
Dan Didier - Eu acho que há uma grande diferença na maneira como
encarava as canções quando tinha vinte anos, e agora. Francamente,
apenas sei mais. É difícil viver dez ou mais anos e não
aprender algo novo durante esse tempo. Cometemos muitos erros nos Promise Ring
e aprendemos com eles; ainda estamos a aprender.
Vêem-se
a tocar daqui a vinte, trinta ou quarenta anos?
DD
- Essa é uma pergunta óptima, que me perguntam sempre e a que
nunca sei bem responder. É difícil dizer durante quanto tempo
andarei a tocar porque há outras coisas na minha vida que eu gostaria
de explorar, mas sinto que o meu coração está definitivamente
virado para fazer música agora.
É
curioso que o vosso primeiro EP se chame "Adios", a palavra espanhola
para "adeus". Porque é que isto aconteceu?
Davey
von Bohlen - É provável que tenha sido porque a primeira canção
no EP tem esse nome, mas também tem piada chamar ao nosso primeiro lançamento
"adeus".
Davey,
tocaste nos Cap'n Jazz antes de entrares para os Promise Ring. Ainda que os
Promise Ring sejam muito influentes, como é que foi tocar com essa banda
em particular (especialmente lendária por causa da sua brevidade)?
DVB
- Foi muito estranho estar nessa banda, porque tinha eu tinha anos, muito pouco
talento na altura, e a mistura de pessoas era muito ecléctica. É
verdade que só estive na banda durante menos de dois anos, mas acho que
eles duraram realmente seis ou sete anos.
A
sério? Fica-se sempre com a ideia de que eles duraram muito menos tempo
que isso. Aprendeste muito com eles?
DVB
- Bem, eles tinham 14-16 anos na altura em que lançavam singles de 7
polegadas, e com essa idade não se anda muito por aí a tocar.
As pessoas só começaram a aperceber-se deles quando eles estavam
mesmo quase a acabar. Penso que aprendi muito, especialmente pelo facto de eles
serem escritores de canções muito interessantes e de o fazerem
duma maneira muito estranha.
O baixo do Eric soava mais estranho nos Plan, e nos Maritime soa mais moderado,
mas ainda algo bizarro. Como é que se lida com bandas com sonoridades
e estilos diferentes?
EA
- De facto, tive de fazer uma pequena pesquisa quando o Davey e o Dan me mandaram
as músicas para trabalhar. Tentei o meu estilo dissonante/em contra-tempo
normal, e soou terrivelmente. Acho que a minha reacção inicial
foi tornar as canções mais estranhas, mas depressa me apercebi
de que era uma má ideia. Por isso ouvi alguns discos dos Housemartins
e dos Smiths e mais música pop britânica que tinha o tipo de baixo
que estas canções pediam. Acho que qualquer bizarrice que saia
do baixo agora vem de este estar mais ocupado do que talvez em canções
antigas dos Promise Ring, mas nunca é dissonante ou em contra-tempo.
Obviamente
e mesmo apesar de vocês serem uma banda nova, é natural que sejam
comparados às vossas bandas antigas. Isso afecta-vos? Tentam estar à
altura delas?
DVB
- Não podes deixar que isso te afecte. Só é possível
fazeres a melhor música que consegues, limitando a tua vontade na canção
e não te meteres na vida dela. Isso já é demasiado trabalhoso.
Sendo
uma nova banda, como é que foram recebidos na cena?
EA
- Tenho a certeza de que fãs de ambas as bandas anteriores vão
ficar um bocado desiludidos ao princípio, mas acho que eles vão
gostar daquilo que ouvirem quando descobrirem que não somos os Ring parte
II ou os Plan parte II. Mas até aqui parece que a maior parte das pessoas
que vão as concertos estão excitadas pela mistura de sons. O próximo
álbum está a andar mais depressa do que pensava. Ainda só
há cinco canções completas, mas estarei em Milwaukee agora
em Maio para escrever mais, e estamos a mandar mp3s para a frente e para trás,
por isso penso que teremos uma colecção montada lá para
o fim do Verão.
Como
é que é trabalhar com o J. Robbins (ex-Jawbox)?
DD
- O J. é impressionante. Quando o Davey e eu primeiro pensámos
em quem havia de gravar o disco, eu pensei logo no J., porque já tínhamos
trabalhado antes com ele e queríamos alguém com quem nos sentíssemos
confortáveis a ver, sendo esta uma banda completamente nova. Pessoalmente
queria que as gravações corressem da forma mais suave possível
e não há ninguém mais suave que o J..
Vocês
ajeitam-se como uma formação de três pessoas ao vivo ou
precisam de ajuda adicional (p. ex. uma guitarra extra, metais, teclados)?
DD
- De momento estamos a escrever todas as canções como uma banda
de três membros e a dar concertos como uma banda de cinco membros. É
uma situação estranha ter de contratar pessoas para levar tocar
ao vivo connosco.
O que é que eles tocam?
DD
- Bem, para esta nova leva de concertos estamos a usar o nosso amigo Mike de
Montreal. Ele tem uma banda impressionante chamada Snailhouse e por isso vai
abrir os concertos e depois tocar guitarra para nós. Também estamos
a usar outro canadiano para tocar teclados. O Jeremy Gara toca bateria nos Snailhouse,
mas vai tocar teclas para nós.
O
que é que vão fazer a seguir?
DD
- Bem, logo que o disco saia vamos em <i>tournée</i> durante
a maior parte do Verão e do Outono. Estamos agora a escrever canções
para o próximo disco, por isso quando estivermos em casa vamos tratar
disso. Vamos tocar ao vivo o máximo que pudermos após o lançamento
do disco neste mês de Maio.
Em
que editora vai sair?
Vai
sair na DeSoto Records.