DISCOS
Trans Am
Sex Change
· 19 Abr 2007 · 08:00 ·
Trans Am
Sex Change
2007
Thrill Jockey / Dwitza


Sítios oficiais:
- Trans Am
- Thrill Jockey
Trans Am
Sex Change
2007
Thrill Jockey / Dwitza


Sítios oficiais:
- Trans Am
- Thrill Jockey
Mergulhar num novo disco dos Trans Am é como entrar num labirinto: entrar parece fácil mas nunca sabemos como sair.
Nunca se sabe o que esperar de um novo disco dos Trans Am. Essa imagem de constante mudança que lhes reconhecemos é aqui alimentada por um título que reforça ainda mais essa ideia – Sex Change - e por uma capa que pouco parece revelar em relação ao que de musical acontece no álbum. Excêntricos por natureza, os Trans Am gostam de se reinventar e rumar a novos caminhos - está no sangue deles. Apesar de não ser uma mudança tão extrema como aquelas que se mostram em Extreme Makeover (o programa de televisão da moda em muitos países), Sex Change é salto suficiente para se afirmar que este é um novo capitulo na carreira dos Trans Am.

De facto este é um disco que acontece depois dos Trans Am, na sequência do lançamento de Liberation terem abandonado Washington para emigrarem para três continentes distintos: Nathan Means foi para Auckland na Nova Zelândia, Phil Manley foi para São Francisco e Sebastian Thomson dividiu-se entre Londres e Nova Iorque. Durante alguns tempos o contacto foi apenas electrónico, com a excepção de alguns concertos. Por aquilo que é possível escutar em Sex Change a distância fez bem aos Trans Am. A extravagância de temas como “First Woods” e “North East Rising Sun” (cheia de efeitos especiais e vozes vindas do céu) é cativante. Isto não pode ser descrito de outra forma: trata-se de rock de sintetizadores para excêntricos. A robótica “Obscene of the Gods” é confirmação da regra.

No meio de tanto fulgor e excentricidade, a simplicidade dos primeiros dois minutos de “4,738 Regrets” mostra-se deveras apreciável. Tamanha doçura acaba por quase por causar confusão. A fase mais contida, mais acústica até, continua com a belíssima “Reprieve”. Mas logo a seguir, e até ao fim, os Trans Am mergulham em riffs de peso considerável e em andamentos galopantes. A explosiva e fabulosa “Tasco v. Sainsbury” é resistência à mudança de sexo liderada por percussão irada e melodias pouco pacientes.

Na recta final do disco os Trans Am quase arranham o metal, sensação confirmada com o heavy riff de “Shinning Path”, apenas acalmado por algumas ondas melódicas e por algum protagonismo da percussão. Calma aparente porque o final é apoteótico. O mesmo para “Triangular Pyramid” que vem cheia de doçuras acústicas mas depois explode em riffs corpulentos. Previsibilidade é coisa que se procura evitar aqui. Nem que para isso sejam necessários riffs que devem aos Black Sabbath. Disco feito de surpresas, Sex Change não se limita nunca a dar um passo em frente; fá-lo com a classe e distinção a que os Trans Am nos habituaram.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net

Parceiros