Podia até o alto (se bem que desgastado) pedigree dos músicos aqui envolvidos obrigar a que fosse mais suave o veneno que normalmente se reserva para a pretensão do novo (rock) prog(ressivo), mas há algo de profundamente irritante em Trumpery Metier que reclama gritantemente por uma sova como aquela que um dia o colega Hélder Gomes aplicou ao disco dos Sax Shop (e que, ao que dizem as más línguas, ajudou à desintegração da banda alguns meses depois).

Sem que me afecte qualquer necessidade maquiavélica de maldizer (e amaldiçoar) estes Crime in Choir, projecto paralelo que dá largas ao deboche gente tão respeitável como Tim Soete (Fucking Champs) ou Kenny Hopper e Jarrett Wrenn (ex-membros dos At the Drive-in), não há mesmo seriedade que resista quando confrontado com um pretenso colosso de rock progressivo de subúrbio, pretexto de conveniência para limpar a poeira aos discos de King Crimson nos intervalos de duelos de Magic, the Gathering.

Pior, escasseia paciência para um disco que conta com nove faixas que parecem antes vinte sete – apontadas à profunda náusea que provoca ter de escutar durante um eternidade os sintetizadores e teclados decalcados aos discos de Tangerine Dream ou Gentle Giant, intercalados pelo convívio indesejável com guitarras incumbidas de continua vassalagem à exibição de virtuosismo enlatado. Trumpery Metier é um daqueles desastres a que só se salva mesmo os membros que optaram por não integrar este terceiro capítulo que podia bem nem ter existido.