DISCOS
Drowsy
Snow on Moss on Stone
· 05 Jun 2006 · 08:00 ·
Drowsy
Snow on Moss on Stone
2006
Fat Cat / Flur


Sítios oficiais:
- Fat Cat
- Flur
Drowsy
Snow on Moss on Stone
2006
Fat Cat / Flur


Sítios oficiais:
- Fat Cat
- Flur
Da Finlândia tem chegado parte da “música de quarto” (chamemos-lhe assim) mais interessante feita em solo europeu. Mauri Heikkinen, o rapaz de 23 anos que assina como Drowsy, é um desses artistas, mas não se enquadra na propalada comunidade psych onde figuram vultos como Es, Islaja ou Kiila. É folk mas daquela que não viu ponta de agente psicotrópico no processo de feitura nem avança por caminhos desconhecidos - tem os pés fixados na canção e todos os desvios são calculados e doseados.

Se na estreia Growing Green, a voz chegava a fazer lembrar Shane MacGowan (Pogues), em Snow On Moss On Stone, novamente com selo Fat Cat, Mauri já não tenta puxar o catarro. De igual forma, o novo disco é um esforço uno e lógico, mais natural e, arriscamos dizer, sincero. Tem pés e cabeça e não é uma simples colecção de canções como é comum com algumas estreias.

“Hues” é canção à Iron & Wine - guitarra acústica dedilhada, cada palavra dita como um suspiro de quem vê a passagem do tempo à sua frente, cada som um pezinho de lã. Da mesma forma, a drakeiana “Go well” é música para ouvir de cobertor nos pés no Inverno - há “perlimpimpins” de xilofone sem pretensões a agraciar a simplicidade do conjunto.

São, contudo, as poucas faixas mais inquietas que guardam os melhores momentos. “When it’ll be snowing” é onde Mauri arrisca mais ir à pop: guitarra eléctrica em rendilhados de aprendiz, bateria mínima a desenhar escaladas discretas e um refrão que é quase só o título do tema a dialogar com as guitarras. “Treehouse” é igualmente folk/pop gloriosamente frágil, coisa que o finlandês, se for esperto, enviará para as conterrâneas jeitosas.

É pena que outros temas não mantenham o nível. “Off You Go All Authors” junta duas notas de órgão a ar em círculos e Mauri a aspirar ao lugar de Jeff Mangum nos Neutral Milk Hotel - tarefa impossível, pois claro. Em “Plangent suite” há um piano solitário e uma paisagem sonora entediante e “Good old odd gold” é igualmente triste e chata. Como acontece com alguns tímidos, é quando Mauri ultrapassa os limites que criou para o seu cancioneiro que nascem coisas boas.

“Snow On Moss On Stone” corre o risco de ser rapidamente esquecido, face à criatividade que tem marcado a folk actual. Mas é um passo importante para fazer de Drowsy algo mais que um simpático (e em momentos francamente bom) artista folk.
Pedro Rios
pedrosantosrios@gmail.com

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