DISCOS
V/A
Trainspotting
· 15 Out 2002 · 08:00 ·
V/A
Trainspotting
1996
Capitol Records


Sítios oficiais:
- Capitol Records
V/A
Trainspotting
1996
Capitol Records


Sítios oficiais:
- Capitol Records
“Trainspotting” é o grande momento da obra de Danny Boyle, e um dos filmes mais representativos da cultura pop de 90. A banda sonora só dignifica o filme e não foi portanto de estranhar que em pouco tempo esta se tornasse um objecto de culto.

O filme coloca-nos perante seis figuras da Escócia, mas que podíamos encontrar em qualquer outra parte do mundo. A adaptação do romance de Irvine Welsh por parte de Boyle realça portanto, apesar de toda a carga ficcional, uma ideia de retratos possíveis de vidas em finais de 90. A banda sonora que acompanha o filme serve exemplarmente as imagens, e ajuda em muito no realçar de cenas que acabam até por dar sentidos às músicas que delas não teríamos a princípio. Lembramos Lou Reed com o seu “Perfect Day”, que acompanha a ressaca do personagem principal, lembramos a cena inicial da fuga da polícia ao som de Iggy Pop com

”Lust For Life”. Como estes, muitos mais poderíamos arranjar. Trainspotting é por isso apoiado por um suporte musical soberbo que muito vinca a narrativa e os quadro visuais, brilhantemente.

E é entre o tipo espertalhão que se safa sempre e o tipo que bate primeiro e não fala depois, que nos damos conta de uma série de mensagens que a música muito ajuda a transmitir. A ideia real que não é necessária uma droga para fazer um dependente (apesar de o filme estar cheio dela), ideais sociais vistos por quem está do lado de fora, e que têm por isso um ponto de visto tanto ou quanto mais real e verdadeira.

O facto de o filme seguir sempre com um ritmo forte e usar frequentes recursos dos videoclips, faz com que a música assuma um papel ainda mais importante. As escolhas para a banda sonora foram eclécticas e diversificadas e podemos encontrar um pouco de tudo. Canções entre o alternativo e o techno, entre coisas antigas e coisas recentes, entre artistas consagrados e artistas emergentes. Desde os mais conhecidos Iggy Pop e Lou Reed, passando por algumas bandas rock “alternativas” como Blur, Pulp, Elastica, até ao clássico "Temptation" dos New Order e ao tema-chave da obra dos Underground, “Born Slippy”. Está aqui tudo, para todos, mas com músicas de primeira água que só fazem do filme um objecto melhor. Por tudo isso esta banda sonora deveria ser usada como um modelo (entre outros) de como se faz música para imagens de forma exemplar. E não como o CD que é feito para vender e contém 3 músicas do filme, sendo preenchido depois com material que interessa publicitar.
Tiago Gonçalves
tgoncalves@bodyspace.net

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