DISCOS
Bert Jansch
The Black Swan
· 23 Jan 2007 · 08:00 ·

Bert Jansch
The Black Swan
2006
Sanctuary / Dwitza
Sítios oficiais:
- Bert Jansch
- Sanctuary
The Black Swan
2006
Sanctuary / Dwitza
Sítios oficiais:
- Bert Jansch
- Sanctuary

Bert Jansch
The Black Swan
2006
Sanctuary / Dwitza
Sítios oficiais:
- Bert Jansch
- Sanctuary
The Black Swan
2006
Sanctuary / Dwitza
Sítios oficiais:
- Bert Jansch
- Sanctuary
Bert Jansch assina um maravilhoso disco de canções. Com convidados de luxo: Devendra Banhart e amigos, e Beth Orton.
Neil Young chamou-lhe em tempos o “Hendrix da acústica. Bert Jansch é um dos nomes que mais contribuiu para o som da folk dos dias de hoje, especialmente no que à guitarra diz respeito. The Black Swan é um disco de guitarras mas também um disco de vozes; de vozes fortes e presentes: do próprio Bert Jansch, de Devendra Banhart, de Beth Orton. Há também Otto Hauser dos Vetiver e Espers na percussão, Dave Roback (Mazzy Star), e o próprio filho de Bert Jansch, Adam, no rol de convidados. Entre outros. Poder-se-á dizer então que Bert Jansch está bem acompanhado neste disco, mas mais até: conta com o produtor Noah Georgeson, conhecido pelo trabalho com Joanna Newsom em The Milk-Eyed Mender e Devendra Banhart em Cripple Crow. O booklet do disco atesta bem o grupo que se formou para este disco.
Começa a ser algo natural esta nova vaga de folk mais ou menos freak (comandada por Devendra Banhart) juntar-se a nomes consagrados (ou nem por isso) e com história na folk de outros tempos, como aconteceu com Vashti Bunyan, para assisti-los nos seus labores. O caso não será o mesmo porque Bert Jansch nunca esteve ausente mas certo será dizer que este é um dos discos com mais relevância assinados por si nos últimos anos. Começa logo bem este The Black Swan precisamente com “The Black Swan”, a abrir com uma guitarra esplendorosa e com o violoncelo de Helena Espvall e a receber a voz de Bert Jansch: “Travelling on Space Highway One / Three long years to this day”, ou o reforço do peso do tempo. “High Days” é mais um exemplo da técnica irrepreensível de Bert Jansch na guitarra: sozinho, na voz e na guitarra, levanta memórias e fala da perda de um amigo.
A luminosa e cheia “When the Sun Comes up” serve antes de mais para refrescar a voz de Beth Orton – que bem que aqui parece. A slide guitar dá-lhe dose extra de americanidade por entre as melodias variáveis. Mas Beth Orton volta a aparecer no disco para emprestar a sua voz duas vezes mais: na sombria “Katie Cruel”, onde faz dupla com Devendra Banhart, e em “Watch the stars”, onde faz dupla com Bert Jansch, canção que este último costumava cantar com a sua namorada quando tinha dezasseis anos. Este é portanto um disco íntimo e pessoal, um documento próprio (mas transmissível) que Bert Jansch decidiu partilhar com alguns amigos.
Apesar de simples, a percussão de Otto Hauser acaba por se demonstrar ao longo do disco como um elemento essencial para a diversificação do disco. The Black Swan é um disco de Bert Jansch mas acima de tudo um disco de toda esta gente, de momentos, de pormenores. É um disco onde não pode ser esquecida a slide guitar de Paul Wassif em "A Woman Like You", por exemplo. É impossível ignorar o questionamento religioso de Bert Jansch em “Bring your religion”, a dúvida politica e de guerra em “Texas Cowboy blues” – é difícil não reparar na canção nova, “Hey pretty girl”, a fechar o livro, onde Bert Jansch volta a estar sozinho com a sua voz e a sua guitarra. Não há como negá-lo. The Black Swan é mais um reforço da afirmação da sua importância para a música folk. Não é apenas mais um disco, é um disco com peso e profundidade, um disco enorme e de profunda sabedoria. E outra coisa não seria de esperar de Bert Jansch.
André GomesComeça a ser algo natural esta nova vaga de folk mais ou menos freak (comandada por Devendra Banhart) juntar-se a nomes consagrados (ou nem por isso) e com história na folk de outros tempos, como aconteceu com Vashti Bunyan, para assisti-los nos seus labores. O caso não será o mesmo porque Bert Jansch nunca esteve ausente mas certo será dizer que este é um dos discos com mais relevância assinados por si nos últimos anos. Começa logo bem este The Black Swan precisamente com “The Black Swan”, a abrir com uma guitarra esplendorosa e com o violoncelo de Helena Espvall e a receber a voz de Bert Jansch: “Travelling on Space Highway One / Three long years to this day”, ou o reforço do peso do tempo. “High Days” é mais um exemplo da técnica irrepreensível de Bert Jansch na guitarra: sozinho, na voz e na guitarra, levanta memórias e fala da perda de um amigo.
A luminosa e cheia “When the Sun Comes up” serve antes de mais para refrescar a voz de Beth Orton – que bem que aqui parece. A slide guitar dá-lhe dose extra de americanidade por entre as melodias variáveis. Mas Beth Orton volta a aparecer no disco para emprestar a sua voz duas vezes mais: na sombria “Katie Cruel”, onde faz dupla com Devendra Banhart, e em “Watch the stars”, onde faz dupla com Bert Jansch, canção que este último costumava cantar com a sua namorada quando tinha dezasseis anos. Este é portanto um disco íntimo e pessoal, um documento próprio (mas transmissível) que Bert Jansch decidiu partilhar com alguns amigos.
Apesar de simples, a percussão de Otto Hauser acaba por se demonstrar ao longo do disco como um elemento essencial para a diversificação do disco. The Black Swan é um disco de Bert Jansch mas acima de tudo um disco de toda esta gente, de momentos, de pormenores. É um disco onde não pode ser esquecida a slide guitar de Paul Wassif em "A Woman Like You", por exemplo. É impossível ignorar o questionamento religioso de Bert Jansch em “Bring your religion”, a dúvida politica e de guerra em “Texas Cowboy blues” – é difícil não reparar na canção nova, “Hey pretty girl”, a fechar o livro, onde Bert Jansch volta a estar sozinho com a sua voz e a sua guitarra. Não há como negá-lo. The Black Swan é mais um reforço da afirmação da sua importância para a música folk. Não é apenas mais um disco, é um disco com peso e profundidade, um disco enorme e de profunda sabedoria. E outra coisa não seria de esperar de Bert Jansch.
andregomes@bodyspace.net
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