DISCOS
Jazzfinger
Autumn Engines
· 17 Jan 2007 · 08:00 ·
Jazzfinger
Autumn Engines
2006
Rebis
Sítios oficiais:
- Rebis
Autumn Engines
2006
Rebis
Sítios oficiais:
- Rebis
Jazzfinger
Autumn Engines
2006
Rebis
Sítios oficiais:
- Rebis
Autumn Engines
2006
Rebis
Sítios oficiais:
- Rebis
Duelo entre uma certa calma e uma certa violência. Jazzfinger e a editora Rebis em óptimo momento de forma.
Num canto temos o Outono representado pelas folhas que caem. No outro aquilo que parecem ser motores. Desvendado que está o título do disco na sua relação com a capa, urge desmascarar quem se esconde por detrás do epíteto Jazzfinger. Eles são Ben Jones e Hasan Gaylani (ex membros dos Hototogisu e Sunroof), aqui com o auxílio de Ben Wilkinson e Sarah Sullivan e surgem com epicentro em Newscastle, no Reino Unido. Nos últimos tempos têm vindo a lançar o máximo de música que podem, exploram muito resumidamente uma arrojada amálgama de noise e drones e utilizam para isso aquilo de que dispõem e aquilo que não dispõem – não raras vezes recorrem a gravações que trazem para as teias sonoras que criam. Tudo feito de uma forma tão orgânica e lo fi que se torna quase impossível distinguir o produzido do reproduzido. E isto é um elogio.
Autumn Engines, número 9 da Rebis, é um puzzle intrincado de invulgares e belas peças. Algumas partes poderão parecer disformes e feias, mas no final, depois de tudo montado, a imagem além de lógica é prazenteira. Aquilo que no final se vê é sem tirar nem por aquilo que a caixa mostra – o improvável encontro do belo e do malparecido e o sucesso desse mesmo encontro. Neste solo nasce a electrónica rasteira, linhas de órgão hipnotizantes, trilhos de uma melódica que rasga o horizonte, frequências fugidias. Ao todo é mais de uma hora de paisagens extraordinárias.
Da beleza inquebrável, taciturna e quase dócil de “Touch nothing never nowhere” para a agressividade desumana de “Room” o passo é tão gigante que nos deixa sem solo para pisar. Esta ultima constrói-se de drones de baixo asfixiantes e traça linhas flutuantes que deixam poucas hipóteses a quem chega a este disco a confiar num kit de sobrevivência. Propositadamente ou não, “Careful with that door Eugene” quase recupera o mistério de algumas gravações iniciais dos Pink Floyd, num tema que se faz essencialmente de uma guitarra. Este é outro dos raros momentos de beleza directa deste disco.
Em “There are four arms enfolding you and these bells are the air” é altura de retirar drones de violinos e de vê-los atrair a luminosidade para um local encoberto. Nos últimos dois temas, “City of peace at night” e “Memory of the day”, ambos com a duração a chegar quase aos 10 minutos cada, os Jazzfinger acordam definitivamente a besta e misturam tudo à força de demonstração de intentos. No caso concreto de “Memory of the Day” explora-se um quase espiritualismo caótico e muito pouco pacifico – vozes femininas a atirar ao místico convivem lado a lado com ruído maquinal e alienante. A confrontação de situações e ambientes, com intuito de lançar a confusão e desordem, parece ser um dos trunfos em que Autumn Engines mais aposta. E com sucesso.
André GomesAutumn Engines, número 9 da Rebis, é um puzzle intrincado de invulgares e belas peças. Algumas partes poderão parecer disformes e feias, mas no final, depois de tudo montado, a imagem além de lógica é prazenteira. Aquilo que no final se vê é sem tirar nem por aquilo que a caixa mostra – o improvável encontro do belo e do malparecido e o sucesso desse mesmo encontro. Neste solo nasce a electrónica rasteira, linhas de órgão hipnotizantes, trilhos de uma melódica que rasga o horizonte, frequências fugidias. Ao todo é mais de uma hora de paisagens extraordinárias.
Da beleza inquebrável, taciturna e quase dócil de “Touch nothing never nowhere” para a agressividade desumana de “Room” o passo é tão gigante que nos deixa sem solo para pisar. Esta ultima constrói-se de drones de baixo asfixiantes e traça linhas flutuantes que deixam poucas hipóteses a quem chega a este disco a confiar num kit de sobrevivência. Propositadamente ou não, “Careful with that door Eugene” quase recupera o mistério de algumas gravações iniciais dos Pink Floyd, num tema que se faz essencialmente de uma guitarra. Este é outro dos raros momentos de beleza directa deste disco.
Em “There are four arms enfolding you and these bells are the air” é altura de retirar drones de violinos e de vê-los atrair a luminosidade para um local encoberto. Nos últimos dois temas, “City of peace at night” e “Memory of the day”, ambos com a duração a chegar quase aos 10 minutos cada, os Jazzfinger acordam definitivamente a besta e misturam tudo à força de demonstração de intentos. No caso concreto de “Memory of the Day” explora-se um quase espiritualismo caótico e muito pouco pacifico – vozes femininas a atirar ao místico convivem lado a lado com ruído maquinal e alienante. A confrontação de situações e ambientes, com intuito de lançar a confusão e desordem, parece ser um dos trunfos em que Autumn Engines mais aposta. E com sucesso.
andregomes@bodyspace.net
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