DISCOS
My Brightest Diamond
Bring me the Workhorse
· 11 Dez 2006 · 08:00 ·
My Brightest Diamond
Bring me the Workhorse
2006
Asthmatic Kitty


Sítios oficiais:
- Asthmatic Kitty
My Brightest Diamond
Bring me the Workhorse
2006
Asthmatic Kitty


Sítios oficiais:
- Asthmatic Kitty
Bring me the Workhorse é tudo aquilo que a sua capa parece indicar: um disco negro e forte, por vezes uma força da natureza.
A capa de Bring me the Workhorse antecipa quase totalmente aquilo que podemos encontrar no disco propriamente dito. Shara Worden, a mulher por detrás do epíteto My Brightest Diamond, acaricia gentilmente um cavalo numa inquietante mistura de doçura com o selvagem. A sua história é igualmente curiosa: neta de um devoto da Epiphone, e filha de um campeão nacional de acordeão e de uma organista de igreja. Mas não fica por aqui. Cresceu então a ouvir tango, gospel, música clássica e jazz e aos três já estava a gravar a sua primeira canção. Três anos depois estava a estudar piano, a actuar em produções musicais da comunidade e a cantar no coro da igreja. E assim se explica, pelo menos, a sua voz: teatral, quase operática, com personalidade, forte.

Voltamos a pegar na sua vida para a deixar de novo em 2005, altura em que começa a trabalhar em dois discos. Um de canções acompanhadas por um quarteto de cordas (A Thousand Shark’s Teeth) e um disco rock (com Earl Harvin na bateria, Chris Bruce no baixo e, num dos temas, o seu pai, no acordeão) intitulado Bring me the Workhorse. A guitarra é assumida pela própria Shara Worden, a Gibson onde escreveu os temas que aqui se apresentam. Tantas experiências marcantes tinham necessariamente de resultar num disco de sensações fortes (seja lá o que isso for).

“Something of na End” é ao mesmo tempo a melhor forma de começar Bring me the Workhorse e indubitavelmente o melhor tema que Shara Worden aqui consegue. Isso não faz de Bring me the Workhorse um mau disco, mas sim de “Something of na End” uma canção com uma força incrível, selvática e indomável. Algo parecido a uma força da natureza que não pode ser controlada apesar dos esforços. Tendo em conta a força que daqui advém ninguém diria que esta canção é sobre (ou baseada em) um telefonema. Na voz e nas guitarras, “Something of na End” lembra PJ Harvey. Em “Golden Star” o destaque terá de ir para as cordas e a percussão que acomodam a voz de Shara Worden e lhe permitem devaneios vocais.

“Gone Away”, no seu balanço entre a escuridão e a vida com alguma luz, faz lembrar Portishead (especialmente na voz, aqui sofrida e dolente), com o bónus belíssimo do acordeão; “Freak Out” é um ataque descontrolado, quase punk, musicalmente falando. E por estas alturas já será por demais óbvio que Bring me the Workhorse é um disco maioritariamente negro, pesado. “Magic Rabbit”, mais para o fim, confirma-o e funciona como um bom resumo daquilo que se passa no disco: rock ferido com vozes distintas, cordas e encenações épicas. Com ocasionais raios de luz.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net
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