A história da improvisação europeia seria outra se não tivesse existido um inglês chamado Keith Rowe. Desde que se dedicou à música no início dos anos ’60 o guitarrista experimental foi fundamental para a definição do curso da improvisação inglesa, ao impor novas linguagens, pela inclusão de uma nova série de técnicas. Quer no grupo mutante AMM (ao lado de Éddie Prévost, Lou Gare, Cornelius Cardew, entre outros) ou posteriormente em vários trabalhos em nome individual ou em colaborações diversas, Rowe foi expandindo concepções inovadoras. Também ele um artista plástico, Rowe trabalhou na associação entre música e pintura, transcrevendo em pauta as pinturas de Paul Klee.

Em Dezembro de 2004 Keith Rowe organizou uma emissão de rádio que nada teve de banal: quem tentasse sintonizar o sinal da rádio Jet FM (Saint-Heblain, França) dificilmente ouviria uma emissão normal, mas o zumbido de quando se tenta sintonizar uma estação. A improvável transmissão foi dedicada a Jon Abbey e Yuko Zama, que se casavam nos Estados unidos à hora a que a transmissão era emitida. Esta primeira faixa “November� foi um trabalho solo de Rowe, unicamente a experimentar e transformar ondas sonoras.

Depois de um minuto de silêncio (faixa 2), a terceira faixa volta à experimentação sobre possibilidades sonoras do rádio. Este terceiro tema, “Quebec�, é uma reformulação do primeiro tema, agora revisto por Julien Ottavi, Will Guthrie e Manu Leduc, constituindo assim um “Quarteto Radiofónico�. Apesar de existir deste 2000, este é apenas a segunda edição, depois de um primeiro lançamento homónimo na Fibrr. Confirmando a aptidão para as artes plásticas, evidente em múltiplas capas de discos AMM, o artwork desta edição da portuense Esquilo é também da responsabilidade de Keith Rowe. Como se observássemos a exploração de um universo invisível, este trabalho de (N:Q) quebra fronteiras e concepções, num encontro entre a austeridade (do resultado) e o radicalismo (da proposta).