DISCOS
Miss Violetta Beauregarde
Odi Profanum Vulgus Et Arceo
· 13 Set 2006 · 08:00 ·
Miss Violetta Beauregarde
Odi Profanum Vulgus Et Arceo
2006
Temporary Residence
Sítios oficiais:
- Miss Violetta Beauregarde
- Temporary Residence
Odi Profanum Vulgus Et Arceo
2006
Temporary Residence
Sítios oficiais:
- Miss Violetta Beauregarde
- Temporary Residence
Miss Violetta Beauregarde
Odi Profanum Vulgus Et Arceo
2006
Temporary Residence
Sítios oficiais:
- Miss Violetta Beauregarde
- Temporary Residence
Odi Profanum Vulgus Et Arceo
2006
Temporary Residence
Sítios oficiais:
- Miss Violetta Beauregarde
- Temporary Residence
Electro tempestivo e pós-apocalíptico possui argumentos suficientes para cilindrar os débeis ossos que sobram à moribunda variante electro-clash.
Aos poucos, a geração espiritualmente apadrinhada pelo Júlio Isidro e Vera Roquette vai sendo privada de grande parte das memórias ligeiras acumuladas durante tenra idade - como, por exemplo, o genérico dos Amigos de Gaspar ou os temas publicitários dedicados às Bombocas e aos chocolates que ganharam tronco e membros, para de comboio irem até ao circo. Refiro-me mais especificamente a estes últimos, que, por esta altura, já custa a crer que tivessem chegado inteiros ao seu destino indeterminado. Não há palhaço ou coelhinho de chocolate que possa ter sobrevivido ileso às mutações que sofreu o electro durante os últimos 20 anos: fundiu géneros sob a batuta de Bambaataa, equivocou-se em miscelânea com algum lixo Euro Dance, ganhou franja e aspecto descartável em matrimónio com o clash e actualmente serve como arsenal para contestar lideres mundiais, quando conhece os usos digitais mais abrasivos e subterraneamente hostis. Perdoem-me os fiéis, mas não chegaria toda a força capilar da Peaches para amortecer o impacto grind n’ bass da anomalia em decomposição “I can’t believe, hedgehogs have a bone inside their cock”. Nem sequer é obrigatório as duas terem de medir forças (até porque competem em ligas ligeiramente diferentes), mas Miss Violetta Beauregarde - a protagonista da resenha - fez por surgir em cena como a patife que não se podia estar mais a cagar para o ethos indie e, além disso, pouco se importa se a carne que come no restaurante chinês é de cão ou de gato. Em certas circunstâncias escasseia às suas armadilhas alguma imaginação, mas a miúda tem atitude.
É sobre essa aparatosa atitude que recaem as suspeitas de que terão sido realmente os animais peludos que comanda Miss Violetta, na capa do seu segundo disco, a devorar as figuras que nunca chegaram a conhecer a oportunidade de presenciar de perto os malabarismos e contorcionismos circenses. Nesse caso, é de prioritário interesse conhecer a composição da ração que Violetta dá como alimento a esses personagens de fábula herética. Em doses generosas e anabolizantes, escorregam pela goela, electro laminado a partir do hardcore digital germânico (a origem helvética de Violetta explica o resto), berraria incisiva e beats molotov convertidos em tóxico derrame pós-apocalíptico; enfim, grind-hop, se for tomada à risca a definição avançada em press-release. Efectivamente, este parece ser um electro que se cansou mesmo de ser sexy (ou, então, inventou uma forma muito mais obtusa de sê-lo). Muito mais assumidamente, será uma miscelânea corrosiva que se percorre como o Manual da Riot-Grrrl do novo milénio com aspirações a Una-Bomber - daí que se sinta em casa na Temporary Residence, que alberga outros profetas de negrume como é o caso dos nipónicos Envy ou Mono. Também Miss Violetta Beauregarde poderia provir do Japão, pois nem se encontra Odi Profanum Vulgus et Arceo muito distante do disco que lançariam umas Cibo Matto convertidas ao Satanismo. A diferença incidirá no facto das últimas terem levado uma carreira que dependia em demasia das amizades influentes, enquanto que Miss Violleta parece apostada em fazer os possíveis para não se aliar a ninguém.
Pela calosidade que provoca incomodativamente no lóbulo mais franzino, Odi Profanum Vulgus Et Arceo pode até gabar-se de cumprir – às vezes, em excesso - os requisitos necessários para ser tomado como um majestoso manguito figurativo apontado ao electro praticado por conveniência ou usufruído como comodidade fashion. Não inflige os danos pretendidos a cada dardo disparado, mas dispõe de químicos suficientes para embalsamar as memórias queridas de infância e petrificar de susto as Chicks on Speed e derivados que um dia destes possam vir a actuar na discoteca Coconuts.
Miguel ArsénioÉ sobre essa aparatosa atitude que recaem as suspeitas de que terão sido realmente os animais peludos que comanda Miss Violetta, na capa do seu segundo disco, a devorar as figuras que nunca chegaram a conhecer a oportunidade de presenciar de perto os malabarismos e contorcionismos circenses. Nesse caso, é de prioritário interesse conhecer a composição da ração que Violetta dá como alimento a esses personagens de fábula herética. Em doses generosas e anabolizantes, escorregam pela goela, electro laminado a partir do hardcore digital germânico (a origem helvética de Violetta explica o resto), berraria incisiva e beats molotov convertidos em tóxico derrame pós-apocalíptico; enfim, grind-hop, se for tomada à risca a definição avançada em press-release. Efectivamente, este parece ser um electro que se cansou mesmo de ser sexy (ou, então, inventou uma forma muito mais obtusa de sê-lo). Muito mais assumidamente, será uma miscelânea corrosiva que se percorre como o Manual da Riot-Grrrl do novo milénio com aspirações a Una-Bomber - daí que se sinta em casa na Temporary Residence, que alberga outros profetas de negrume como é o caso dos nipónicos Envy ou Mono. Também Miss Violetta Beauregarde poderia provir do Japão, pois nem se encontra Odi Profanum Vulgus et Arceo muito distante do disco que lançariam umas Cibo Matto convertidas ao Satanismo. A diferença incidirá no facto das últimas terem levado uma carreira que dependia em demasia das amizades influentes, enquanto que Miss Violleta parece apostada em fazer os possíveis para não se aliar a ninguém.
Pela calosidade que provoca incomodativamente no lóbulo mais franzino, Odi Profanum Vulgus Et Arceo pode até gabar-se de cumprir – às vezes, em excesso - os requisitos necessários para ser tomado como um majestoso manguito figurativo apontado ao electro praticado por conveniência ou usufruído como comodidade fashion. Não inflige os danos pretendidos a cada dardo disparado, mas dispõe de químicos suficientes para embalsamar as memórias queridas de infância e petrificar de susto as Chicks on Speed e derivados que um dia destes possam vir a actuar na discoteca Coconuts.
migarsenio@yahoo.com
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